Gigante,
Seb se esquivou dos erros no asfalto úmido e na traiçoeira curva 16 para voltar a sorrir. O segundo lugar talvez valha tanto ou até mais do que uma vitória porque representa o reencontro de Vettel consigo mesmo, o reencontro com um bom resultado e com uma boa performance na F1. O Sebastian Vettel dos velhos tempos estava lá, no pódio, diante de uma torcida apaixonada que tanto anseia por vê-lo novamente viver seus melhores dias no esporte.
Sebastian Vettel revive seus melhores dias com reação épica em Hockenheim (Foto: Ferrari)
Desde quando Seb encontrou a barreira de proteção no momento em que liderava o chuvoso GP da Alemanha do ano passado, parece que o mundo desabou sobre si de uma forma tão brutal que o piloto não foi capaz de reagir desde então. É possível lembrar um grande momento neste período, que foi a vitória no GP da Bélgica há quase um ano. Só que o triunfo em Spa-Francorchamps se perdeu em meio a uma série de erros protagonizados pelo tetracampeão.
Veio 2019 e, com os testes de pré-temporada, o florescer da esperança dos tifosi. Com novo chefão — Mattia Binotto no lugar de Maurizio Arrivabene —, um carro aparentemente bem-nascido e a bela performance no inverno em Barcelona, parecia que a má fase de Vettel e o jejum de títulos da Ferrari estariam com os dias contados.
Mas na hora em que a briga foi pra valer, ali na pista, a Mercedes mostrou uma superioridade até um tanto surpreendente que parece ter desconcertado a Ferrari. Mesmo sendo a dona do maior orçamento da F1 e dotada de grandes profissionais, a equipe se perdeu desde o GP da Austrália em meio a equivocadas ordens de equipe e estratégias que se mostraram um verdadeiro desastre. Vettel, que carrega toda a pressão para ser o homem capaz de levar a Ferrari de volta aos títulos, foi quem mais sentiu a pressão, ainda mais depois de ver o recém-chegado Charles Leclerc esbanjando confiança crescente e boas atuações.
22 de julho de 2018: começava ali o inferno astral de Vettel na F1 (Foto: Twitter)
Vettel, é bom lembrar, só terminou à frente de Leclerc em Melbourne por desejo da Ferrari. Mas no Bahrein, o jovem monegasco foi irresistível, conquistou a pole-position e partiu para uma vitória que se desenhava como certa até que o motor o deixou na mão. Na esteira do revés de Charles, Vettel até poderia ter tirado proveito e levado o triunfo, mas sucumbiu frente a mais um erro na disputa com Lewis Hamilton, que subiu no topo do pódio em Sakhir.
Decepcionado com a F1 e talvez consigo mesmo, Vettel passou a ter seu futuro como alvo de questionamentos no paddock. Muitos ali se questionaram sobre a vontade do tetracampeão em continuar no esporte, mesmo com contrato em vigor com a Ferrari em 2020. Aposentadoria?
O próprio piloto chegou a afirmar, em algumas vezes, que gosta da F1 e que a motivação ainda está lá.
Sebastian Vettel e a imagem da frustração após mais um problema no ano (Foto: Reprodução)
Só que a má fase continuava a pleno vapor. Vettel teve um fim de semana ruim na França e até que foi razoável na Áustria depois de ter sofrido um problema que o tirou do Q3 no treino classificatório. Em Silverstone, novo desastre com a batida durante a disputa por posição com Max Verstappen. O holandês até continuou na prova, enquanto Vettel sequer terminou nos pontos.
A chegada ao ponto onde tudo começou a dar errado foi emblemática. Vettel tinha tudo para lutar pela pole-position com Leclerc depois de a Ferrari ter se mostrado como a grande força após os treinos livres em Hockenheim. Veio a classificação e, com ela, uma catástrofe vermelha. Seb nem sequer completou volta rápida no Q1. Em último lugar no grid, apenas uma corrida louca poderia mudar sua sorte.
Com a bênção de São Pedro e dos deuses do esporte, a chuva que deu as caras domingo em Hockenheim foi determinante para promover uma das mais incríveis corridas dos últimos tempos e ajudou Vettel a se reencontrar. Nessas coincidências deliciosas que fazem o esporte ser grandioso e épico muitas vezes, Seb teve a chance de voltar a brilhar na mesma Hockenheim chuvosa que pouco mais de um ano atrás lhe tirou o sorriso.
Pouco mais de um ano depois, Sebastian Vettel volta a sorrir em Hockenheim (Foto: AFP)
O que vem aí, claro, é só o futuro que vai dizer. Futuro que nem vai levar tanto tempo assim, já que a próxima corrida da F1 é logo ali, neste fim de semana, na Hungria — onde a Ferrari costuma andar bem. E se “você é tão bom quanto sua última corrida”, diz o ditado, Seb acelera em Budapeste como um dos favoritos. Ele, a Ferrari e o mundo do esporte torcem para que o Vettel versão Hockenheim 2019 permaneça e continue brilhando por muitos anos ainda na F1.
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