Alonso sacode grid em acordo surpresa com Aston Martin e prova que é feito para F1

Fernando Alonso viveu um início de temporada decepcionante, mas se recuperou e exibiu a bela forma de sempre ao fim da primeira parte da temporada. Combativo, o espanhol sabe como tirar tudo de um carro. Mas é fora das pistas que o bicampeão brilha e, uma vez mais, provou que ainda tem muita lenha para queimar na Fórmula 1

Fernando Alonso é um incansável. Aos 41 anos, o espanhol segue tão combativo quanto na época em tentava um lugar ao sol na Fórmula 1. Mais que isso, o bicampeão sabe como ninguém se colocar nas manchetes em um ar de insubstituível. Tanto que Fernando não deseja parar tão cedo, e o acordo recém-assinado com a Aston Martin é mais uma prova disso. A Alpine não foi capaz de dar o que ele queria, então foi fazer a própria sorte em outra parte, sem antes causar um reboliço no grid.  

Ainda que tenha idealizado todo um plano para se firmar na equipe francesa por mais tempo, a indecisão do time comandado por Otmar Szafnauer acabou por minar a paciência de Alonso. Entende-se que o asturiano buscava um contrato de mais duas temporadas, mas os gauleses – pensando no promissor Oscar Piastri – teimavam em oferecer apenas um ano no novo vínculo. Então, apesar do potencial de crescimento dos azuis, Fernando preferiu integrar outro grupo. A decisão pegou os franceses de surpresa e abriu uma verdadeira caixa de Pandora, na medida em que Piastri também rejeitou a Alpine – que ficou vendida na história porque ainda hesitava entre a experiência do espanhol e a juventude do australiano.

Pois bem, agora será interessante ainda acompanhar a volta das férias, uma vez que Szafnauer confirmou que as negociações para a renovação de contrato com Alonso estavam avançadas e que acabou por tomar conhecimento da opção do piloto pela equipe de Lawrence Stroll por meio da imprensa. O engenheiro romeno admitiu que foi um choque. “[O comunicado] foi a primeira confirmação que tive”, revelou o chefe da base em Enstone. “É claro que, quando estamos no paddock, há todos os tipos de rumores, e ouvi rumores de que a Aston Martin estava interessada.”

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E soma-se ainda o fato de o dirigente ter questionado Fernando sobre um eventual acordo para substituir Sebastian Vettel. “Não, não assinei nada”. Foi o que Otmar ouviu do bicampeão. Quer dizer, mesmo nas férias, o bicampeão segue sendo assunto – ainda maior do que nas pistas. Isso é para poucos.

Dentro das pistas, porém, Alonso viveu em uma montanha-russa nesta primeira parte de temporada. Ainda que tenha inaugurado a temporada com uma nona colocação no Bahrein, em uma prova de certa forma experimental diante do novo regulamento, as corridas seguintes foram decepcionantes – e até justificariam bem a decisão de pular fora. A verdade é que Fernando foi vítima da má sorte, em situações que beiraram a bizarrice, além das falhas de confiabilidade da Alpine.

Foram dois abandonos: o primeiro na Arábia Saudita, por conta de uma falha no motor, em um dia em que o espanhol travou uma dura briga com o companheiro Esteban Ocon. Na Emília-Romanha, um toque logo no início o fez deixar a disputa devido aos danos no assoalho e nos sidepods – a batida com Mick Schumacher deixou um buraco na lateral da Alpine #14. Sem contar antes a etapa desastrosa na Austrália em que terminou apenas na 17ª posição por causa de um safety-car na hora errada. Esse resultado foi ainda mais doloroso porque o veterano fazia uma classificação potencialmente forte antes de um problema que o tirou da pista.

Foi tudo esquisito: muito rápido nos treinos livres e na classificação, Alonso sabia que tinha chance até de brigar pela pole, porém na abertura da primeira tentativa no Q3, passou reto na curva 11 e foi parar no muro. Um “problema hidráulico”, ele relatou após a sessão. Depois, a confirmação de que a batida havia sido causada pela quebra de uma peça de € 2 (cerca de R$ 10), uma junta de vedação de óleo.

“Estou arrasado com este fim de semana, para ser honesto”, disse Alonso após a corrida em Melbourne. “É difícil aceitar o resultado depois do azar que tivemos na Arábia Saudita e novamente aqui. Hoje estávamos bem para um possível sexto lugar e, claro, o pódio já estava nos planos antes do problema na classificação de ontem. A estratégia foi boa hoje, e o carro parecia forte com o pneu duro. O ritmo estava lá com todos parando com os médios ao nosso redor, mas depois o safety-car reagrupou o pelotão e efetivamente encerrou nossa corrida”, lamentou o asturiano, que detinha apenas dois pontos no Mundial.

O bicampeão ainda enfrentou uma corrida difícil em Miami, antes de finalmente desencantar. O salto de qualidade acompanhou o trabalho desenvolvimento passo a passo da Alpine. A partir da Espanha, Alonso engatou uma série de oito consecutivas corridas na zona de pontos em atuações sólidas, mesmo em dias em que a equipe falhou em estratégias ou na própria configuração do carro.

Depois de largar da 20ª colocação em Barcelona, Alonso cruzou a linha de chegada em nono. Na sequência, garantiu um sétimo posto em Mônaco e no Azerbaijão. Foi nono no Canadá e quinto na Inglaterra. Décimo na Áustria, sexto na França e oitavo na Hungria. Dessa sequência toda, é essencial destacar a classificação em Montreal com pista molhada. O bicampeão brilhou ao cravar o segundo lugar do grid. Mas apesar da estrondosa primeira fila, a tática de corrida da Alpine acabou por tirar a chance do espanhol de tentar o pódio.

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Max Verstappen conquistou a pole e terá Fernando Alonso na primeira fila (Foto: Dan Mullan/Getty Images/Red Bull Content Pool)

A prova em Silverstone foi outro grande destaque. Fernando partiu da sétima posição do grid e manteve um ritmo forte durante toda a prova. Na parte final, depois do safety-car, o espanhol tentou entrar numa briga com Lewis Hamilton e Charles Leclerc. O monegasco se defendeu bem e impediu um avanço do asturiano. Ainda assim, foi o melhor resultado de Alonso até aqui. “Olhando para o fim de semana como um todo, acho que o carro esteve muito bom e me senti mais competitivo do que em qualquer outra corrida até agora nesta temporada. Executamos bem nossas estratégias e mostramos um ritmo consistente”, vibrou o piloto depois da bandeirada.

De fato, a consistência tem sido a grande arma de Alonso e da Alpine, especialmente nesta parte final da primeira fase do campeonato. O bicampeão segue atrás do colega Ocon (58 x 41), porque o preço do início da temporada é alto. Porém, as atualizações feitas pela equipe francesa foram acertadas e devem garantir um bom carro para a segunda metade do ano, em que a meta é permanecer à frente da McLaren, assegurando uma importantíssima quarta colocação no Mundial de Construtores. Resta saber agora se a esquadra vai suportar a turbulência causada pela opção de Fernando e pela rejeição de Piastri.

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