Ferrari toma arrocho da Red Bull e tem de mostrar cartas com atualizações de Barcelona

Após duas derrotas seguidas, situação que parecia controlada na temporada fica turva. Ferrari precisa reagir rápido

FÓRMULA 1 2022: VERSTAPPEN ATROPELA EM MIAMI. COMO FERRARI RESPONDE? | Paddock GP #286

A temporada 2022 da Fórmula 1 começou com pegada de sonho para a Ferrari. De volta às primeiras posições e brigas mais agudas na tabela e com duas vitórias em três corridas – com dois abandonos do único grande rival. Tudo caminhava conforme a varinha de condão de algum mago ferrarista, mas a F1 é organismo vivo e que se altera rapidamente. A Red Bull ficou na pista nas duas últimas provas e mostrou que tem a vantagem em termos de puro rendimento de corrida. Agora, no começo oficial da temporada europeia, é vital que a Ferrari mostre que as atualizações têm condição de mudar essa tendência.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2

A Ferrari foi a grande força da F1 na pré-temporada e começou o campeonato reforçando a impressão dos testes. No Bahrein, Charles Leclerc foi pressionado por Max Verstappen, mas levou a melhor e tinha mais carros. Venceria a corrida, mas ainda recebeu o prêmio do abandono do rival por problemas de confiabilidade da Red Bull. Mas que isso, Sergio Pérez vinha em quarto e também teve de deixar a corrida.

Verstappen levou a melhor em duelo apertado na Arábia Saudita, mas novamente era a Ferrari quem tinha melhores condições na Austrália. E mais uma vez, abandono da Red Bull com Verstappen. Depois das três primeiras corridas, não apenas a Ferrari aproveitava quase todos os pontos possíveis: tinha apresentado carro melhor em duas das três provas.

Mesmo assim, o consultor da Red Bull, Helmut Marko, não titubeou em responder quando questionado, após a vitória em Ímola, se achava que a rival conseguiria acompanhar a velocidade de desenvolvimento dos rubro-taurinos ao longo do ano: “creio que não”.

Ímola e Miami mostraram outra realidade. A Ferrari é excelente, mas a Red Bull tem o melhor carro em ritmo de corrida. Sim, é possível ponderar que ainda não está tão evidente assim a vantagem da Red Bull. Apesar de acachapantes vitórias de Verstappen, não foram dobradinhas de tamanho controle e a amostragem é pequena. A Red Bull já mexeu bastante no carro antes de Ímola, um risco para o que era um fim de semana de corrida sprint, mas assumir riscos é algo absolutamente fundamental para levar a melhor numa campanha tão próxima quanto esta.

Chefe da Ferrari, Mattia Binotto acha que a Ferrari pode desenvolver mais que a Red Bull até o fim do ano (Foto: Ferrari)

O conservadorismo ferrarista com relação ao desenvolvimento, guardado de verdade para Barcelona, reflete nas decisões de corrida. Ao não parar Leclerc e Sainz, mas sobretudo o monegasco, no momento do safety-car causado por Pierre Gasly na prova estadunidense, o por exemplo. É importante a Ferrari entender agora que não baterá uma Red Bull mais acostumada a vencer que o grupo atual dos italianos caso não assuma riscos com certa frequência. Seja na apresentação de atualizações ou decisões de corrida.

O arrocho da Red Bull, que aperta após ser desmontada, incomoda e a Ferrari parece admitir que não terá como seguir um alto ritmo de novidades no carro. Para o próprio bem, espera que o teto de gastos contenha os rivais.

“Em Barcelona, depende de nós, com um pacote que espero que funcione bem. Estamos focados nesse pacote desde o início da temporada, e sabemos que, se funcionar, será bom”, avaliou Binotto à emissora de TV Sky Italia. “Hoje [em Miami] a Red Bull teve o melhor ritmo, como em Ímola, pelo menos alguns décimos mais rápido por volta do que nós”, reconheceu.

“Eles desenvolveram o carro desde o início da temporada, o que nós realmente não fizemos. A Red Bull gastou dinheiro, então espero que, em algum momento, com o limite orçamentário, eles parem de desenvolver, enquanto nós ainda teremos algumas atualizações disponíveis”, disse Binotto.

“Eles foram mais rápidos em duas corridas seguidas graças a atualizações. O teto orçamentário estabelece um limite para o que pode ser gasto. Traremos atualizações em Barcelona. Espero que funcionem bem o suficiente para alcançarmos e lutarmos contra eles novamente”, encerrou o chefe da Ferrari.

O apelo ao teto de US$ 140 milhões é certo contraste ao otimismo apresentado por Leclerc há algumas semanas.

“Acompanhar a Red Bull em termos de desenvolvimento será difícil, mas é a mesma equipe que fez este carro que trabalhará no desenvolvimento do carro deste ano, então estou confiante. Não há razão para ficarmos com o pé atrás porque fizemos um ótimo trabalho, o pessoal de Maranello fez um grande trabalho, construindo o carro deste ano”, explicou.

Charles Leclerc conquistou a pole do GP de Miami de F1, mas voltou a ser batido na corrida (Foto: AFP)

“Nos últimos dois anos, realmente vi um salto na maneira como analisamos todos os finais de semana, na maneira como identificamos nossas fraquezas e a rapidez com que reagimos para tentar melhorar nos lugares onde estávamos tendo dificuldades. Então, sim, estou confiante de que a equipe pode fazer um ótimo trabalho com o desenvolvimento este ano”, apontou.

Não que a Ferrari nada tenha apresentado de novo, mas foram mudanças triviais. Em Miami, por exemplo, tinha pequena mudança na asa traseira, mas são apenas remendos ao conceito inicial. As atualizações, conforme vêm sendo prometidas, chegam a valer em Barcelona.

A Ferrari, então, tem duas apostas: uma é que, como a rival já gastou muito mais para mexer no carro até aqui, tem menos corda; a outra, mais importante, é que o pacote que começa a chegar na Catalunha será poderoso. E têm de ser.

Equipe e piloto principal lideram seus respectivos campeonatos e é evidente que a Ferrari está fortíssima na briga pelos canecos. Mas o GP da Espanha e a temporada europeia são um marco no campeonato: o fim do começo. A F1 2022 saiu do berçário e chega à adolescência, onde fincar as bases do caráter se torna fundamental. As chances de travar uma batalha real contra a Red Bull se pegam, sim, no que aparecer na Catalunha. Uma atualização sem efeito será, sem dúvidas, um fracasso colossal, porque também vai tirar, invariavelmente, a vantagem financeira que a Ferrari pensa ter hoje por ter gastado menos.

A temporada 2022 acabou seu período de começo. É hora da Ferrari mostrar as cartas e provar que será dor de cabeça para a Red Bull durante todo o ano.

COMO ALONSO ABRIU AS PORTAS PARA O AZAR EM MIAMI NA FÓRMULA 1 2022
Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.