GUIA 2019
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A WILLIAMS RENASCEU com a mudança de 2014 no regulamento técnico. Era um momento de felicidade: a equipe apareceu em terceiro no Mundial de Construtores e parecia destinada à grandeza novamente. O que se viu depois, todavia, foi uma história destoante – ano após ano, a equipe perdeu força. Alguém poderia dizer que 2018 foi o fundo do poço, com uma miséria de pontos e a condição de pior escuderia do grid. A questão é que talvez o buraco seja ainda mais fundo: em 2019, o desempenho fraco parece se unir às questões sobre o futuro de uma das esquadras mais tradicionais da Fórmula 1.
A pré-temporada já desenhou bem o panorama. O FW42 só chegou a Barcelona no terceiro dia de testes, culpa de problemas no desenvolvimento do carro. Quando andou, a Williams não deu sinais de qualquer conto de fadas que já vimos com gente como a Brawn: o carro é lento, quase sempre aparecendo em último na tabela de tempos em Barcelona. Do jeito que as cartas estão postas, ninguém é capaz de afirmar que há como lutar seriamente por pontos no curto prazo. Enquanto o pelotão intermediário preza pelo nível cada vez mais alto, a Williams se vê sem fôlego para acompanhar.
O problema no carro não tardou em alcançar outras áreas. Robert Kubica já faz críticas abertas ao desempenho do FW42 e às dificuldades da Williams no entendimento do carro. De acordo com o polonês, os problemas no comportamento do modelo deixam a equipe com apenas 20% do conhecimento esperado para o GP da Austrália. George Russell, talvez pela felicidade de estrear na categoria, ainda é otimista em declarações. Mesmo assim, logo fica claro que algo está errado – afinal, que equipe é essa que tem o diretor-técnico afastado uma semana antes do começo da temporada?
A Williams vai chegar a algum lugar em 2019? (Foto: Williams)
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É o que aconteceu com Paddy Lowe, que já não estará em Melbourne. O diretor-técnico nunca foi culpado por Claire Williams pelo atraso e os problemas iniciais, mas pediu licença para tratar de “problemas pessoais”. A situação segue sem esclarecimentos ou previsão de desfecho: o afastamento não tem prazo para acabar, o que logo leva a crer que a relação entre equipe e dirigente chegou ao fim.
A situação também serve para se questionar: até que ponto a Williams vai chegar? Não que a equipe corra risco de fechar as portas ainda em 2019, mas o futuro é sombrio. Poucos anos atrás seria loucura dizer que o fim está próximo em Grove. Pois 2019 começa tornando essa pergunta um pouco mais realista: um grid da F1 sem a Williams já não parece algo tão impossível de imaginar.
Se a Williams não tem carro com muitas qualidades, ao menos pode celebrar o fato de ter uma dupla de pilotos de qualidade. Russell chega com a credencial de atual campeão da F2, superando outros nomes da F1 atual, como Lando Norris e Alexander Albon. Não por acaso, o britânico é a nova aposta da Mercedes em termos de jovens pilotos. A montadora alemã pode não ter emplacado Esteban Ocon no grid, mas se certificou de que George teria a primeira oportunidade na categoria máxima do automobilismo. Por pior que seja defender uma equipe de poucos recursos, o #63 tem uma vantagem: fazer o processo de adaptação ao carro sem muita pressão por resultados.
O FW42 não empolga, apesar de contar com bons pilotos (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)
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O outro carro da Williams é de um piloto que há de receber muita atenção em 2019. Robert Kubica volta à titularidade da F1 após oito anos de hiato, consequência do grave acidente de rali na Itália em 2011. Foram anos em que parecia exagero imaginar o retorno do polonês ao grid, dada a extensão das lesões e fraturas. Mesmo que o polonês não tenha recuperado por completo os movimentos da mão direita, a performance em treinos e testes bastou para convencer a equipe britânica na briga pela titularidade.
O fim de uma batalha – voltar ao grid – já representa o começo de outra. Com um carro que dificilmente será competitivo, Kubica terá que mostrar que merece seguir na F1 nos próximos anos. Ao contrário do que se vê com Russell, a pressão por resultados é real, ainda mais quando lembramos que Robert é o líder natural da dupla, dada a experiência no automobilismo. Além de testar os limites do carro, o polonês também vai precisar testar os próprios limites. Afinal, ninguém sabe dizer com convicção que o piloto de hoje é o mesmo de dez anos atrás, dos dias empolgantes com a BMW.
Se Kubica puder renascer das cinzas, que seja uma inspiração para a Williams no futuro.
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