GUIA 2024: Em último ano de contrato, Ocon e Gasly carregam decepções óbvias na Alpine

Enquanto Esteban Ocon espera evolução por parte da Alpine desde 2020, Pierre Gasly chegou para mostrar o que poderia fazer depois de anos limitado pela AlphaTauri. O que ambos não esperavam, entretanto, era encontrar uma equipe bagunçada e incapaz de evoluir

Depois de vencer sua primeira corrida em 2021, com Esteban Ocon na Hungria, e terminar na quarta posição do Mundial de Construtores em 2022, a Alpine esperava seguir progredindo em 2023 e se aproximar ainda mais do Trio de Ferro da Fórmula 1, composto por Ferrari, Mercedes e Red Bull. A temporada passada, entretanto, trouxe o oposto disso, e o sexto lugar representou uma grande decepção. Ao fim do ano, o francês e seu novo companheiro, Pierre Gasly, já não escondiam mais a frustração com o estágio da escuderia.

Ocon faz parte da Alpine desde 2020, no último ano em que o time se chamou Renault na Fórmula 1, e sempre apostou em uma evolução gradual — mesmo que lenta — rumo às principais forças da categoria. Em uma linha completamente contrária a isso, no entanto, o Esteban teve a sua pior temporada pela equipe justamente no ano passado, com 58 pontos somados e o 12º lugar.

Até quando foi 12º em 2020, Ocon somou mais pontos: 62. Ainda é pouco, mas estamos falando de quatro anos atrás, quando o projeto se encontrava em um estágio muito menos avançado. Depois de fazer 74 tentos em 2021 e subir a marca para 92 em 2022, os 58 de 2023 deixam clara a incompetência da Alpine em seguir evoluindo.

E os resultados não são o único fator de abalo na confiança entre equipe e piloto, mas o próprio bota-abaixo que a Alpine passou em 2023, com saídas de Otmar Szafnauer, chefe de equipe, Laurent Rossi, CEO, Alan Permane, diretor-esportivo, Pat Fry, executivo técnico, e Davide Brivio, diretor de projetos. Como melhorar sem ter um time para isso?

Ocon espera uma evolução da Alpine que nunca vem (Foto: F1)

Ou seja, para alguém que já andava pelos corredores há alguns anos e depositava fé na evolução da equipe, o piloto precisou lidar com uma reconstrução em plena temporada. A Alpine entrou em 2023 sonhando buscar o top-3, mas encontrou um choque de realidade terrível com um combo formado por estagnação e evolução das rivais.

No fim, ao invés de andar para a frente, viu McLaren e Aston Martin aproveitarem e não passou do sexto posto, à frente de times que não chegaram aos 30 pontos. É muito pouco. Ocon está ciente disso e, entrando em seu último ano de contrato, já olha para os lados. Na última temporada, a impaciência do francês com a equipe ficou clara pelo rádio, e a falta de resultados incomodou.

Para 2024, Ocon já sabe que o trabalho vai ser árduo novamente. A Alpine fez uma péssima pré-temporada, com um desempenho genuinamente assustador, e não parece entender grande parte do novo conceito agressivo do carro. Corre sério risco de iniciar o campeonato entre as piores forças do grid, o que certamente seria a gota d’água para estourar a paciência de Esteban. A relação definitivamente vive um declínio, e apenas um improvável salto de rendimento pode fazer com que ela se estenda para os próximos anos.

Gasly, por sua vez, viveu o primeiro ano de Alpine em 2023 — e já foi o suficiente para também acumular decepções. Depois de anos com potencial limitado pela ineficiência da AlphaTauri — hoje Visa Cash App RB ou RB —, o francês assinou com a então quarta colocada do Mundial de Construtores e enfim acreditava na possibilidade de brigar mais à frente no grid.

Gasly vai apenas para seu segundo ano de Alpine, mas paciência já está no limite (Foto: Alpine)

No fim da última temporada, entretanto, Pierre não apenas sofreu com o choque de realidade que se abateu sobre a própria equipe, mas entrou em rota de colisão devido a uma união fadada a conviver com crises. Com um péssimo relacionamento, os ex-amigos foram reunidos por Szafnauer para 2023 e mostraram na pista que a dupla tem tudo para dar errado.

Duas colisões graves na Austrália e na Hungria foram os momentos mais baixos da dupla — ainda que Guanyu Zhou tenha sido o maior culpado pela segunda —, mas o ano inteiro veio acompanhado de duelos pelo rádio e pedidos de prioridade. Neste caso, a Alpine não pode ser culpada de se esconder: sempre interferiu, e sempre a favor de Ocon. No GP de Abu Dhabi, depois de ter sua estratégia prejudicada mais uma vez — assim como no Japão —, Gasly não fez nenhuma questão de esconder o descontentamento. É uma bomba prestes a explodir.

A relação — que, de acordo com o próprio Gasly, não existe — foi muito além, inclusive. As batidas foram apenas a ponta do iceberg, mas a temporada ainda trouxe reclamações públicas, fechada em treino livre e até mesmo um dedo do meio de Pierre ao ter de deixar Ocon passar em Suzuka. Uma união que já seria difícil para uma equipe organizada, mas que se torna ainda mais bélica para um time que vive constantemente na bagunça.

Vale ressaltar que, mesmo com tudo isso, Gasly superou Ocon ao fim da temporada, o que deve servir como gasolina no fogo dessa rivalidade para 2024. Com a equipe em situação de barril, a confusão se estende e contamina os pilotos. As cenas dos próximos capítulos dificilmente serão mais tranquilas.

As Alpine se encontraram na Austrália e abandonaram a corrida com os dois no top-10 (Vídeo: Sky F1)

No fim das contas, entretanto, nenhum dos dois têm a oportunidade de mostrar o que pode fazer na Fórmula 1 — e ambos estão cientes disso. Limitados por uma equipe atrapalhada e que não entende como evoluir, Ocon e Gasly observam o tempo passar e pilotos da geração deles obterem mais sucesso na categoria. No último ano de contrato para os dois, a situação vai precisar mudar — e Pierre já deixou o primeiro recado de descontentamento na pré-temporada. Todas essas relações prometem episódios de puro drama em 2024.

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