Alguersuari fala em “trauma criado” por relação com Marko no programa Red Bull

Jaime Alguersuari fez parte o circo da Fórmula 1 entre 2009 e 2011 e, até hoje, é considerado o terceiro piloto mais jovem a estrear pela categoria, atrás apenas de Lance Stroll e Max Verstappen. O espanhol foi chamado às pressas pela Toro Rosso para a disputa do GP da Hungria em 2009 com então 19 anos, 4 meses e 3 dias, sem nunca ter tocado em um monoposto antes.

Em entrevista ao portal El Confidencial, Jaime relembrou sua saída traumática da Fórmula 1, contou que teve crises frequentes de ansiedade e que a música o salvou (hoje, trabalha como DJ), afirmou que ainda tem sonhos estranhos da época que fez parte da categoria, além de dar detalhes sobre sua relação com a Red Bull e o consultor Helmut Marko.

Alguersuari relembrou, logo de cara, que não estava nada feliz em ser um piloto de corridas, embora seja muito grato pela ajuda da Red Bull em seu início de carreira, mas que depois de sair da equipe taurina em 2011, perdeu a paixão que o levou à Fórmula 1 e não aceitou essa mudança.

“Não entendi. Passei por um momento psicológico muito complicado, que me tornou uma pessoa infantil. Até dá para entender, era jovem, com ambições de ser campeão do mundo, mas quando isso acontece [a saída da equipe], é um caos, fica difícil de viver a vida de outra forma”, afirmou.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!

O ex-piloto criticou o mundo egocêntrico da Fórmula 1e o comparou com o seu novo ambiente. Para Jaime, não há competição no mundo musical. “A arte é muito subjetiva, não há lista de inscritos. Na F1 é completamente diferente, eles te comparam com o companheiro ao lado, é tudo muito midiático e, quando se torna esse tipo de personagem, você é a referência de opinião do mundo inteiro, para o bem e para o mal.”

Alguersuari falou também sobre como a F1 ainda estava encalacrada em sua mente quando esteve na Fórmula E. Por lá, viveu uma situação difícil ao desmaiar durante o eP de Moscou em 2015, chegando a ter sua licença suspensa por recomendações médicas. “Não queria viajar, colocar o capacete, correr, pode perguntar ao meu ex-companheiro Sam Bird. Foi um ano muito difícil com o carro. Minha cabeça estava na F1, não acreditava no que tinha acontecido, era uma frustração enorme por dentro que não me deixava viver”, disse.

Hoje com 32 anos, o piloto espanhol relembrou a convivência dentro da Red Bull. Mesmo com bons resultados, Jaime sempre tinha a sensação de que o trabalho era bem feito e todos estavam contentes com seu desempenho. “Nada era suficiente e, se notarem bem, é o padrão de Max Verstappen com seu pai. Essa é a escola da equipe, aquela que vivi. Ser lançado com 19 anos foi ultrajante, nem tanto pela idade, mas pela forma. Era a única oportunidade que eu tinha, não estava preparado para ela, mas não havia outro caminho.”

E é neste cenário que Alguersuari, enfim, confessou ainda sonhar com tudo o que viveu na Fórmula 1, sobretudo com a relação que vivera com Helmut Marko. “Isso criou um trauma, ver Marko sempre zangado. Acho que Buemi também passa pelo mesmo problema. Fiz terapia, vários psicólogos me ajudaram a tratar e seguir uma nova vida. Às vezes, acordo com vontade de chorar, lembrando da raiva dele mesmo tendo feito uma grande volta.”

Jaime relembrou como foi que soube que seria descontinuado do programa da Red Bull e que nunca mais teve contato com o consultor da equipe. “O que lembro é que quando Franz Tost me ligou no dia seguinte ao evento da Cepsa, falando que tinha más notícias. Marko ficou em silêncio e disse que a Red Bull não podia mais me ajudar, deixando claro que não era ele quem tomava a decisão final”. Depois de lá, só o encontrava no paddock quando era comentarista da BBC, mas nada além disso.

Por fim, Alguersuari disse à publicação que mudou seu jeito e que, hoje, enxerga um piloto com uma armadura muito grossa, repleto de ego e espinhos. “Tentava me proteger da dor que carregava. Mas repito, não é algo negativo, foi a universidade que vivi, tudo que aprendi me fez ser melhor agora. Foi lá que eu evoluí, por isso, vejo isso positivamente”, completou.

O espanhol disputou 46 GP’s pela Toro Rosso, tendo como melhor resultado dois sétimos lugares na Coreia do Sul e em Monza, ambas na temporada 2011. Pela Fórmula E, disputou nove etapas pela Virgin na temporada 2014-15, com um quarto lugar conquistado no eP de Buenos Aires como grande resultado.

🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.