Ocon na Renault e Hülkenberg na Red Bull? A ‘silly season’ da F1 já começou

A Fórmula 1 ainda não chegou à metade, mas a famosa fase de especulações já deu seu pontapé inicial em 2019. E tudo começou com a Red Bull, mais precisamente em função do inconsistente desempenho de Pierre Gasly. A partir daí se desenrola uma teia que envolve Renault e até a Mercedes

É bem verdade que a Fórmula 1 parece já definida em termos de título mundial. Com 187 pontos no bolso e quase 40 de vantagem para o vice-líder, Lewis Hamilton deixa claro que dificilmente alguém ou algo vai impedi-lo de conquistar seu sexto título mundial. Até aqui são seis vitórias em oito corridas. Ferrari e Red Bull não dão sinais de reação e, assim, a Mercedes caminha a passos largos rumo a mais um ano de glórias no esporte. Mas se a disputa na pista se mostra pouco empolgante, a diversão já surge com a ‘silly season’, aquela fase de especulações que normalmente esquenta o noticiário mais perto da pausa do verão europeu. Em 2019, porém, os burburinhos estão quentes e borbulhantes, e chegaram mais cedo. E tudo tem início com a Red Bull, num quebra-cabeças que envolve ainda a Renault e até a Mercedes. Por enquanto.
 
A inconsistência de Pierre Gasly abre uma série de possibilidades no grid e é o primeiro grande rumor para 2020. O jovem francês, que se criou no rígido programa da esquadra dos energéticos, vem enfrentando extrema dificuldade na equipe principal. A parceria com Max Verstappen pesa, e Gasly não vem, nem de longe, apresentando uma performance condizente com o carro que pilota. Há uma disparidade de desempenho gritante. Enquanto Verstappen é capaz de se enfiar entre os carros da Ferrari e até mesmo da Mercedes, belisca pódios aqui e ali e é, invariavelmente, agressivo na pista, Pierre tem ritmo oscilante, precisa sempre de uma ‘ajuda’ do time para conseguir se aproximar do holandês ou de um resultado próximo do aceitável. Não tem desempenho de corrida e, na tabela de classificação, vem tomando 63 pontos de Max.
Pierre Gasly está na berlinda (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)

É muita coisa para alguém que guia pela Red Bull, bastante conhecida também pela pouquíssima paciência com esses prodígios. Helmut Marko costuma ser implacável e não tolera resultados medianos, ainda mais sendo do time principal. Assim sendo, Gasly se encontra na berlinda. E em cenários como esses, a equipe austríaca já mostrou que não teme arriscar e, se necessário for, altera as peças do tabuleiro. Daniil Kvyat que o diga. Só que, desta vez, as opções dentro do programa estão escassas. Alex Albon ainda está verdinho e precisa de maior quilometragem, embora venha fazendo um trabalho bastante honesto em seu ano de estreia. Kvyat, por sua vez, ainda segue uma incógnita. Dessa forma, não é estranho pensar que os energéticos estejam, de fato, procurando algo fora de sua ‘linha de montagem’. 

 
Então, é aí que entram Renault e Nico Hülkenberg. No fim de maio, a informação de que a Red Bull já olhava com muito interesse para o alemão veio por meio do jornalista italiano Roberto Chinchero, da emissora Sky Italia. Hülkenberg é um cara experiente e que comete pouquíssimos erros, e não vem perdendo tanto para o badalado Daniel Ricciardo – o placar está empatado entre eles no Mundial, aliás. Além disso, o #27 está em seu último ano de contrato com os franceses. Certamente, essa performance deve pesar nas negociações. De um lado e de outro.
 
Mas voltando à Red Bull. A intenção com Hülk parece ser a de formar uma dupla mais forte e pronta para a revolução que pretende ser o regulamento de 2021. E Nico enfim encontraria um ambiente competitivo que tanto persegue na carreira. O movimento ganha sentido em comentários aqui e ali dos envolvidos. E em ações. O próprio comando da equipe amarela e preta chegou a relatar a irritação de Nico por conta da ordem dada no Canadá para não superar Ricciardo, mesmo estando mais veloz. Essas situações não costumam passar incólume. Quer dizer, algo aconteceu aí.
Nico Hülkenberg por servir como uma 'vendetta' da Red Bull (Foto: Renault)

Então, no último fim de semana, o chefão da Renault, Cyril Abiteboul, falou sobre o alemão e o que pensa do futuro. Apesar do tom elogioso e de crédito ao piloto, o dirigente não escondeu que tanto a equipe quanto Hülkenberg já “estão procurando opções”. 

 
"Sinceramente, Nico está correspondendo e, claramente, se você olhar para onde nós estávamos quando Fred [Vasseur] estava liderando esse processo para nós… Nico se uniu a nós, e veja onde estamos hoje. É loucura mudar a equipe pelo agito. Então acho que nós devemos dar o crédito, mas também precisamos analisar as opções, ver o que todo mundo está procurando, como eu tenho certeza que Nico está fazendo", afirmou. 
 
De acordo com o francês, uma definição deve acontecer apenas depois da pausa do verão europeu, em agosto. 
 
Neste ponto, entra a terceira via dessa que pode ser a primeira grande chacoalhada do grid para temporada 2020. Esteban Ocon é um nome que agrada muito a Renault, até mesmo por questões comerciais. O francês, piloto do programa da Mercedes, está no radar de Abiteboul e cia e até tem o aval dos prateados – apesar de certa ressalva. Ocon, como se sabe, perdeu o posto de titular na transição de Force India para Racing Point. A marca alemã – leia-se Toto Wolff – não conseguiu assegurar um novo assento e, atualmente, o jovem apenas acompanha a pentacampeã pelos circuitos. A sua ausência no grid é sentida, diante de tudo que fez nas duas temporadas e meia que correu. 
 
Esteban, na verdade, também é visto como uma espécie de coringa ali na Mercedes. Wolff parece confiar no taco do rapaz, mas o colocou ali nas garagens mais como uma motivação para Valtteri Bottas. O truque deu certo, e o finlandês deu um enorme passo adiante. Venceu corridas, chegou a liderar o campeonato e vem sendo um segundo piloto exemplar até aqui, o que igualmente agrada a esquadra. Portanto, seria uma surpresa enorme se Wolff decidisse dispensá-lo. A Mercedes deve mesmo exercer a opção de renovação e garantir mais alguns anos de paz nos boxes.
Esteban Ocon tem a chance de voltar ao grid (Foto: Reprodução)

Diante desse cenário, Toto precisa, então, encontrar um lugar para Ocon. E há muitos interessados nele, de acordo com o austríaco. "Esteban é um tema quente. Ele é um dos pilotos jovens mais promissores e merece estar na F1. A confirmação disso vem do interesse em torno dele para inclui-lo nos programas de 2020. Portanto, estou muito otimista de que o veremos em um carro de F1 no próximo ano", afirmou Wolff à imprensa em Paul Ricard

 
Ao ser questionado sobre um eventual interesse da Renault, respondeu: "Uma coisa é certa. Eu gosto de Cyril, mas ele precisa recuperar sua imagem de um homem cujo aperto de mão pode ser considerado confiável", confirmando aí a posição da Renault.
 
A declaração é uma referência também ao que se passou na temporada passada. Ocon tinha duas propostas na mesa: Renault e McLaren. A equipe francesa ganhou a preferência, e o contrato ficou muito perto do acerto, mas aí os gauleses desistiram na última hora e optaram por Ricciardo. Agora, o interesse se renova. E dá a chance de embaralhar melhor o grid, para o bem da Fórmula 1.

A nona etapa da temporada 2019 do Mundial de F1 acontece neste fim de seman na Áustria, no circuito do Red Bull Ring. O GRANDE PRÊMIO acompanha tudo AO VIVO e em TEMPO REAL.

 

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