Opinião GP: Mercedes tem razão: Red Bull disputa Fórmula 1 em meio a grid da F2

Max Verstappen e a Red Bull seguem em um patamar inalcançável em 2023. A demonstração de força no GP da Hungria foi apenas mais um capítulo de um trabalho não apenas de excelência, mas de lição para a concorrência. E sim, Toto Wolff está certo quando diz que os rivais taurinos disputam um campeonato a parte por méritos próprios, diante de condições que são as mesmas entre as equipes de ponta da Fórmula 1

HISTORICAMENTE, A FÓRMULA 1 sabe lidar com eras dominantes e não se assusta quando uma equipe ou um piloto excepcional surge no horizonte com performances jamais vistas. É a natureza deste esporte, ao fim e ao cabo. Até por isso, há certa magia na hegemonia que a Red Bull e Max Verstappen impõem fortemente a cada etapa da temporada 2023. E o GP da Hungria escreveu mais um capítulo dessa jornada, com direito a marcas impressionantes e números absurdos. Mas a questão aqui não é bem os taurinos, mas por que a concorrência simplesmente não tem a menor ideia do que fazer?

Por exemplo, o sábado terminou com uma inesperada pole de Lewis Hamilton e da Mercedes. O heptacampeão reviveu tempos de glória com uma volta precisa nos instantes finais, para retomar à posição de honra. Enquanto isso, Verstappen soube colocar seu carro no melhor posto possível nessa condição, mesmo não tendo nas mãos o RB19 costumeiramente veloz. Foram apenas 0s003 de diferença. No dia seguinte, Max não hesitou quando as luzes apagaram, tracionou bem e sequer tomou conhecimento do adversário. Dali em diante, comandou como quis a corrida, sem antes deixar algumas coisas bem claras.

Uma delas é o que o chefe Christian Horner falou após a corrida. “Max é um piloto totalmente em sintonia consigo mesmo, em sintonia com o carro, tem total confiança na equipe. Acho que o que estamos testemunhando é um esportista absolutamente no auge, e é uma alegria trabalhar com ele, que se esforça sempre. O sábado foi desastroso no que diz respeito ao equilíbrio, mas isso apenas serviu como impulso. E o que comprometemos na classificação, fomos beneficiados na corrida com um ótimo carro.”

Vitória de Max Verstappen começou com uma ótima largada: os melhores momentos do GP da Hungria (Vídeo: F1 TV/Reprodução)

Mas se o modelo taurino pareceu mais nervoso na definição do grid, a velocidade esteve lá no domingo, assim como o extremo cuidado com os pneus. A melhor volta na corrida também mostra isso. George Russell, em um momento em que tentava voar pela pista em sua dura corrida de recuperação, anotou o giro mais veloz na volta 48, quando registrou 1min22s601. Cinco voltas mais tarde, Max pulverizou a marca do inglês, ao passar 1s6 mais rápido. Apenas uma passagem, Hamilton foi quem mais se aproximou do holandês, quando completou um tempo pouco mais de 1s mais lento. Ao longo da corrida, o bicampeão ainda foi sistematicamente 1s mais rápido que Lando Norris, o ‘principal concorrente’ do dia. No fim da prova, o piloto do carro #1 passou na bandeirada com 33s de vantagem para o britânico da McLaren. Tudo isso dentro de estratégias semelhantes.

Há ainda outro elemento dessa espécie de covardia aplicada pela Red Bull. A equipe trabalhou muito para ajudar Sergio Pérez a se recuperar na prova, uma vez que o mexicano largara apenas do nono posto. E o segundo pit-stop, quando o #11 já lutava contra os carros laranja e a Mercedes de Hamilton, foi um esculacho. Apenas 1s9 na troca dos pneus e a garantia do pódio. Ninguém foi mais veloz que a equipe austríaca nesse quesito. E esse é o tipo de detalhe que separa vitórias e derrotas.

“Estamos em um campeonato de F2 contra um carro de F1”, disse Toto Wolff, o chefão da Mercedes. Não poderia melhor traduzir a dissonância entre o que fazem os taurinos, especialmente Verstappen, e o restante do grid. A Hungria foi certeira em apresentar esse cenário cristalino. “Terminamos 39 segundos atrás de Max, e ele provavelmente não pressionou tanto nas últimas voltas quanto poderia. Mas estamos em um cenário meritocrático. Eles fizeram um trabalho melhor e temos de reconhecer isso.”

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De fato, é isso que espanta mais. Ainda que o papo de meritocracia seja um tanto anêmico, mesmo na F1, há alguns elementos que não se pode deixar passar. Mercedes e Red Bull, por exemplo, disfrutam de igualdade real de condições. Partem de um mesmo ponto de recursos financeiros e desenvolvimento, então é, sim, um sinal de incompetência da equipe alemã o déficit de performance e acerto que tem na comparação com os taurinos. A Ferrari também pode ser colocada nesse balaio. Dona de um aporte robusto, é inaceitável a maneira como conduz a temporada, além das decisões desastrosas que toma.

Portanto, não se pode culpar a Red Bull ou Verstappen por vitórias e números. Está fácil, não por eles, mas por uma irritante inabilidade da concorrência, que, sim, está presa em uma categoria menor. A questão é: até quando?

Fórmula 1 volta já no próximo final de semana, entre os dias 28 e 30 de julho, para a disputa do GP da Bélgica, em Spa-Francorchamps. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades da temporada 2023 AO VIVO e em TEMPO REAL. Sábado e domingo, ainda tem a transmissão em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, no canal 1 do GP no YouTube.

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