Red Bull já se coloca favorita na F1 2023. Ferrari intriga e Mercedes tenta se entender

A pré-temporada acabou e agora a expectativa se faz pela primeira etapa do campeonato. Nesse cenário, não há muita dúvida sobre o favoritismo da Red Bull. Mas a Ferrari escondeu o jogo e possui uma estranha calma. Já a Mercedes vive um drama, enquanto os testes coletivos revelaram duas surpresas interessantes: Aston Martin e Alfa Romeo

Daqui a pouco menos de uma semana, a Fórmula 1 vai começar a compreender o que se passou nesses últimos três dias no Bahrein. Há muito o que entender, é verdade, e tem bastante gente ainda com questões sérias para resolver. E neste cenário, só uma equipe parece genuinamente pronta para 2023. Sim, a Red Bull possui o carro a ser batido e sobre isso não há discussão. A liderança no dia final das atividades, neste sábado (25), é só um mero detalhe.

Sergio Pérez foi o responsável por conduzir o RB19 na última sessão antes do campeonato dar o pontapé inicial na semana que vem. E é exatamente a performance do mexicano que corrobora a posição de força dos taurinos. O modelo 2023 é uma evolução primorosa do antecessor – a equipe dos energéticos se deu ao luxo de trazer elementos inventivos que agora serão certamente usados como ‘inspiração’ no grid. Assoalho, difusor, asas. Tudo no carro austríaco encaixa como uma luva.

O desempenho de Pérez mostrou não só o potencial de carro classificador deste RB19, como também confirmou a força em ritmo de corrida – invejável. O programa técnico dos taurinos flutuou entre o uso dos pneus médios (C3) e os maios (C5). Em cima dos amarelos, o dono do #11 realizou stints de enorme consistência, começando na marca de 1min37s6 e terminando em 1min37s8, por exemplo, em um trecho em que percorreu 12 voltas. Mais tarde, os engenheiros deram uma amostra daquilo que pode acontecer em classificação: Pérez andou com os vermelhos e não teve dificuldades em alcançar o topo da tabela. No cronômetro, o 1min30s305 se tornou o melhor registro da pré-temporada.

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Ficou também muito claro no dia final que todo o trabalho feito pela Red Bull neste sábado foi focado no fim de semana que vem. Ou seja, enquanto as concorrentes ainda testavam peças e acertos, os taurinos já pensavam em estratégia e em como pretendem levar a primeira etapa da temporada – que, diante do que se viu até agora – dificilmente escapa das mãos dos energéticos.

Portanto, Pérez está certíssimo na declaração que deu ao deixar o carro: “É incrível começar a temporada muito mais forte do que iniciamos no ano passado.”

Quem mais se aproxima da Red Bull é a Ferrari. Outro ponto sem discussão depois desses três dias de trabalho. Diferentemente do ano passado, a equipe italiana não brilhou na pré-temporada e procurou também ficar fora dos holofotes. E há uma estranha calma nas garagens de Maranello. Isso porque a escuderia optou por uma abordagem diferente desta vez, mais concentrada nos stints longos e em um entendimento melhor do ritmo de corrida.

A SF-23 tem lacunas a serem preenchidas. Inicialmente, o carro apresentou saltos, depois se mostrou arisco em alta velocidade. Os engenheiros seguem perseguindo um desempenho semelhante ao da Red Bull em linha reta. De fatores positivos, estão a confiabilidade e a alta quilometragem, muito embora ainda existam dúvidas quanto ao ritmo de classificação e corrida.

Neste sábado, Charles Leclerc investiu nos pneus médios (C3) – os mesmos escalados pela Pirelli para o fim de semana que vem. Depois, o monegasco conduziu uma pequena simulação da definição do grid. O trabalho do dono do carro #16 deixou claro que há um potencial e que a equipe optou por esconder o jogo. Na vez de Carlos Sainz, a ideia foi andar com menos combustível e revezando o uso dos compostos C2 e C3. De novo, a performance foi expressiva, mas não ao ponto de preocupar a Red Bull – ao menos não neste momento.

Charles Leclerc ditou o ritmo na manhã final de testes no Bahrein (Foto: F1)

De toda a forma, a Ferrari deixa a pré-temporada de maneira intrigante, guardando desempenho, digamos assim. E o comportamento do chefe Frédéric Vasseur coloca ainda mais tempero. “O clima dentro da equipe é perfeito.”

E emendou: “O que espero na próxima semana? Não é mais a mentalidade de testar. Tivemos um programa de trabalho e acho que tudo foi bem feito. Tivemos três dias para escanear o carro e fazer todos os testes planejados. Os fins de semana de corrida são uma história completamente diferente e não refletem exatamente o que se vê em sessões como essa.”

Mas se a Ferrari parece tranquila e com tudo sob controle, as coisas na Mercedes ainda carecem de acerto. Ao menos, a confiabilidade segue sendo uma arma importante. Neste sábado, George Russell e Lewis Hamilton andaram por quase 150 voltas e foram capazes de testar todo o tipo de configuração.

Diretor de engenharia da Mercedes, Andrew Shovlin revelou que a equipe fez algum progresso, com um feedback positivo dos pilotos. “Ainda há trabalho a ser feito no ritmo do carro. Mas temos agora uma imagem muito mais coerente de onde precisamos concentrar nossos esforços. Usaremos o tempo antes do próximo fim de semana para analisar os dados que coletamos e buscar extrair um pouco mais de tempo de volta”, explicou o inglês.

Ainda que Hamilton entenda que falte velocidade de reta ao W14, Russell vê o time um passo à frente. “Conseguimos colocar o carro em uma janela diferente.”

Lewis Hamilton pede por mais velocidade de reta da Mercedes (Foto: AFP)

De fato, a equipe alemã viveu um último dia melhor que o anterior – o heptacampeão obteve a segunda melhor marca do dia, embora muito irreal pela escolha dos pneus C5 –, mas, ainda assim, a impressão é que o mundo vai conhecer carros diferentes da octacampeã ao longo da temporada.

E é justamente neste ponto que cabe falar de duas surpresas da pré-temporada e que podem se tornar uma pedra no sapato da Mercedes se a evolução for mais lenta. A Aston Martin se mostrou um carro forte e rápido. Fernando Alonso foi capaz de imprimir ritmo dos mais interessantes com o C3. Performance que, aliás, se aproximou dos carros pretos. Logo atrás, tem esse foguetinho da Alfa Romeo. Silenciosamente, a equipe suíça deu um salto de desempenho e também não fica muito atrás da esquadra verde e dos alemães.

Agora é esperar o tempo fazer o trabalho dele.

A Fórmula 1 volta já na próxima semana com a primeira corrida da temporada 2023. O GP do Bahrein tem cobertura completa do GRANDE PRÊMIO.

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