“Sacrificado? Eu? Não. Gostaria de ser claro com isso: somos uma equipe. Hoje tentamos fazer o melhor trabalho possível para todos, não somente para mim, mas tentamos”, declarou o monegasco de 21 anos em entrevista veiculada pelo jornal italiano ‘Corriere della Sera’.
Leclerc passou Vettel na largada e assumiu o terceiro lugar. No entanto, ao ver que o monegasco era ligeiramente mais lento que seu companheiro de equipe, que alegou via rádio que era mais rápido, a Ferrari pediu ao jovem que abrisse passagem: “Deixe Sebastian passar”, foi a mensagem.
Charles Leclerc cumpre ordem da Ferrari e deixa Sebastian Vettel passar na China (Foto: Reprodução)
Leclerc ainda tentou argumentar com a equipe quando já estava atrás de Vettel: “Estou perdendo muito tempo. Não sei se vocês querem saber ou não, mas só para vocês saberem”. Em resposta, ouviu via rádio: “Fizemos nosso trabalho, continue focado”. Na sequência, a corrida de Charles foi completamente prejudicada, muito também pelo momento em que a Ferrari escolheu para que o piloto fizesse seus pit-stops, o que determinou também a perda do quarto lugar, que ficou com Max Verstappen, da Red Bull.
Logo depois da corrida, Charles falou: “Fiz uma boa largada e, em seguida, o primeiro passo foi um pouco confuso, obviamente você provavelmente já viu na TV com Seb. Preciso entender a imagem completa e conversar com os engenheiros para entender a decisão”, complementou.
À emissora espanhola Movistar F1, Leclerc reconheceu que foi “muito frustrante dentro do carro”. E ainda aproveitou para mandar um recado à Ferrari. “No futuro, vamos ver quem é o líder da equipe. Hoje foi decepcionante”, lastimou.
“Tenho certeza de que há uma explicação para essa decisão e eu vou entender. Já passou. O fim de semana não foi tão bom quanto eu gostaria. Hoje não foi um bom dia, mas vamos voltar mais fortes”, continuou Charles.
Horas depois, o discurso de Leclerc foi bem mais ameno. “Sempre é uma situação muito difícil de administrar. Neste momento, senti uma frustração com o carro, ainda mais quando Sebastian me ultrapassou, quando vi que ele não estava se afastando e quando destruí meus pneus, mas há uma explicação por trás de tudo isso e eu a entendo”, disse o piloto ao ‘Corriere della Sera’.
Por sua vez, Mattia Binotto, chefe da Ferrari, elogiou a atitude de Leclerc ao lidar com o assunto. “Estou maravilhado por ele falar assim porque isso demonstra maturidade. Está claro que sua corrida ficou um pouco prejudicada e, se Charles está bravo ou chateado, ele tem o direito de estar assim, mas tentamos dar espaço a Seb para ver se ele poderia acompanhar as Mercedes. Naquela fase da corrida, tínhamos de tentar algo”, justificou.
O fato é que a Mercedes, com três dobradinhas nas três primeiras corridas da temporada 2019, ocupa a liderança do
Mundial de Construtores com folga e soma 130 pontos, contra apenas 73 da Ferrari e 52 da Red Bull. No Mundial de Pilotos, Lewis Hamilton é o novo líder e tem 68 tentos, contra 62 de Bottas e 39 de Verstappen. Vettel aparece só em quarto, com 37, um a mais em relação a Leclerc.
A reação na imprensa italiana
O jornal ‘La Gazzetta dello Sport’ analisa a ordem de equipe na China como um gesto que serviu para ajudar apenas a Vettel. “Sebastian foi beneficiado pela decisão do pit-wall. Isso indubitavelmente vai criar mais discussões, em parte porque a estratégia praticamente obrigou Charles a perder uma posição, mas a verdade é que isso adquire um papel secundário com respeito a um tema mais importante: as Ferrari não são tão rápidas como as Mercedes, mais uma vez. Isso é um alerta muito sério para o Mundial”.
Charles Leclerc ouviu a terceira ordem de equipe em três corridas pela Ferrari (Foto: AFP)
Já o ‘Corriere della Sera’ tem um entendimento distinto de Leclerc em relação ao seu papel no último domingo em Xangai. Seria melhor se a Ferrari entendesse que contratou o piloto correto, e ele é Charles Leclerc. Maranello deveria tirar a braçadeira de capitão de Vettel e dar a Leclerc. O fato é que Charles é agora um piloto querido, é o preferido e o homem do futuro. Isso pode explicar com a intenção de proteger Vettel depois de três corridas que destacaram especialmente o talento de Leclerc”.
“A Ferrari sacrifica Charles. O problema da Ferrari é muito grave. A derrota da Ferrari na China dói, tem dimensões preocupantes, e os líderes da Ferrari deveriam refletir”, complementou.
“Em uma corrida perdida, com o ânimo de Leclerc em declínio, foi quase um escândalo pedir a ele que abrisse espaço para Vettel depois de uma grande largada do menino de vermelho, sem mencionar as decisões posteriores, que levaram a uma estratégia punitiva precisa para o monegasco, ao qual foi pedido para retardar a parada nos boxes para beneficiar, mais uma vez, a Sebastian. Leclerc demonstrou mais uma vez sua maturidade e equilíbrio ao comentar com tranquilidade os mesmos fatos que criaram intermináveis discussões nos bares de toda a Itália”, finalizou o periódico.
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