Williams vai destemida ao ataque e conta com aguerrido Albon para crescer em briga na ‘F1 C’

"Apostamos tudo", foi a frase usada por Alexander Albon após o heroico sétimo lugar no GP do Canadá. Mesmo ciente de que tem um carro muito ruim nas mãos, a Williams vê a sintonia entre o tailandês e o chefe, James Vowles, como trunfo para bater rivais diretos na 'F1 C'

Verdade seja dita: a Williams não tem equipamento para brigar além da chamada ‘F1 C’. Está certo que Alexander Albon operou mais um dos seus milagres com pneus e levou o time de Grove a um heroico sétimo lugar no GP do Canadá, mas daí a imaginar que o tailandês será figura cativa no top-10, infelizmente é sonhar demais.

A realidade escancarada ao mundo na Espanha após a batida de Logan Sargeantsim, assoalho, isso é sobre você — é cruel demais. Os anos obsoletos ainda pesarão por um bom tempo em terras inglesas, então é importante colocar os ‘pingos nos is’. Dito isso, podemos ao menos dizer que Montreal começou a pincelar cores nesse mar de cinza que virou a segunda maior campeã na história dos construtores.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!

James Vowles (à direita) e Alex Albon (à esquerda) parecem em sintonia na Williams, e isso é ótimo (Foto: Williams)

A Williams ainda carece de recursos para desenvolver seu carro e ter condições de brigar de igual para igual contra as adversárias diretas, que hoje são AlphaTauri, Alfa Romeo e Haas, sendo que está última é a que mais oscila entre a turma do fundão e o grupo intermediário — não tanto quanto a McLaren, que tem lampejos de time de ponta da mesma forma como parece que vai fechar 2023 na lanterna da competição.

Voltemos à Williams: ela ainda carece muito de recursos para ter um carro capaz de levar ao menos Albon com frequência ao top-10 do grid. James Vowles, atual chefe da equipe, entende isso e tem sido a principal voz a bradar contra o excludente teto orçamentário, uma vez que não consegue modernizar as instalações em Grove sem exceder o limite de gastos. A briga é, em primeiro lugar, por igualdade de chances. Depois, ver o que acontece na prática.

Pois o Canadá deixou a impressão de que, ao menos, a Williams sabe o caminho a seguir. Atualizações foram levadas para o final de semana em Montreal, e a recauchutada foi quase geral: sidepod, espelhos retrovisores, halo, suspensão traseira, dutos de freio traseiros, as placas externas da asa traseira e, claro, o assoalho. Ajudada pela imprevisibilidade do tempo, com a classificação ora em pista seca, ora em pista molhada, a equipe viu Albon alcançar o Q3 e ainda ganhar uma posição com a punição de Carlos Sainz, alinhando em nono.

Na corrida, mais um aperitivo de que há luz no fim do túnel: Alex aproveitou o safety-car na volta 12, colocou pneus duros e resistiu até o fim, mesmo com carros teoricamente melhores muito perto. Até Esteban Ocon tirou o chapéu à estratégia da equipe inglesa e à pilotagem do rival, reconhecendo que não conseguiu passar por mérito do adversário.

O assoalho da Williams chocou pela simplicidade que lembra até os do passado (Foto: reprodução/@EngineMode11)

“Estávamos no limite. Decidimos adiantar as atualizações no Canadá, e James e eu fomos encontrar as pessoas na fábrica e discutir isso com elas — precisávamos ter as peças prontas no Canadá. Seria nossa única chance antes de uma corrida como Monza chegar. Os caras trabalharam demais para aprontar tudo. É ótimo poder atualizar o carro. Colocamos até uma nova unidade de potência neste fim de semana, apostamos tudo nessa etapa. Havia certa pressão, sob alguns aspectos, para entregarmos [resultados] neste fim de semana. E conseguimos”, celebrou o jovem piloto na ocasião da corrida canadense.

Albon vem atingindo uma maturidade que o coloca como um dos destaques dessa primeira parte da temporada. Mesmo com um carro infinitamente inferior, é aguerrido e luta para ao menos avançar para o Q2 quando a oportunidade se abre. A união com Vowles também parece ter casado bem, nota-se na fala do tailandês que há uma sintonia e, principalmente, um objetivo em comum: tirar definitivamente da Williams o rótulo de pior equipe da F1.

Ainda que haja muito para fazer em termos de desenvolvimento do FW45, a mudança de atitude já é um ponto muito positivo e que pode contar bastante a favor da equipe inglesa na briga pelo posto de melhor da ‘F1 C’. A decisão de “apostar tudo”, como dito por Albon, é mais um indicativo de que vontade não falta por lá.

O grande problema — e esse será difícil de evoluir nas próximas etapas — será Sargeant, que vem acumulando performances muito ruins e abusa do benefício da dúvida por ser novato. Fosse outro piloto um pouco mais experiente, aí sim, não seria exagero cravar a Williams fechando 2023 à frente de AlphaTauri e Alfa Romeo, ao menos. Por enquanto, ainda é preciso um pouquinho mais de tempo para ver até onde vai o fôlego de Albon nessa longa guerra.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.