GUIA 2024: F2 chega à nova era com grid promissor, mas transição ainda falha para F1

Novatos como Gabriel Bortoleto e Andrea Kimi Antonelli já causam burburinho. Some-se isso a um carro totalmente novo para justificar a expectativa em torno da estreia da temporada 2024 da Fórmula 2, mas a classe precisa resolver com urgência a questão da transição para a F1

Já fazia tempo que a Fórmula 2 não iniciava uma temporada cercada de tanta expectativa, mas o anseio por 2024 não é por menos. Além de uma nova geração de carros, há muita curiosidade em torno de alguns novatos e também dos agora veteranos que despontam como prováveis nomes a serem batidos. A promessa, portanto, é de um campeonato com ao menos mais candidatos ao título do que foi no ano passado, mas a temporada também traz uma questão urgente que precisa logo de atenção: a transição para a Fórmula 1.

Antes, vale destacar que já passava da hora de uma atualização no carro usado pela categoria. Por conta da covid-19, a F2 precisou adiar a estreia do novo modelo, deixando os jovens que competiriam naquela que é considerada o último degrau antes da Fórmula 1 à mercê de um equipamento, em tese, defasado.

Agora, não apenas o design tratou de dar uma arredondada no estilo mais ‘quadradão’ do carro antigo, como também promete trazer um desafio a mais principalmente para os engenheiros por conta do trabalho do downforce direcionado para a parte de baixo do carro. Uma característica que, na visão de Felipe Drugovich, que acompanhou o desenvolvimento do projeto, deve aproximar mais os carros no grid e proporcionar corridas mais acirradas, ainda que não signifique mudanças na pilotagem ou uma similaridade com o que é visto na F1.

Mesmo assim, é um avanço considerável e necessário, mas apenas um detalhe nessa escada que liga F2 e F1. Pelo terceiro ano consecutivo, o campeão da classe não conseguiu passaporte direto para o grid da principal categoria do automobilismo mundial, e isso se torna um problema quando este mesmo piloto é impedido de permanecer na classe. É verdade que Oscar Piastri, o campeão de 2021, fez sua estreia na F1 no ano passado, mas muito em função da própria ousadia do que do título outrora conquistado na F2.

Victor Martins em ação: piloto da Alpine foi um dos destaques de 2023 (Foto: Fórmula 2)

Já em 2022, o campeão foi Drugovich, que conseguiu em seguida acordo com o programa de desenvolvimento da Aston Martin para o ano seguinte. Para 2024, Felipe correu atrás de todas as portas possíveis, mas sem sucesso, ficando mais um ano de fora do grid da F1. Théo Pourchaire, o atual detentor do título, viu caminho semelhante, mas preferiu manter-se ativo e ir para a Super Fórmula enquanto espera pela sua vez em uma fila que só cresce.

E essa é uma falha que precisa ser consertada, uma vez que a F2 é o ponto final das categorias de base nos monopostos. A cada ano, mais nomes surgem querendo uma única chance de provarem que são merecedores da Fórmula 1. Para 2024, as bolas da vez, além dos agora veteranos Oliver Bearman e Victor Martins, são os novatos puxados pela sensação Andrea Kimi Antonelli, além de Gabriel Bortoleto, Josep María Martí, entre outros. Coincidentemente, todos esses citados têm em comum vínculos com alguma academia de pilotos da F1, mas isso é no máximo uma vitrine um pouco mais expositora — a única exceção talvez seja Antonelli, que vem sendo claramente preparado pela Mercedes para um futuro que não parece tão distante.

O fato é que esse pulo precisa acontecer de alguma forma, pelo menos com o campeão da F2, e não é um problema de falta de vaga na F1. Para 2024, por exemplo, vários eram os contratos terminando ao final de 2023, entre eles, o de Guanyu Zhou com a Alfa Romeo, marca sob a qual a Sauber correu nos últimos anos. E o campeão vigente Pourchaire é membro da academia de Hinwil, mas a equipe preferiu insistir no piloto chinês para uma terceira temporada, mesmo Zhou tendo feito outra temporada fraca.

A decisão não só de Alfa Romeo, como também de Williams, AlphaTauri, Haas de manterem suas respectivas duplas fez com que, pela primeira vez na história, a F1 não tivesse alterações no grid de um ano para o outro. Para 2025, novamente diversas vagas serão abertas, algumas antes inimagináveis. A esperança é que essa nova fase na F2 permita aos jovens pilotos não apenas um preparo melhor, como também traga mais qualidade nas disputas e coloque os verdadeiros talentos em evidência. É o começo para que a fila para a F1 enfim volte a andar.

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O GRANDE PRÊMIO acompanha a temporada 2024 da Fórmula 2, que começa neste fim de semana, entre os dias 29 de fevereiro e 2 de março, no Bahrein.

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