Guia Fórmula E 2023: Gen3 chega com regras polêmicas, sem FanBoost e grid repaginado

Não é só uma nova geração de carros que entra em ação na Fórmula E 2022/23: novo conjunto de regras, um grid totalmente modificado e uma nova fornecedora de pneus dão o tom da Era Gen3 na categoria

Uma temporada que promete implementar uma nova geração de carros — que prometem ser os mais velozes da história da categoria — já seria suficiente para chamar atenção para o ano de 2023 na Fórmula E, mas a verdade é que as mudanças estão longe de parar por aí. Entre alterações no calendário, muitas saídas e chegadas no grid, a confecção do polêmico regulamento esportivo e um novo fornecedor de pneus, a nona temporada da modalidade promete fortes emoções. E são essas novidades que o GRANDE PRÊMIO aborda no último texto do Guia da Fórmula E 2022/23.

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Atual campeão, Stoffel Vandoorne também inicia Era Gen3 com mudanças e parte para nova fase na DS Penske (Foto: Fórmula E)

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Novas regras

Se algo chamou atenção às vésperas da pré-temporada da Fórmula E, em Valência, foi a oficialização do novo regulamento esportivo da categoria. Procurando revitalizar uma fórmula que corre o risco de perder o apelo do público, a organização decidiu criar um novo modo de ataque para 2023, que será utilizado em algumas corridas selecionadas ao longo do ano.

O novo artifício se chama Attack Charge, e consiste em uma parada obrigatória de 30s que irá desbloquear dois períodos de modo ataque, aumentando a potência em 50 kW [de 300 kW para 350 kW]. Nas corridas em que a nova tecnologia não for usada, o modo ataque tradicional permanece. Por outro lado, com o objetivo de fortalecer a “veia esportiva” da categoria, a Fórmula E decidiu descontinuar o FanBoost, presente desde a primeira temporada, em 2014.

Se o fim do FanBoost foi recebido com alívio pelas equipes, que não apoiavam a artificialidade da votação online, outro aspecto do novo regulamento gerou revolta no grid. A Fórmula E chamou as equipes para votarem a regra de ter dois pilotos novatos ao longo de dois treinos livres no ano, e o resultado foi um sonoro nove a um contra.

Disputas da Fórmula E terão um novo modo ataque em 2023 (Foto: Fórmula E)

Ainda assim, a categoria foi em frente e aprovou a nova regra, gerando insatisfação imediata e muitos questionamentos por parte dos times — que por sua vez, estão preocupados em conhecer uma nova geração de carros, que podem ser danificados nas mãos dos novatos nas estreitas pistas do calendário.

A dificuldade logística em obter novas peças só piora a situação, trazendo o medo de que pilotos percam corridas em caso de um acidente na classificação ou em um dos treinos livres.

Por fim, as corridas da Fórmula E em 2023 passarão a ser contadas pelo número de voltas, e não mais por um cronômetro regressivo. Sendo assim, as interrupções por safety-car passam a adicionar novas voltas à corrida, diferentemente do que era feito até o ano passado — em que um acréscimo de tempo era dado de acordo com o intervalo de permanência do carro de segurança na pista.

Calendário

A Fórmula E preparou quatro estreias para a primeira temporada dos carros Gen3: Hyderabad, na Índia; Cidade do Cabo, na África do Sul; São Paulo, no Brasil; e Portland, nos Estados Unidos. Todas elas entram pela primeira vez no calendário e se preparam para hospedar rodadas únicas, com corridas aos sábados.

As três primeiras estreias formarão uma trinca consecutiva de etapas: o eP de Hyderabad, quarta corrida do campeonato, acontece em 11 de fevereiro; a quinta prova será no eP da Cidade do Cabo, no dia 25 do mesmo mês, enquanto o eP de São Paulo recebe a sexta disputa da temporada no dia 25 de março, no Sambódromo do Anhembi. Por fim, o eP de Portland acontece no dia 24 de junho.

Fora as estreantes, todas as outras pistas estavam presentes no calendário do ano passado. Diriyah, por exemplo, perdeu o posto de estreia do campeonato para a Cidade do México, mas se manteve como rodada dupla. Berlim também receberá duas corridas, assim como Roma, Londres e Jacarta, que sediou apenas uma em 2022 e terá a oportunidade de realizar um fim de semana completo este ano. Por fim, Mônaco também recebe uma das corridas no dia 6 de maio.

Este é o traçado idealizado para a primeira corrida da história da Fórmula E no Brasil, em São Paulo (Arte: Fórmula E)

Mudanças no grid

De uma temporada para a outra, apenas a Jaguar manteve sua dupla de pilotos para 2023 na Fórmula E, com Mitch Evans e Sam Bird garantidos por ao menos mais um ano. Além disso, algumas outras novidades estarão presentes no paddock: Mercedes e Venturi deixaram o grid e foram incorporadas por McLaren e Maserati, respectivamente, enquanto a Dragon virou DS Penske após fechar com a montadora francesa e garantiu uma das duplas mais fortes do grid, a única que reúne dois campeões: Stoffel Vandoorne e Jean-Èric Vergne.

Com a ida da DS para a Penske, a Techeetah ficou definitivamente sem apoio e deixou a categoria, o que reduziria o total de equipes para dez. No entanto, a Abt Cupra confirmou sua primeira empreitada como time próprio na Fórmula E e restaurou o número de 11 escuderias e 22 pilotos no grid.

Entre as equipes que se mantiveram na categoria, muitas mudanças. A Envision perdeu Robin Frijns, que foi para a Abt, e trouxe Sébastien Buemi para seu lugar; a Andretti substituiu Oliver Askew por André Lotterer; a Mahindra sacou Alexander Sims e contratou o brasileiro Lucas Di Grassi; a NIO encerrou uma parceria de anos com Oliver Turvey e fechou com Sérgio Sette Câmara; a Nissan perdeu Buemi e Maximilian Günther — agora na Maserati — e revitalizou a dupla, com Norman Nato e Sacha Fenestraz; por fim, a Porsche levou António Félix da Costa para a vaga de Lotterer.

Falando sobre as equipes que ainda se preparam para estrear, a McLaren fechou com René Rast e o estreante Jake Hughes; a Maserati levou Günther para correr ao lado de Edoardo Mortara; a Abt, por sua vez, tirou Frijns da Envision e puxou Nico Müller de volta ao grid.

O brasileiro Sérgio Sette Câmara também está de casa nova na Fórmula E (Foto: Fórmula E)

Nova fornecedora de pneus

Após um passado de história com a Michelin, a Fórmula E virou a página e terá uma nova fornecedora de pneus a partir da temporada 2022/23. Alinhada com a proposta ecológica da categoria, a Hankook assinou contrato para ser a nova marca exclusiva de compostos da modalidade a partir deste ano, e a parceria não acaba por aí.

Além de fornecer os pneus, a Hankook garantiu os naming rights de cinco corridas da Fórmula E em 2023: Cidade do México, que abre a competição, e as rodadas duplas de Roma e Londres, que fecham o campeonato.

Os pneus fornecidos pela Hankook à Fórmula E possuem 26% de sua construção com materiais sustentáveis, e a empresa garante que todos eles serão reciclados ao fim de suas vidas úteis — sem gerar efeitos negativos para o meio-ambiente. Assim como nos anos anteriores, os mesmos compostos serão utilizados em pistas secas e molhadas.

A estreia oficial da temporada 2022/23 acontece no próximo sábado (14), com o eP da Cidade do México. A corrida, que será realizada no Autódromo Hermanos Rodríguez, terá transmissão ao vivo do BandSports e está marcada para as 17h (horário de Brasília).

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