Wehrlein reafirma posto de ‘señor do México’ na Fórmula E. Mas pista precisa de revisão

Pascal Wehrlein abriu o ano com uma vitória dominante na Cidade do México, mas a melhor notícia para a Porsche ficou mesmo pela classificação impecável do alemão. Por outro lado, o Autódromo Hermanos Rodríguez trouxe mais uma corrida fraca e precisa ser discutido

Pascal Wehrlein começou a temporada 2023/24 da melhor forma possível e venceu o eP da Cidade do México, disputado neste sábado (13), mostrando que a Porsche segue como uma das principais forças da Fórmula E. Além da primeira colocação e da pole — um dos grandes defeitos do time alemão em 2023 —, o domínio do piloto ao longo de toda a prova chamou atenção e ressaltou o poder que o competidor possui no Autódromo Hermanos Rodríguez. Para tristeza de Pascal, entretanto, a permanência do circuito no calendário precisa ser discutida.

Primeiramente, ao vencedor, os louros. Wehrlein foi excelente na Cidade do México. Consciente do que precisava fazer ao largar na primeira colocação com um dos carros mais eficientes do grid, o alemão em nenhum momento deu pinta de que a vitória estava ameaçada e apenas controlou as aproximações de Sébastien Buemi para vencer praticamente de ponta a ponta.

A apresentação apenas coroou um passado recente de muito sucesso do alemão, que conhece os atalhos em solo mexicano. Há dois anos, Pascal não sabe o que é sair do México sem ao menos um segundo lugar. Venceu em 2022 — sua primeira na Fórmula E e a primeira também da Porsche — e chegou em segundo no ano passado. Agora, novamente volta a brilhar no lugar mais alto do pódio.

A pole, inclusive, teve um grau de importância muito parecido — e talvez até maior — do que a vitória em si. É fato já conhecido que a Porsche possui ritmo de corrida para brigar em todas as pistas desde o ano passado, não à toa o alemão disparou na liderança no início de 2023. O problema, entretanto, vinha sempre nas classificações.

Wehrlein foi soberbo no México e mereceu a vitória (Foto: Porsche)

Sem ritmo em voltas lançadas, a Porsche viveu uma constante no ano passado: largava lá atrás e precisava se recuperar em quase todas as provas. Não é uma coincidência que António Félix da Costa tenha dito ao GRANDE PRÊMIO no México que “90% do trabalho de pré-temporada” foi focado no ritmo de classificação.

Sendo assim, dá para entender perfeitamente como a pole deste sábado chega como uma grande notícia para a montadora alemã: o ritmo de corrida e a eficiência seguem lá, mas agora aliadas a um poder muito maior nas classificações. É exatamente a receita que a Porsche buscou por um ano inteiro para se colocar como postulante real não apenas ao Mundial de Pilotos, mas também ao de Equipes.

Nem tudo, porém, foi positivo. Depois de uma temporada espetacular em 2023, com algumas das melhores corridas que a Fórmula E já viu, a abertura de 2024 trouxe — pela terceira vez seguida — uma prova insossa e sem emoções na Cidade do México. Por um lado, a notícia até pode ser boa, já que o roteiro foi o mesmo do ano passado — ou seja, só tende a melhorar. Por outro, a permanência do Autódromo Hermanos Rodríguez precisa ser posta em perspectiva.

A pintura especial deu sorte à Porsche, que abriu a temporada com vitória dominante de Wehrlein (Foto: Porsche)

Abrir o ano em um circuito permanente é excelente para a Fórmula E em termos logísticos, já que envolve muito menos desafios do que nas tradicionais pistas urbanas, mas o traçado não ajuda. O trecho do estádio costuma passar a impressão de que os carros estão mais próximos, mas a verdade é que todos chegam à reta principal com certa distância uns dos outros. Em uma categoria que tem a gestão da bateria como um de seus pontos principais — e sem DRS, vale frisar —, poucas ultrapassagens podem ser vistas no local.

Não é muito diferente na Fórmula 1, principal categoria a correr no Hermanos Rodríguez, mas o artificial DRS costuma aproximar alguns carros e dá a impressão de que as disputas na reta principal acontecem com certa frequência. Não é o caso. Sem a asa móvel, o fato é que as provas da principal modalidade do esporte a motor no local teriam ainda menos ultrapassagens — que, na verdade, já são bem raras.

A boa notícia é que a Cidade do México ficou para trás. Daqui em diante, se o grau de emoção acompanhar o ano passado, a Fórmula E tem uma excelente perspectiva para 2024. A curva em 2023 foi ascendente, e a temporada atual tem tudo para repetir a trama. Começando por Diriyah, que trouxe uma grande disputa com vitória de Wehrlein, alguns pontos de interrogação começam a surgir.

Será que a Porsche realmente resolveu suas questões na classificação ou foi um momento específico vivido no México? No ano passado, Wehrlein varreu o fim de semana árabe e nem precisou se classificar bem para isso. Este ano, o alemão tentará, certamente, repetir o resultado do último campeonato. É fato que terá um cenário completamente diferente pela frente, com os carros de trem de força Jaguar em outro patamar. É esperar para ver.

GRANDE PRÊMIO, emissora oficial da Fórmula E no Brasil, mostra todas as atividades da temporada AO VIVO e COM IMAGENS no YouTube e no Kwai. A categoria volta nos dias 26 e 27 de janeiro, com a rodada dupla do eP de Diriyah.

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