Porsche brilha após punição polêmica: positivos e negativos da Fórmula E em Misano

Um dia depois de vencer com António Félix da Costa e ver o português ser desclassificado por questão técnica, a Porsche voltou para a pista e triunfou de novo. eP de Misano ainda teve ERT e Abt Cupra em novos níveis e mais uma decepção da atual campeã Envision

A rodada dupla do eP de Misano da Fórmula E, primeira passagem da história da categoria pela pista italiana, trouxe as confirmações de algumas histórias que já vinham sendo contadas na temporada — mas que se posicionaram com mais afinco ao longo do fim de semana. Em meio à polêmica desclassificação de António Félix da Costa, vencedor da corrida 1, Oliver Rowland herdou o primeiro lugar, enquanto Pascal Wehrlein foi o responsável por faturar a corrida 2.

Entre os pontos altos da passagem da Fórmula E por Misano, destacaram-se a força da Porsche em uma corrida de gestão de energia, mas também o fato de que a Nissan está cada vez mais próxima das principais forças do campeonato — e merece ser considerada como uma. Além disso, Abt Cupra e ERT deram novos sinais de que a concorrência na parte de baixo da tabela também será intensa até o fim.

Nem tudo são flores, porém. A etapa italiana também trouxe pontos negativos, como a já citada desclassificação de Da Costa por uma mola do amortecedor do acelerador. Sébastien Buemi seguiu o calvário da Envision, completamente sumido no fim de semana, enquanto a Mahindra mostra que não consegue igualar a evolução de sua cliente. Por fim, Norman Nato até pontuou na corrida 1, mas saiu de Misano com 30 tentos a menos que o companheiro Jake Dennis.

A cada fim de semana de corrida, o GRANDE PRÊMIO traz alguns nomes que deixam a etapa em alta e outros que saem de forma negativa. Confira todos os escolhidos após o eP de Misano!

eP de Misano trouxe duas corridas malucas e cheias de emoção à Fórmula E (Foto: Fórmula E)

👍 POLEGAR PARA CIMA 👍

Porsche

Na pista, a Porsche venceu as duas corridas da perna italiana. António Félix da Costa executou grande recuperação na primeira prova, saindo de 13º para a liderança, e Pascal Wehrlein novamente se classificou bem e manteve o desempenho na corrida. É o trem de força mais eficiente da categoria, evoluiu em relação ao ano passado e o único problema segue sendo o ritmo na sessão classificatória — aqui, também incluída a cliente Andretti. Se aproximou de vez da Jaguar no campeonato e vive um momento melhor que os felinos, ao contrário da segunda metade do ano passado.

Oliver Rowland

A verdade é que Rowland não tem nada a ver com a punição de Da Costa. Fez o que foi preciso e terminou em segundo na corrida 1, herdando a vitória, e liderava a corrida 2 até a última volta — quando um problema no painel da Nissan indicava que a prova teria um giro a mais, o que o deixou sem energia na pista. Não foi uma questão causada pelo piloto, que extrai tudo do conjunto japonês e sairia de Misano na liderança não fosse o desastre no fim. Com o ritmo que vem mostrando e a evolução do trem de força que tem em mãos, precisa ser considerado como um dos postulantes ao título. É um renascimento depois de uma passagem tão frustrada pela Mahindra no ano passado.

Jake Dennis

Mais uma vez, a Andretti não se achou em ritmo de classificação. Dennis sofreu junto e largou em 18º na corrida 1 e em nono na corrida 2. No fim, terminou em segundo nas duas. Mesmo com o peso da desclassificação de Da Costa na primeira prova, o atual campeão mostra uma consistência absurda e foge de problemas, ciente de que a regularidade é o mais importante na busca pelo bi. Mostra consciência sobre as qualidades e defeitos de seu conjunto e já acumula três pódios consecutivos. Por estar sempre pontuando, voltou a empatar com Wehrlein na liderança do campeonato e sai muito em alta de Misano.

Dennis deixou Misano com 36 pontos na bagagem e igualou Wehrlein na liderança (Foto: Fórmula E)

Nico Müller

Milagre. Perfeição. Assombro. Todas essas são palavras justas para descrever a segunda corrida de Müller em Misano. O suíço, que arrancou dois quartos lugares nas classificações da etapa com a problemática Abt Cupra, realmente não fez uma boa primeira prova. Na segunda, entretanto, ocupou o terceiro posto até o fim e levaria a equipe a um pódio inacreditável, justamente em uma corrida tão marcada pela necessidade de gerar energia. No fim, foi ultrapassado por Nick Cassidy em cima da linha e perdeu o top-3 por míseros 0s050. Ainda assim, conquistou o melhor resultado da escuderia desde seu retorno à Fórmula E, com o quarto lugar, e justificou mais uma vez o interesse da Porsche. Vive grande temporada.

ERT

Em uma etapa com duas corridas de pelotão marcadas pela necessidade de ser eficiente e cuidar da energia, quem imaginou ver a ERT nos pontos duas vezes seguidas? Pois foi exatamente o que o time chinês conseguiu. Com uma estratégia bem diferente do habitual na primeira disputa, andando no fundo do grid e guardando bateria até o fim, a escuderia cruzou a linha de chegada com Dan Ticktum em quarto e Sérgio Sette Câmara em sexto. Resultado inacreditável.

O brasileiro, porém, acabou punido mais uma vez ao fim da prova, desta vez por excesso de temperatura na bateria, e despencou para o fundo do pelotão. No entanto, mostrou no dia seguinte que o desempenho não foi mero acaso e novamente terminou em sexto, somando mais oito pontos no campeonato e dando continuidade a uma grande temporada. Na pista, Serginho foi aos pontos em todas as três últimas corridas. E a ERT, cheia de defeitos, soube executar a rodada dupla de Misano com maestria.

Sette Câmara cruzou a linha de chegada no top-10 nas últimas três corridas (Foto: Fórmula E)

👎 POLEGAR PARA BAIXO 👎

Mahindra

Enquanto a cliente Abt Cupra alcançou seu melhor resultado desde que voltou à Fórmula E, no início de 2023, a fornecedora Mahindra segue perdida. Única equipe que ainda não pontuou em sete corridas, os indianos passaram longe dos pontos mais uma vez e não dão qualquer indício de evolução. A única exceção foi Tóquio, mas Edoardo Mortara acabou usando mais energia do que o permitido e foi punido. O time vive um calvário inacreditável e ainda convive com um Nyck de Vries que não consegue competir. Cenário tenebroso.

Norman Nato

Nato até foi aos pontos na corrida 1, com o sétimo lugar, mas chama cada vez mais atenção o quanto o francês anda distante do companheiro Dennis. Tudo bem que a Andreti raramente é veloz em ritmo de classificação e que o britânico tem muito mais tempo de casa, mas Norman ainda não mostrou a que veio em uma equipe que corre com motores Porsche, os mais eficientes do grid em ritmo de corrida. Enquanto Jake somou 36 pontos, o maior pontuador da etapa, o francês fez seis. Precisa dar mais, porque comprovadamente há conjunto para conseguir melhores resultados.

Envision

Campeã do Mundial de Equipes da Fórmula E em 2023, a Envision é a oitava colocada de 11 times em 2024 — e não há sinais de melhora. Cliente da Jaguar, que lidera o campeonato, a escuderia verde amargou mais um fim de semana completamente inócuo em Misano. Sébastien Buemi nem apareceu, enquanto Robin Frijns chegou a liderar um treino livre mas também não deu o ar da graça nas corridas. Nas classificações, a situação também foi muito ruim. Frijns até passou para as quartas no sábado (13), mas caiu logo no primeiro duelo — e tomou 0s7 da Abt Cupra de Müller, que anda com motor Mahindra. É uma queda de desempenho aguda e que não demonstra indicações de recuperação, ainda mais considerando que o carro é essencialmente o mesmo do ano passado. Muito preocupante.

Alguém viu a Envision no fim de semana da Fórmula E em Misano? (Foto: Fórmula E)

Punição a Da Costa

É impossível falar do eP de Misano sem mencionar a punição a Da Costa, que o desclassificou da corrida 1. Vencedor na pista, o português foi derrubado dos resultados finais após a inspeção técnica detectar uma mola proibida no amortecedor do acelerador. O detalhe é que essa mola era permitida até o ano passado, mas as equipes não receberam uma notificação oficial sobre sua remoção — ela foi apenas eliminada do regulamento. Sem ganho de desempenho, o piloto pagou por uma desatenção da escuderia, que deveria ser a única punida nessa história — seja com multa ou perda de pontos no Mundial de Equipes. No fim, mudou o que aconteceu na pista e foi, esportivamente falando, uma péssima decisão.

Fórmula E retorna no dia 27 de abril, com a disputa da oitava etapa da temporada no eP de Mônaco — que tem todas as suas quatro atividades previstas para o sábado. O GRANDE PRÊMIO transmite a temporada completa AO VIVO COM IMAGENS no YouTube.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Formula E direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.