Retrospectiva 2023: Porsche e Jaguar sobram e indicam maior rivalidade da Fórmula E

Desde Renault x Audi, nos primeiros anos, a Fórmula E não tem uma grande rivalidade entre duas fábricas. Mas é o que Jaguar e Porsche prometem. E mais: com clientes no bolo

A temporada 2023 da Fórmula E, primeira da era Gen3, marcou algo que não se via de forma tão marcante desde as origens da categoria: uma forte rivalidade clara entre duas fábricas. Porsche e Jaguar saíram inegavelmente na frente da oposição quando efetuaram as novidades, algo que fora visto nos tempos de Renault x Audi.

Ninguém sabia bem o que esperar das equipes e seus novos motores quando o Gen3 aportou na Cidade do México em janeiro de 2023. Os testes de pré-temporada pouco haviam mostrado, uma vez que os muitos problemas de confiabilidade, ritmo e falta de peças preocupava demais e fez com que as coisas se desenrolassem abaixo do nível normal.

O que o México mostrou, a Arábia Saudita destacou e as etapas seguintes ressaltaram foi que a Porsche tinha poderio acima das demais. Tanto que, em entrevista pouco antes do eP de São Paulo, Lucas Di Grassi, que além de piloto é um especialista da categoria, chegou a afirmar que “a Porsche, neste e no próximo ano, deve dominar e terminar com as três primeiras posições [do Campeonato de Pilotos], pelo menos”.

Assim, o começo da Fórmula E mostrou Porsche e sua equipe cliente, a Andretti, em ampla vantagem. Até que, a partir do Brasil, sobretudo, a Jaguar passou a responder. Junto dela, a Envision, cliente da marca felina. Estava posta a rivalidade. Das 16 corridas da temporada, 14 foram vencidas por uma das quatro, enquanto Maserati e DS Penske venceram uma cada — além disso, 38 de 48 pódios.

Jake Dennis, campeão pela Andretti e seus motores Porsche (Foto: LAT/Fórmula E)

Mais que isso, o título de Equipes ficou na mão da Envision, com a Jaguar em segundo, Andretti e Porsche em terceiro e quarto; o de Pilotos foi para as mãos de Jake Dennis (Andretti) seguido por Nick Cassidy (Envision), Mitch Evans (Jaguar) e Pascal Wehrlein (Porsche).

Sobretudo em 2024 [mas também em 2025], quando não há possibilidade de trocas de fornecimento de motores entre equipes ou mudanças no trem de força, é altamente improvável, para não dizer impossível, que a ordem de forças seja drasticamente alterada. As duas fábricas e quatro equipes, portanto, saem extremamente favoritas.

“As regras já falam para o ano que vem, o Gen3 sai de cena no fim de 2025. Não vejo as equipes fazendo muita coisa em termos de desenvolvimento. Estamos limitados no quanto podemos fazer”, apontou o campeão Dennis.

“As equipes vão preencher as lacunas, as diferenças vão diminuir, mas os benefícios fundamentais do trem de força da Porsche vão continuar aí. A Porsche definitivamente tem os melhores motores junto da Jaguar, esses estão acima dos outros. Será uma competição dura entre nós, mas acho que é algo para qual todos estamos preparados”, finalizou em resposta ao GRANDE PRÊMIO.

A batida que tirou Evans (Jaguar) e Cassidy (Envision) no eP de Roma 2 (Vídeo: Fórmula E/GRANDE PRÊMIO)

É algo que a Fórmula E não vê há tempos. Na realidade, desde que as fábricas passaram a fazer os próprios motores jamais houve algo assim. Apenas na era Gen1, quando o trem de força era padrão é que houve algo assim. Apesar da China Racing, atual ERT, ser campeã no primeiro ano, Renault e Audi passaram a operar as equipes e.dams e Abt no ano seguinte com mais firmeza. Daí, então, passaram a ter evidentemente os dois melhores carros do grid.

Na primeira temporada, quando havia apenas Campeonato de Pilotos, Nelsinho Piquet levou a melhor, mas Sébastien Buemi (Renault) e Di Grassi (Audi) chegaram na decisão brigando por título. Já no segundo ano, 2015/16, Buemi foi campeonato sobre Di Grassi numa decisão dramática, com batida entre os dois. A Renault levou a melhor entre as Equipes, com a Audi vice.

Em 2016/17, o inverso: Di Grassi campeão com Buemi vice, após ambos chegarem quase juntos à última etapa. Mas a Renault ainda se segurou na frente entre as Equipes. Último ano da era Gen1, 2017/18 apresentou uma nova postulante ao título: a Techeetah, mas que usava motores da Renault. A novata ganhou o campeonato de Pilotos, com Jean-Éric Vergne, e Di Grassi vice. Entre as Equipes, porém, finalmente a Audi levou a melhor em cima da própria Techeetah. A Renault ficou para trás e já pensava em ceder a equipe.

Foi o que aconteceu para a temporada posterior, quando a Renault manteve a e.dams como time oficial ao passá-lo à coirmã Nissan, onde permanece até hoje. Com o Gen2, o campeonato mudou muito. A Techeetah continuou na frente, é verdade, mas agora como equipe oficial da DS Citroën. Em outros momentos, a proximidade no grid era tamanha que não havia grande rivalidade entre duas fábricas destacadas. No fim do Gen2, a Mercedes separou um pouco, mas abandonou o barco.

Agora, com o Gen3, Porsche e Jaguar trazem o duelo Renault x Audi de volta, com outros personagens, mas trazendo um gosto que faltava. E ainda mais forte, porque envolve o dobro de equipes, por conta das clientes. Os atritos entre Porsche e Andretti no fim do campeonato, quando a equipe americana achou que a parceira dificultava o título de Jake Dennis por meio de Pascal Wehrlein, deixou claro.

A rivalidade entre equipes está de volta à Fórmula E. Ainda bem.

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