O resultado poderia até ser normal para alguém que está apenas em sua segunda participação, que não conhece bem os ovais, mas os problemas vão bem
além da inexperiência de Alonso. É verdade que o bicampeão do mundo bateu o carro nos treinos livres e precisou de um novo chassi que nem da McLaren era, mas o buraco é muito mais fundo.
Acontece que se
trata de uma tragédia anunciada. A McLaren, sem a menor experiência recente em ovais e na
Indy, quis investir em uma inscrição solo e, para piorar, firmou parceria com a modesta Carlin. Se em 2017 era a Andretti ali para dar suporte e fazer um dos melhores carros do grid, tudo mudou para 2019.
Fernando Alonso está no Bump Day (Foto: IndyCar)
E o que se viu na pista foi uma McLaren lenta e uma Carlin pior ainda. Dos quatro carros da dupla, só Charlie Kimball conseguiu se classificar antecipadamente para a Indy 500. Ou seja: Alonso vai ter de competir com os quase-companheiros Max Chilton e Pato O'Ward e, a menos que role um milagre, a Carlin vai desfalcada para a corrida do próximo domingo.
Mais do que tentar a Tríplice Coroa no 'modo hard' por ter um carro bem inferior ao de 2017 e a muitos outros do grid, Alonso ainda arrisca a própria reputação, afinal, sequer se classificar para a Indy 500 pode ser uma daquelas manchas no currículo que jamais serão esquecidas.
"Acho que temos velocidade. Estamos onde estamos hoje, e amanhã temos uma nova chance de estar na corrida. Se entrarmos, está bem. Se não, é porque não merecemos. O acidente não atrapalhou muito, pra ser sincero. Isso aconteceu na semana inteira. Não temos a velocidade e não vamos achar de uma noite para a outra, então, vamos tentar fazer uma boa volta para ficar nas três posições de classificação", resumiu o espanhol à 'NBC'.
Fernando Alonso foi apenas o 31º (Foto: IndyCar)
Ainda que se classifique – como deve se classificar, afinal, foi 31º hoje -, a perspectiva para a corrida é das piores. Alonso deve aproveitar a experiência das vacas magras e somar quilometragem, somar desafios. Novas chances virão, mas é bom que tanto ele quanto a McLaren parem de subestimar as 500 Milhas de Indianápolis.
Além de Alonso,
dor de cabeça imensa para James Hinchcliffe. Todos que vão para o Bump Day precisam se preocupar, mas o canadense um pouco mais. Os fantasmas de Indianápolis voltaram para alguém que, em quatro anos, sofreu um acidente grave em uma edição, fez pole na outra e foi bumpado na mais recente. Agora, está de novo com a corda no pescoço após novo acidente.
"Não sei bem quanto faltou, mas preciso agradecer muito a equipe. Todo mundo dos carros do Ericsson, Servià e Harvey veio ajudar para colocar o #5 na pista. Era um carro de misto, faltava um monte de coisa, mas conseguimos. Não foi o suficiente, mas estamos vivos, felizmente temos a chance amanhã, eu confio nesse time, temos como achar a velocidade que faltou", comentou Hinch.
James Hinchcliffe com o carro reserva (Foto: IndyCar)
Dentre as belas histórias de classificação direta, duas se destacam, justamente dos dois pilotos que lideravam as apostas para dançarem no Bump Day: Ben Hanley e Pippa Mann. Ele,
pela novata DragonSpeed, equipe que estava parecendo a Williams da Indy, várias voltas atrás, muitos segundos mais lenta. Ela, pela total incógnita Clauson-Marshall, equipe da família de Bryan Clauson.
"A grande notícia é que fomos muito rápidos a semana toda. A gente achou que faria entre o 23º e o 26º tempo na primeira chance e isso realmente rolou, só que meio que erramos os cálculos em relação a quem iria melhorar os tempos, como ficaria a pista. Eu tive de ficar ali rezando e suando, esperando ver se passava. Só ficava na minha cabeça o medo de rolar tudo igual ano passado", relatou Pippa, que caiu no Bump Day com Hinchcliffe em 2018.
Pippa Mann teve uma classificação heroica (Foto: IndyCar)
Do outro lado da tabela,
a Carpenter fez valer o favoritismo construído ao lado da semana e, assim como em 2018, chega ao Fast Nine como grande candidata à pole. Foi Spencer Pigot, por nada mais que 0s001 em relação a Will Power, o mais veloz do dia.
Aliás, a demonstração de força da Chevrolet chamou muito a atenção. Foram nada menos que seis classificados: três da Penske e três da Carpenter.
"Claro que me sinto ótimo, todos nossos carros no Fast Nine pelo segundo ano seguido e a minha marca sendo a melhor. A gente nunca parou de trabalhar por essa corrida, a Chevrolet fez um grande trabalho, o Ed tem três carros muito rápidos. Vai ser ótima a disputa interna amanhã. Tenho confiança no time, sabemos do desafio, mas vamos atrás da pole", disse Pigot.
Spencer Pigot liderou o dia (Foto: IndyCar)
Entre os brasileiros, todos os três garantidos sem problemas na Indy 500, mas dá para dizer que Helio Castroneves sai com um gostinho amargo ao ver o domínio da Chevrolet e todos os parceiros de Penske no Fast Nine.
Os dois da Foyt também podiam até esperar mais, mas a equipe sofreu bem menos que em outras pistas, já é algo positivo.
"Foram voltas sólidas, mas não tínhamos a velocidade que achávamos. Tentamos duas vezes, mas viramos quase que a mesma coisa em ambas as tentativas. Mas está ok, agora é focar na corrida. Temos um carro nas primeiras quatro filas, ótimo", declarou Castroneves, 12º no grid.
Tony Kanaan está classificado (Foto: IndyCar)
"Esperávamos um pouco mais, mas o carro estava bom, sei lá. Foi um dia atípico, muito calor e vento, não teve nada disso nos treinos livres, todo mundo teve de superar isso. Mas é isso que foi, espero um bom carro para a corrida", afirmou Kanaan, que larga em 16º.
“A nossa segunda tentativa foi bem melhor que a primeira, pois conseguimos melhores condições e melhoramos o carro após falar com o Eric (Cowdin, diretor-técnico) e o Tony (Kanaan). Foi bom para termos uma posição mais segura para garantir nossa vaga na Indy 500 e agora vamos focar na corrida. Acreditamos que temos potencial para buscar um bom resultado na 500 Milhas deste ano”, contou Leist, o 24º no grid.
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