No elevador da Indy, invicta Ganassi só sobe, enquanto Penske despenca

A Ganassi é a grande força da temporada 2020 da Indy. Mesmo quando Scott Dixon não foi bem, Felix Rosenqvist e Marcus Ericsson se destacaram e o time manteve 100% com a vitória em Elkhart Lake. A Penske, por outro lado, sofre com performance, estratégias e a fase de seus pilotos

2020 já é espetacular para a Ganassi na Indy. Sim, fechamos apenas 25% da temporada, mas o campeonato da equipe já vai ter sido excelente mesmo que não vença mais nenhuma prova daqui até o final do ano. O motivo? São quatro vitórias conquistadas, a maior marca estabelecida desde 2013 pelos comandados de Chip Ganassi. Sim, é isso mesmo: em quatro etapas, uma quantidade que não foi atingida em 16, 17 provas dos anos anteriores.

Os números são impressionantes e deixam claro que, sim, a Ganassi é a equipe a ser batida em 2020, mas, muito mais do que isso, surpreende a performance dos carros. Não é exagero dizer que, nos últimos anos, a maioria das vitórias do time vinham de acertos de tática, pit-stops velozes ou do talento de Scott Dixon. Na temporada atual, tem tudo isso, mas também tem um carro que é muito veloz.

A primeira demonstração de força veio no Texas, um oval longo. A Ganassi estava sobrando e o 1-2 só não saiu porque Felix Rosenqvist estragou tudo, indo parar no muro. Dixon controlou o ritmo, marchando fácil para a vitória. Em Elkhart Lake, na corrida 2 deste domingo (12), foi Dixon quem não teve jornada inspirada, mas pouco fez falta. Marcus Ericsson, ele mesmo, quase foi ao pódio, enquanto que Rosenqvist estragou a festa de um brilhante Pato O’Ward e da McLaren, triunfando pela primeira vez na Indy.

Felix Rosenqvist venceu a primeira na Indy (Foto: IndyCar)

“Foi uma corridas daquelas, assim como Mid-Ohio no ano passado, que você tem de confiar no seu ritmo. Corremos muito de frente para o vento, diferente de ontem quando ficamos no tráfego na maior parte da corrida. Tentamos nos manter o mais livres possíveis porque sabíamos do nosso ritmo de corrida. Foi divertido. Ele [Pato O’Ward] manteve a distância, mas fui cortando e o alcançando, ao mesmo tempo em que enfrentamos tráfego, e isso funcionou ao meu favor. Sou um dos que mais reclama disso, então foi bom. Quando o Pato encarou o tráfego, saiu do controle dele, fomos ganhando muito mais com os pneus duros. Naquele ponto, estava apenas focado em vencer. Tivemos ritmo, tivemos o push-to-pass. Foi uma boa briga, creio que todo mundo gostou”, comemorou Felix.

E o peso da vitória de Rosenqvist é o maior da temporada. Primeiro porque o sueco estava bem pressionado e balançando na vaga para 2021, mas, especialmente, pelo time se livrar de uma espécie de ‘Dixondependência’, afinal, desde 2014 que uma outra Ganassi não ganhava uma corrida. E melhor ainda que tenha sido assim, em um raríssimo dia ruim do neozelandês.

Dos três carros do time, o #9 foi o que menos rendeu, principalmente com os pneus pretos. Não bastasse isso, teve pit-stop lento, teve carro morrendo nos boxes, enfim, definitivamente, não era a tarde de Dixon. E normal que seja assim, não se pode vencer sempre. No fim, um 12º lugar que, para o campeonato, passou bem longe de ser trágico: 54 pontos separam Scott do resto da Indy.

Scott Dixon não teve um bom dia em Elkhart Lake (Foto: IndyCar)

“Eu imagino que não dá para ganhar todas, mas tentamos. Primeiro, quero parabenizar o Felix pela pilotagem, estou feliz por ele. Mais uma vitória para o time em Road America. Sabíamos que este momento chegaria, era questão de tempo. Que começo para Ganassi e Honda! Quatro vitórias em quatro corridas. Não foi o dia que queríamos com nosso carro, mas o equilíbrio e os pneus dianteiros nos deixaram na mão. Mal posso esperar para Iowa. Correr toda semana e manter o ritmo é o que todos querem”, disse Dixon.

Só que como todo bom elevador, para a Ganassi ter subido tanto, quem estava em cima tem de ter caído. E a Penske não caiu, despencou. Coincidentemente ou não, no ano em que seu chefão assume o comando da Indy, a equipe se perdeu e nem de longe lembra aquela força dominante do grid.

Para se ter uma ideia do tamanho do buraco em que se encontra a Penske, foi em 2013 que a equipe teve um início de campeonato com quatro corridas sem vitórias. Na classificação do campeonato, Simon Pagenaud, Josef Newgarden e Will Power aparecem próximos, mas bem distantes de Dixon.

“Apenas um dia difícil, não é o que queríamos, especialmente quando vê alguém como Dixon não ter um dia brilhante também. Não tivemos a velocidade que esperávamos. Acho que fizemos boas mudanças durante a noite, mas a corrida não foi ao nosso favor. No início, sabíamos que batalharíamos contra problemas aerodinâmicos, então mudamos para uma estratégia de combustível e posição na pista. No fim, tivemos velocidade e mostramos isso com a pole e liderança ontem. Não conseguimos colocar tudo junto. Vamos seguir e focar nossos esforços em Iowa”, comentou Newgarden, que chegou em um modesto nono lugar em Road America.

Josef Newgarden está longe do nível de 2019 (Foto: IndyCar)

Aliás, o nono lugar de Newgarden foi o melhor de uma Penske que teve Will Power em 11º e Simon Pagenaud em 13º. O que isso representou? Simplesmente o pior resultado da equipe desde a péssima participação na Indy 500 de 2016. Quase que nenhum dos três foi nem para o top-10, participação completamente apática.

Fazendo um balanço do campeonato do time, a Penske até tem tido classificações boas, fez três das quatro poles possíveis, mas os resultados não aparecem. O ritmo de corrida, em geral, é pior que o da Ganassi, as táticas de paradas e escolhas de pneus já foram mais eficientes e, principalmente, seus pilotos não vivem bons momentos.

Terceiro na tabela de pontos, Pagenaud tem feito péssimas classificações, mas corridas de recuperação decentes, principalmente pela estratégia escolhida. Não foi o caso em Road America. Já Newgarden, o quinto, vem se classificando melhor, mas errando mais do que o normal, como no sábado, quando deixou o carro apagar nos boxes com a vitória nas mãos. Mas aí vem Power, em outro patamar de péssima fase. É verdade que o australiano não está no auge faz uns anos, mas caprichou em 2020 e, especialmente, neste domingo.

Will Power: que corrida conturbada (Foto: IndyCar)

As primeiras sete voltas da prova foram em bandeira amarela e a culpa foi toda do #12. Will bateu em Ryan Hunter-Reay, bateu em Graham Rahal, bateu na placa de publicidade. O milagre é seu carro ter reagido tão bem a tanto contato, mas ficou feio. Não é disso que a Penske precisa, definitivamente.

“Que dia difícil para nós. Acho que no fim, poderia ser pior, 11º é uma pequena vitória. Discordo da punição, achei lance de corrida, então precisei trocar a asa dianteira, errei, saí da pista e precisei de outra parada para trocar asa. Não é o dia que precisávamos. Consegui um pódio ontem, mas não entreguei hoje”, explicou Will.

E a Andretti nisso tudo? Bom, a terceira das equipes do Trio de Ferro da Indy não tem também o ritmo da Ganassi nas corridas e nem o da Penske nas classificações. Com mais carros no grid que as rivais, porém, o time tem retomado seu espaço e parece ter em Colton Herta uma boa aposta para 2020. O ex-Harding vem na vice-liderança do campeonato e é, vejam só, o único de todo o pelotão que fez quatro top-10 no ano.

“Classificação foi melhor hoje, mas tivemos uma corrida regular. Deveríamos estar mais próximos do topo, mas cometemos erros. Infelizmente, é o que acontece. O carro parecia OK, os pneus se seguraram bem e nossos pit-stops foram bons. Estou feliz com o quinto lugar, são bons pontos para nós e a Honda. Feliz por ir até o fim de semana em Iowa com o segundo lugar no campeonato”, declarou o garoto.

Colton Herta é o vice-líder do campeonato (Foto: IndyCar)

Mas e Alexander Rossi? Bom, parece que o homem despertou. Após assumir uma inacreditável lanterna depois da corrida 1 de Elkhart Lake, o americano teve excelente performance na segunda prova e foi ao pódio. Pode ser tarde, mas é um alento para alguém que estava brigando tanto com o próprio carro.

“Depois das últimas corridas, é bom terminar na volta do líder. Nunca houve questionamento do nosso comprometimento e determinação, e acho que mostramos isso hoje. Mantivemos nossa cabeça baixa e continuamos a trabalhar. Nossa temporada começou atrasada em relação aos outros, mas vamos levar este momento para Iowa no próximo fim de semana, e espero manter. Agradeço ao time, a Honda venceu todas as corridas neste ano e isso é incrível. As coisas estão indo na direção certa, precisamos apenas executar”, comentou Alex.

E a temporada 2020 não dá respiros e margem pra lamentações. A categoria segue para Iowa, em mais uma rodada dupla. As provas acontecem em um oval curto, o primeiro da temporada, ou seja, uma grande e talvez última chance de mudança drástica no elevador da Indy.

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