GUIA 2021: Novatos ‘fakes’, Johnson e McLaughlin encaram realidades distintas

Jimmie Johnson e Scott McLaughlin, campeões respectivamente da Nascar e do Supercars, mudaram de horizontes e agora fazem parte da Indy. As situações soam semelhantes, mas os objetivos são diferentes para pilotos em momentos distintos da carreira

Chamada da Cultura trouxe trilha antiga do SBT (Vídeo: TV Cultura)

O que é um novato? No automobilismo, a definição ampla é de um piloto que faz seu primeiro ano em uma categoria, subindo de uma classe inferior para uma principal, ou simplesmente de maior destaque. Essa descrição serve para 99% dos casos, mas não para a Indy 2021, que recebe agora os experientes Jimmie Johnson e Scott McLaughlin como pseudo-novatos.

Os dois têm carreiras de respeito, mas longe dos monopostos. Johnson dispensa apresentações: heptacampeão da Nascar, é nome garantido em debates sobre o maior piloto da história do stock car americano. McLaughlin é um pouco menos conhecido, mas também tem currículo recheado: é tricampeão do sempre competitivo Supercars, representando a Penske na Austrália antes de pegar um avião para os Estados Unidos.

No caso de Johnson, a ida para a Indy é um luxo para alguém que já conquistou tudo que podia conquistar na Nascar. O americano já tem 45 anos, uma idade que começou a pesar em temporadas recentes – a última vitória foi em 2017, sendo que em 2019 e 2020 não rolou nem mesmo aparição nos playoffs. Talvez fosse o momento de acalmar um pouco, mas JJ surpreendeu ao topar um contrato com a Ganassi na Indy, onde pilota o #48 em circuitos mistos. Sim, longe dos ovais, que ficam por conta de Tony Kanaan.

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VÍDEO: Confira cinco motivos para assistir a temporada 2021 da Indy

Scott McLaughlin estará em tempo integral no grid (Foto: IndyCar)

A história é bonita, indicando um piloto que não se contenta com pouco e quer novos desafios mesmo em um ponto bem avançado da carreira. Ainda assim, uma análise mais fria da situação gera alguma preocupação. Não foi raro ver Johnson em último ou penúltimo nas atividades de pré-temporada, com o próprio Kanaan apontando que o companheiro vai ter dificuldades na adaptação.

A menos que Johnson passe uma enorme vergonha em 2021, ainda poderemos aproveitar a aventura de uma lenda do automobilismo do Século 21. O importante mesmo é controlar expectativas: a mesma Ganassi que precisa encontrar urgentemente um companheiro à altura de Scott Dixon não pode acreditar que JJ vai chegar já como uma força da natureza. O crucial é um progresso natural, de passo em passo. Isso, aliás, ajuda a entender o motivo por trás de um contrato de dois anos, que mantém Jimmie no #48 em 2022. Se a vida nos monopostos se tornar muito dura, a Ganassi não descarta a possibilidade de ceder um carro da Nascar em uma corrida que outra.

A situação do outro pseudo-veterano é menos complicada. Scott McLaughlin tem 27 anos e, em teoria, está no auge da carreira. Não é nada fácil ser tricampeão do Supercars de maneira consecutiva, remetendo aos dias não muito distantes de domínio de Jamie Whincup. O neozelandês usou muito bem o vínculo com a filial da Penske na Oceania para fazer a transição rumo à América do Norte. Scott deveria ter competido já no GP de Indianápolis de 2020, mas viu os planos melarem por conta da pandemia da Covid-19. Os planos mudaram e a estreia na Indy aconteceu na última corrida do ano passado, o GP de São Petersburgo. Não foi nada espetacular, com a atuação terminando em abandono, mas todo mundo na Penske estava empolgado com o futuro. Não por acaso, o novato assinou um contrato plurianual para completar o quarteto da tradicional escuderia.

Jimmie Johnson começa a jornada na Indy já enfrentando obstáculos (Foto: Indycar)

O que foi escrito sobre Johnson também vale para McLaughlin: é necessário ter paciência, sem esperar que resultados venham a toque de caixa. Ainda mais para um piloto que não conhece as pistas americanas e será comparado diretamente com três campeões da Indy – Josef Newgarden, Simon Pagenaud e Will Power, os companheiros de equipe. A diferença é que dá para botar mais fé na evolução de Scott do que na de Johnson: o neozelandês terá mais tempo de adaptação, dado que é mais jovem e que vai disputar a temporada completa, incluindo os ovais do calendário.

É possível até que McLaughlin exceda as expectativas que geralmente pairam sobre um novato. Afinal, aprendeu a ser menos afoito ao longo de anos vitoriosos na Austrália. O desafio está longe de ser a maturidade, algo que só se resolve com o passar dos anos, mas passa a ser a adaptação aos monopostos. Alguns pilotos conseguem isso em um curto espaço de tempo, talvez até mesmo já durante uma pré-temporada. A Penske não terá um vencedor pronto no GP do Alabama, mas não deve demorar muito até o talento de Scott ser plenamente admirado pelo público da Indy.

Dois veteranos ‘fakes’, duas situações diferentes. Johnson e McLaughlin têm um 2021 empolgante pela frente, precisando adequar objetivos às realidades distintas. Com a paciência devida, têm capacidade de fazer um bom trabalho. Se não rolar, que ao menos possam dizer que se divertiram.

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