GUIA 2021: “Mais completo do que nunca”, Castroneves mira pódios com Meyer Shank

Helio Castroneves muda de ares em 2021 e disputa seis corridas da Indy pela Meyer Shank. Em entrevista exclusiva ao GRANDE PRÊMIO, o veterano destacou o que aprendeu nos anos de SportsCar e destacou que ainda tem gasolina no tanque e que se sente ainda mais completo do que era quando esteve no auge da categoria

Uma das grandes notícias dos últimos tempos na Indy foi a ida de Helio Castroneves para a Meyer Shank. Após um casamento de extremo sucesso de mais de 20 anos com a Penske, o brasileiro seguiu outro rumo, já que a equipe deixou a disputa do SportsCar e Helio nunca escondeu de ninguém o desejo de voltar ao grid da Indy em tempo integral. Assim, fez duas corridas com a McLaren em 2020 e, em 2021, vai ter seis provas com a Meyer Shank.

O paulista conversou com o GRANDE PRÊMIO e falou de diversos assuntos. Helio projetou uma temporada de surpresas na Indy, garantiu que vive um momento especial tecnicamente e que nunca tinha se sentido tão completo, além de apontar favoritos ao título de 2021. Ainda, Castroneves falou do início do trabalho na Meyer Shank após tantos anos no mesmo time, bem como deixou claro o desejo de seguir no time em 2022, mas como piloto titular em um segundo carro em tempo integral.

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Ao projetar a temporada 2021, o brasileiro explicou que espera um ano de surpresas nos resultados. É que a Indy, assim como em 2020, teve pouco tempo de teste, vai ter programações enxutas e um cenário que, em geral, realmente abre a porta para que equipes e pilotos diferentes possam brilhar.

“A pandemia restringiu muita coisa, mas também fez as equipes aprenderem outras tantas. A categoria meio que fez uma dieta, com menos testes, menos treinos, corridas duplas, isso tudo faz com que as equipes sofram menos com relação ao dinheiro, mas também rende mais surpresas nessas corridas de corrida dupla. Por 2020 ter sido de muita mudança nas forças, acho que isso continua, com os pilotos jovens crescendo, com bastante surpresa no campeonato”, disse em exclusiva ao GP.

Helio Castroneves guiou a McLaren no GP de Indianápolis 2 em 2020 (Foto: IndyCar)

A mudança de ares da Penske, maior equipe do grid, para a Meyer Shank, um time emergente, faz Castroneves entrar na temporada 2021 com uma abordagem um pouco diferente da habitual. Na parte anímica, no entanto, a empolgação é grande, afinal, por melhor que tenha sido a passagem na Penske, era hora de encarar um novo desafio e voltar a tentar ser titular na categoria favorita.

“Estou vivendo uma experiência única. É tudo muito diferente, mas estou muito empolgado. Eu e a Penske tivemos uma relação incrível, mais de 20 anos. O Roger [Penske] não se tornou só parte da minha carreira, mas da minha vida. Temos uma relação de amizade, mas também de negócio, temos concessionárias juntas aqui nos EUA. Foram anos em que fiz parte de uma organização incrível, fiz muitos amigos, é um carinho que fica para sempre. Mas também fiquei restrito a algumas oportunidades. Agora, elas apareceram”, explicou.

“Vim para uma grande equipe, que não é enorme de tamanho, mas tem a paixão enorme. O Mike Shank é um cara que apostou tudo que tinha em corrida, então, como apaixonado por corrida, estamos falando a mesma língua. Por isso essa parceria, vamos para seis corridas e tenho certeza que temos um potencial muito grande, quem sabe para ainda mais no futuro. Tem sido bem legal, tenho acompanhado tudo de perto. Vamos ter nossas dificuldades, claro, mas vamos trabalhar duro”, seguiu.

Helio Castroneves foi campeão do SportsCar em 2020 (Foto: Reprodução/Twitter)

Helio deixou a Penske não apenas por querer voltar a ser titular na Indy, mas porque a equipe deixou o programa que tinha no SportsCar ao fim do contrato. Agora, o paulista enfrenta uma mudança brusca de tamanho e estrutura de um time para o outro, mas acredita no potencial da Meyer Shank e na vontade da equipe de vencer na Indy.

“A gente sabia o tempo de contrato que tinha no IMSA, mas não que ele ia terminar tão bruscamente, como foi, no começo da temporada passada. Mas a equipe foi muito sincera o tempo todo, explicou que não ia seguir lá, bem cedo, deu a oportunidade para seguir nosso caminho. Claro que você pensa que é algo de muito tempo e que acaba, mas eu entendo a situação e, da minha parte, ficam só boas lembranças, uma experiência incrível que nunca vou esquecer. E acho que foi mútuo, foi uma relação que não é muito normal de se ver. Lutamos juntos, conquistamos juntos, é o fim, mas um começo agora com a Meyer Shank. O Roger [Penske] agora é dono do IMS, da categoria, também mudou o foco dele e acho que é isso mesmo, as coisas mudam. Ainda bem que tivemos uma parceria tão boa por tanto tempo”, disse.

Castroneves admitiu que ainda não está completamente entrosado com a Meyer Shank, afinal, foi ter um contato com o time novo apenas durante teste de pré-temporada em Laguna Seca, uma das seis corridas que vai disputar em 2021. No entanto, vê um bom nível nos profissionais envolvidos, inclusive no companheiro Jack Harvey, que segue atrás da primeira vitória na Indy.

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“Vi essa oportunidade como especial, é uma equipe ainda que está crescendo, que finalmente fez uma temporada completa ano passado com o Jack Harvey, um cara com bastante potencial. Só fiz um teste com a equipe até agora, foi engraçado, todo mundo foi se conhecer ali, em Laguna Seca. Só que, assim que o carro ligou, todo mundo já sabia o que tinha de fazer. A equipe é jovem, mas também experiente, precisamos é ter a sinergia, algo que vamos criando com o tempo de trabalho. Está sendo tudo positivo, acho que o Harvey vai ter um belo ano, espero que a gente faça a equipe crescer e disputar ainda mais”, analisou.

“Tenho certeza que a equipe vai ser ainda mais competitiva em 2021. Não só pela minha chegada, mas a gente tem um potencial enorme, que vem desde a parceria técnica com a Andretti, que ajuda muito. É uma forma de pagar um pouco mais caro, mas o resultado aparece. Com um carro só, é muito difícil se desenvolver sozinha. E é um time que está fazendo uma nova fábrica, que conhece de outros campeonatos, tem os caminhos. Acho que tudo está sendo feito da maneira certa”, completou.

A Meyer Shank teve ótimos momentos com Jack Harvey em 2020 (Foto: IndyCar)

Helio vai disputar as 500 Milhas de Indianápolis, é claro, mas também as etapas de Nashville, Laguna Seca, Portland, Long Beach e o GP de Indianápolis 2. A meta do veterano é clara: ser competitivo, estar na disputa pelos primeiros lugares. Mais especificamente, o brasileiro busca ao menos beliscar um pódio.

“O que eu quero para 2021 é voltar a disputar como eu disputava na Penske. Brigar por vitórias, seja na estratégia ou na raça. Independentemente de ganhar corridas ou não, isso depende de mim e do conjunto, ainda temos de aprender, mas o objetivo é disputar, brigar pelo menos por pódio, seria legal”, declarou.

E a busca do piloto por bons resultados não é apenas pensando no momento que vive. O brasileiro sabe muito bem que a Meyer Shank tem tudo para alinhar o segundo carro durante todo o campeonato em 2022 e, claro, Castroneves tem o desejo de ser o escolhido para a vaga.

“Tenho total convicção de que a Meyer Shank vai ter condições de ter um segundo carro em tempo integral em 2022, então, vai depender de mim mostrar meu potencial, mostrar que tenho muita gasolina para queimar, mesmo em poucas provas. Mas também não quero ser apressado, foram três anos fora da categoria, preciso me readaptar o mais rápido possível. Meu objetivo é seguir em 2022, sim. Fazer essas seis corridas, claro, mas todos nós também já pensamos em 2022”, falou.

Helio Castroneves andou com a McLaren em uma etapa de 2020, agora vai de Meyer Shank (Foto: IndyCar)

Por mais que sempre desejasse voltar à Indy, Helio teve uma belíssima passagem pelo SportsCar, coroada com o título de 2020. Mais do que a conquista, o brasileiro vê no campeonato a importância também do aprendizado em diversas situações. Mais do que isso, entende que, aos 45 anos, volta para a Indy muito mais completo do que estava quando deixou a categoria, em 2017.

“Foi incrível. Aprendi, me desenvolvi como piloto porque só tinha andado de Indy aqueles anos todos, então esses três últimos anos me ajudaram muito a entender a dinâmica da categoria com outros carros mais lentos andando junto, enfim, ultrapassar na hora certa, desenvolver um carro diferente. E eu me mantive atualizado das novidades tecnológicas também. E isso segue, tanto que vencemos Daytona já em 2021”, contou.

“Cada ano que passa você aprende mais e foi incrível isso no SportsCar, meu desenvolvimento em termos técnicos. Hoje me vejo como um piloto muito mais completo do que três anos atrás. Acabei aprendendo muita coisa que não aprenderia na Indy por questões de regulamento. Você tem mais ferramentas para mexer no carro lá, além dos pneus diferentes, das estratégias. A pior parte foi ficar torcendo para companheiro fora do carro, mas foi uma experiência válida e que me fez mais completo”.

Helio Castroneves e Tony Kanaan seguem firmes e fortes na Indy (Foto: Carsten Horst/Grande Prêmio)

Mudam as equipes, muda quase o grid inteiro, mas seguem Helio Castroneves e Tony Kanaan representando o Brasil na Indy. É verdade que a dupla experiente ganha a companhia de Pietro Fittipaldi em quatro corridas do ano, mas, ainda assim, só eles e Kiko Porto e Enzo Fittipaldi no Road to Indy é um número bem reduzido para um país de tanta tradição na categoria. Helio se preocupa, mas vê o problema como geral do Brasil no esporte a motor mundial e sente falta de uma base de monopostos no país.

“Tive a F3 Sul-Americana que me ajudou a seguir o caminho para a Europa e acabei indo para os EUA no fim, hoje é diferente. A Stock Car cresceu muito no Brasil, é natural hoje o menino sair do kart, sem muita experiência, e ir correr de turismo, está mais próximo, não precisa sair da escola, de casa, essas coisas que dificultam os planos, o esporte é muito caro, é brutal. Você precisa de apoio para seguir adiante e hoje está escasso, por isso você não vê ninguém na F1, está difícil. Ou ele precisa fazer carreira aqui fora ou ter muito apoio no kart para conseguir dar o passo adiante. Falta uma escada no Brasil, uma opção mais fácil para seguir adiante”, explicou.

Castroneves colocou alguns pilotos entre os candidatos ao título, citando, é claro, Josef Newgarden e Scott Dixon como as principais forças do grid atual.

“O Newgarden tem me impressionado muito. Corri com ele quando ele ainda estava começando, era muito rápido de corrida, mas não muito de classificação. Hoje ele está forte em tudo, tem muita chance de título. Aí tem o Dixon, um cara com experiência incrível e muitos títulos, certamente não é carta fora do baralho. E acho que os pilotos novos como o O’Ward, que surpreendeu ano passado, além do Herta e do Rossi, na Andretti, podem disputar também esse título”.

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