Quartararo calmo como quem não tem nada a perder. E Bagnaia inquieto: dia 1 em Valência

No fim de semana decisivo da MotoGP, o francês da Yamaha até deu uma bela cabeçada — literalmente, no caso —, mas se mostrou tranquilo, já que sabe que tem muito pouco que pode fazer para virar o jogo e alcançar o bicampeonato. Em contraste, o italiano mostrou a tensão de quem está a um passo de realizar o sonho de uma vida

O primeiro dia da grande decisão da MotoGP em Valência foi de contrastes. Enquanto Fabio Quartararo se exibiu calmo como quem não tem nada — ou quase nada — a perder, Francesco Bagnaia mostrou nesta sexta-feira (4) a inquietude de quem está próximo de conquistar o sonho de toda uma vida.

Depois de cinco anos, a classe rainha do Mundial de Motovelocidade volta a ter um título decidido na corrida final, mas, verdade seja dita, o titular da Ducati tem uma mão e outros quatro dedos já na taça. Afinal, com 23 pontos de vantagem, ele precisa de muito pouco para encerrar um jejum de 15 anos da marca de Borgo Panigale e conquistar o primeiro título na divisão principal.

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Fabio Quartararo sofreu um pequeno acidente nesta sexta-feira (Vídeo: Reprodução/MotoGP)

Após passar boa parte da temporada se defendendo, Quartararo agora só pode ir ao ataque. Para ele, só um resultado serve: ele precisa da vitória em Valência. E, para ser campeão, tem de torcer também para um enorme revés de Pecco, que não poderia passar de 15º para que o piloto natural de Nice possa alcançar o bicampeonato já em 2022.

A chance é pequena e, exatamente por isso, Fabio não esquenta muito a cabeça. Neste primeiro dia no circuito Ricardo Tormo, ele apareceu rápido, sorridente e brincalhão. E nem mesmo uma cabeçada na porta da Yamaha foi capaz de estragar o dia de ‘El Diablo’, que fechou sexta-feira com o oitavo melhor tempo, com 1min31s399.

“Foi um bom dia, especialmente pelo ritmo que tivemos, foi muito bom tanto de manhã como à tarde”, disse Fabio. “Precisamos entender onde perdemos tempo, mesmo que tenhamos uma ideia. Precisamos melhorar em algumas áreas, mas me sinto bem, muito melhor do que no ano passado [em Valência]”, comentou.

“Foi bom ter pneus duros na frente, porque não sei quantos outros também usaram. Há algumas coisas a melhorar, mesmo com as asas que temos este ano, há uma certa margem de manobra na aceleração. Mas acho que hoje foi um bom dia”, sublinhou.

Quartararo, aliás, não corre em plena forma. Durante o fim de semana do GP da Malásia, o francês fraturou o dedo médio da mão esquerda e terá de passar por cirurgia, mas decidiu adiar apenas para depois da corrida de Valência.

“Estou cuidando do meu dedo. Usar o dispositivo holeshot [que ajusta a altura da moto] nesta pista é realmente difícil. Já usei quatro vezes. Não consegui mexer o punho e ainda estamos tentando descobrir se podemos fazer algo na moto para amanhã. Não acho que seja possível, mas, de resto, vou usar a embreagem desta forma na largada”, acrescentou.

Bagnaia, por outro lado, se mostrou um pouquinho mais preocupado. O italiano passou o dia na parte inferior da tabela e se mostrou com dificuldades até mesmo para retirar o protetor de ouvido. Ainda assim, ele garante que o problema não é nervosismo.

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Francesco Bagnaia precisou do socorro de Christian Gabbarini para remover os protetores (Vídeo: Ducati)

Pecco ficou com a nona melhor marca no combinado das duas sessões do dia, só 0s005 mais lento do que Quartararo.

“Não estou nervoso, mas não foi o meu melhor dia. Esta manhã a moto não funcionou muito bem e sofremos com o vento, com a aderência e na frenagem”, listou. “Melhoramos durante o treino, mas não foi suficiente. E o mesmo à tarde, foi um pouco melhor, mas não tive as melhores sensações”, analisou Bagnaia.

“Na segunda volta [do TL2] demos um passo à frente e conseguimos rodar num ritmo muito semelhante ao de Fabio e Marc [Márquez]. O tempo também foi bom, mas com esse vento foi fácil cometer erros, então fui um pouco mais lento em alguns pontos do circuito”, considerou.

Vencedor do GP da Comunidade Valenciana do ano passado, Bagnaia destacou que a GP22 está bastante diferente da moto do ano passado e que sofre mais na hora de parar a moto do que em outros circuitos.

“A moto está muito diferente da do ano passado e neste circuito sofro mais nas frenagens do que o habitual, a aderência traseira foi muito baixa. Trabalhamos nisso e melhoramos no TL2, mas me senti limitado. Pensei que me sentiria melhor na moto, mas é muito diferente do ano passado, por isso a adaptação foi mais difícil”, frisou. “Acho que com o progresso que fizemos hoje, podemos estar entre os dez primeiros. Vou tentar fazer uma boa volta amanhã de manhã, mas temos de ver as condições, porque vai estar menos vento e mais frio, e isso pode nos beneficiar”, concluiu.

A liderança do dia ficou com Luca Marini, que puxou uma trinca da Ducati. O titular da VR46 cravou 1min30s217 e ficou com o comando dos trabalhos.

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Luca Marini foi o mais rápido do dia em Valência (Foto: VR46)

“Toda a sessão foi excelente, senti-me bem com a moto. Só tivemos de consertar a parte eletrônica, entender bem os pneus porque o pneu dianteiro macio era muito difícil. Sei que outros pilotos também reclamaram e não gostaram”, apontou. “Por outro lado, sinto-me bem com os médios, também tentei duros na frente, mas com tanto vento ainda está um pouco frio e não funciona bem. Acredito que, se as temperaturas estiverem altas, o pneu para corrida será duro”, falou.

“Estou feliz com o trabalho que a equipe fez, mas também com a Ducati porque eles conseguiram trazer um pacote incrível. É mais uma vez a melhor moto para rodar. Todos os oito pilotos da Ducati são consistentemente muito rápidos. Temos de continuar assim”, insistiu. “No que me diz respeito, estou satisfeito e mal posso esperar para começar na próxima temporada. Espero que o intervalo seja o mais curto possível porque comecei a me divertir muito e agora começamos a olhar para cima”, concluiu Marini.

A classificação da MotoGP em Valência está marcada para sábado, às 10h10 (de Brasília). O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade.

GRANDE PRÊMIO prepara esquenta para decisão do título da MotoGP. Confira aqui (Foto: Divulgação | Arte: Rodrigo Berton)

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