Honda pensa no futuro de Álex Márquez com 238 dias de atraso

Sem nem dar a chance de o espanhol mostrar do que é capaz, a Honda decidiu passar Álex Márquez para a LCR em 2021. Ao que parece, o time comandado por Alberto Puig não queria mesmo contar com o #73

“A Repsol Honda às vezes não é o melhor lugar para começar”. Foi com essa pérola que Alberto Puig explicou o rebaixamento de Álex Márquez para a LCR na temporada 2021 da MotoGP. Ainda assim, é justamente pela equipe de fábrica da marca nipônica que o jovem #73 vai começar a caminhada na classe rainha do Mundial de Motovelocidade.

Estranho, não? Afinal de contas, foi a própria Honda que colocou Álex na vaga abandonada por Jorge Lorenzo no fim do ano passado. Claro, a fábrica da asa dourada foi pega de surpresa com a decisão do #99 de jogar a toalha após a pior temporada da carreira, mas não é como se ela não tivesse opções.

Cal Crutchlow era contratado direto pela HRC e poderia ter sido promovido, com Álex encaixado na LCR ao lado de Takaaki Nakagami. “Não quisemos interferir na equipe de Lucio Cechinello”, justificou o substituto de Livio Suppo.

Alberto Puig levou sete meses para tirar uma conclusão óbvia

Mas, mesmo assim, restava outra saída. Johann Zarco estava todo pimpão tentando conseguir um lugar no grid depois de jogar a carreira para alto com a saída intempestiva da KTM e ganhar uma nova chance ao ser escalado justamente pela LCR para substituir o lesionado Nakagami. A Honda poderia ter colocado o francês no lugar de Lorenzo.

‘Ah, mas aí o Álex não teria vaga na MotoGP’, alguém pode dizer. É, não teria, mas ele estava preparado para seguir na Moto2. Afinal, não é culpa de ninguém que ele saiu da fila do título depois de cinco temporadas exatamente no ano em que a maior parte das vagas estão preenchidas. Se Jorge não tivesse desistido, provavelmente você não estaria aqui lendo essas linhas.

Além do mais, o argumento de Puig tem certo furo: a falta de novidade. Desde que o mundo é mundo ― ou quase isso ―, todos sabem que chegar de cara em um time de fábrica, ainda mais em se tratando da vitoriosa Honda, é uma coisa para poucos. Pouquíssimos. Marc fez isso em 2013, mas suspeito que dez entre dez pessoas concordem que o #93 é dono de um talento ímpar. E talento, como o esporte em geral já mostrou outras tantas vezes, não é uma coisa que faz parte do DNA. Álex não é um piloto do nível do irmão. O que não faz dele um piloto ruim, apenas normal. Talentoso, sim. Único, não.

Quando decidiu colocar Álex ao lado de Marc, a Honda sabia que estava zerando os padrões de comparação. Ela sabia que estava colocando um jovem em uma equipe mais do que comprovada. Sabia, também, que Álex já tinha mostrado que não é do tipo que se adapta no esquema vapt-vupt. Nada disso é novidade. Nada disso é uma surpresa.

Então o que é que mudou? Lá atrás, em 18 de novembro de 2019, quando a Honda anunciou a contratação de Álex, muita gente entendeu como um aceno a Marc, que estava renegociando contrato. Em 20 de fevereiro deste ano, a montadora anunciou um acerto com o hexacampeão até 2024, um vínculo, portanto, maior do que o habitual bianual da MotoGP. É absolutamente compreensível que se faça a ligação entre uma coisa e outra.

Os títulos da Moto3 e da Moto2 credenciam Álex para uma vaga na MotoGP. Isso é fato. Mas o currículo não era impressionante o bastante para a vaga direto na Honda. Afinal, nem Jorge Lorenzo, sua vasta experiência e cinco títulos mundiais deram conta do recado. Mas a Honda fez essa escolha.

238 dias depois de anunciar a contratação, sem uma corrida sequer, a Honda ‘voltou atrás’. Álex vai ter uma temporada na equipe oficial e ninguém sabe qual será a performance dele. Mas ele terá 13 corridas ― ao menos por enquanto ― para ser comparado com o irmão. 13 corridas com a chance de ser ‘medido, pesado e considerado insuficiente’, tal qual a grudenta frase do filme ‘Coração de Cavaleiro’.

A temporada, ainda que menor e compacta, vai acontecer. E o caçula dos Márquez vai, sim, estrear na MotoGP com um time de fábrica. Isso não vai mudar. Não importa qual seja a desculpa da vez.

Mais de sete meses depois da opção de colocar Álex no time de fábrica, Alberto Puig se diz preocupado com o futuro do piloto. Mas a única novidade até aqui é a pandemia do novo coronavírus. A Covid-19 vai levar a culpa de mais essa?

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