Mesmo com mortes de animais, Justiça nega 3º pedido e mantém etapa da Stock Car em BH

Aparelhos de medição constataram ruídos 45 decibéis acima do permitido por lei, mas evento foi mantido pela Justiça na capital mineira

O Ministério Público Federal (MPF) tentou novamente, nesta sexta-feira (16), suspender o ‘BH Stock Festival’, etapa da Stock Car em Belo Horizonte (MG), após constatar falhas nas barreiras acústicas instaladas no circuito de rua montado ao redor do Estádio do Mineirão e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A Promotoria instaurou procedimento de tutela de urgência e anexou, no documento, dados técnicos que comprovam excesso de ruídos onde ficam animais da instituição. Mesmo assim, após analisar o pedido, a juíza federal Patricia Alencar Teixeira de Carvalho negou e manteve a realização da corrida mineira.

De acordo com documento obtido pelo GRANDE PRÊMIO, aparelhos instalados dentro da universidade registraram ruídos de 90 decibéis nesta sexta-feira (16), um dia antes da sessão de classificação da categoria, quando os carros se preparavam para entrar na pista. O número é 45 decibéis acima dos 55 permitidos por lei e, inclusive, já provocou a morte de animais no hospital veterinário da universidade.

“Já registramos mortes de peixes que fazem parte da universidade. Observamos que os gatos da universidade somem durante os barulhos dos carros e só voltam depois. Alguns estão muito estressados. Começamos a reduzir nossos atendimentos que poderiam resultar em internação por conta da corrida”, disse Eliane Gonçalves de Melo, responsável pelo Hospital Veterinário da UFMG, ao GRANDE PRÊMIO.

Etapa da Stock Car em BH provocando transtornos a moradores, comerciantes e acadêmicos (Foto: Duda Bairros)

Na decisão, a magistrada alegou que o papel do poder judiciário não é inviabilizar a realização de eventos, mas garantir que sua atuação respeite o equilíbrio dos poderes dentro dos limites constitucionais. Ela destacou, ainda, que a avaliação completa do cumprimento do plano aprovado e de eventuais danos ambientais só poderá ser feita após a conclusão do evento, quando dados concretos estiverem disponíveis.

Durante a semana, a Justiça negou outros dois recursos apresentados pelo MPF para que o evento fosse suspenso. Além disso, comerciantes denunciaram que foram agredidos por seguranças porque teriam sido impedidos de acessar seus estabelecimentos nas proximidades do evento.

Stock Car enfrentou dura resistência para realizar uma inédita corrida nas ruas de Belo Horizonte neste ano. Ativistas, moradores do entorno e membros de laboratórios de pesquisas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) protagonizam uma intensa batalha contra a etapa na capital mineira praticamente desde o anúncio do evento, no fim de 2023 — quando a cidade assinou acordo de cinco anos com a categoria. O caso chegou aos tribunais, mas a Justiça rejeitou o pedido do MPF (Ministério Público Federal) para suspensão e permitiu a realização da etapa.

GRANDE PRÊMIO acompanhou todo o imbróglio e publicou reportagem sobre o caso. Dias depois, o jornalista Bernardo Castro, que faria a cobertura in loco, foi descredenciado por conta da publicação do texto factual. A atitude da categoria foi repudiada pelo GP.

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