Fórmula 1 apresenta “circuito de rua mais rápido do mundo” na Arábia Saudita

A Fórmula 1 divulgou detalhes do novo circuito de rua de Jedá, palco do primeiro GP da Arábia Saudita da história do Mundial. Às margens do Mar Vermelho, a pista vai ter 6,175 km de extensão e um total de 27 curvas

A Fórmula 1 apresentou detalhes do que chama de “circuito de rua mais longo e mais rápido” da Fórmula 1 (Vídeo: Fórmula 1)

A Fórmula 1 apresentou os primeiros detalhes do seu mais novo traçado, o circuito de rua de Jedá, palco do GP da Arábia Saudita, que estreia no calendário em 5 de dezembro. Trata-se do circuito urbano mais longo da F1, com um total de 6,175 km e 27 curvas. O traçado, que de acordo com simulações feitas por técnicos da Fórmula 1, vai ter uma volta feita com média de velocidade estimada em cerca de 250 km/h, foi apresentado nesta manhã de quinta-feira (18) pela categoria.

O circuito foi projetado, segundo informa a Fórmula 1, em estreita colaboração com a empresa do arquiteto alemão Hermann Tilke sob orientação de Ross Brawn, diretor-esportivo da categoria, para “assegurar uma corrida empolgante para os nossos fãs e pilotos”.

A pista está localizada às margens do Mar Vermelho e fica 12 km ao norte do centro de Jedá, considerada a segunda principal cidade do país, só atrás da capital, Riad.

A Fórmula 1 divulgou uma simulação de volta no mais novo circuito de rua da Fórmula 1, Jidá, na Arábia Saudita (Vídeo: Fórmula 1)

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O novo circuito da Fórmula 1 será o mais longo do calendário, só atrás dos 7,004 km de Spa-Francorchamps, na Bélgica. Em termos de média de velocidade, vai ser um dos mais rápidos, levando em conta que Monza tem uma média em torno de 264 km/h.

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Detalhe do projeto do circuito que vai ser palco do primeiro GP da Arábia Saudita de F1 (Foto: Divulgação/F1)

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Brawn destacou o desenho do mais novo circuito do Mundial. “É sempre muito empolgante divulgar os detalhes de um novo circuito, e o Circuito de Rua da Arábia Saudita não é exceção. Trabalhamos em estreita colaboração com a equipe de Tilke e com o promotor para assegurar que tenhamos uma pista que proporcione corridas empolgantes e embates roda a roda para os nossos fãs e desafie todos os pilotos”, disse o engenheiro britânico.

“O desenho traz o melhor de um circuito de rua moderno, mas também têm áreas de fluxo livre que vão criar oportunidades de ultrapassagem. O cenário é incrível, no Mar Vermelho, e mal podemos esperar para ver os carros na pista em dezembro”, completou.

Já o príncipe Khalid Bin Sultan Al Faisal, presidente da Federação Saudita de Automobilismo, ressaltou a chance de ter a Fórmula 1 correndo no país pela primeira vez. A Arábia Saudita já sedia eventos do esporte a motor como a Fórmula E e o Dakar. E assim como a Fórmula 1, Jedá vai ser palco também da penúltima rodada tripla da Fórmula 2 em dezembro.

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A Fórmula 1 vai correr na Arábia Saudita em 5 de dezembro (Foto: Divulgação/F1)

“Mesmo que esta seja a primeira vez que sediaremos um GP de F1, a realização de eventos tão importantes é mais uma confirmação da capacidade do Reino [da Arábia Saudita] de gerenciar e organizar esses eventos com os mais altos padrões para os nossos fãs e a crescente população jovem”, declarou.

A Arábia Saudita também está ligada à Fórmula 1 por motivos comerciais. Desde 2020, a Aramco, maior companhia petrolífera do país e a maior do mundo, se tornou patrocinadora oficial da categoria. A empresa também se tornou a principal patrocinadora da pré-temporada deste ano, realizada no Bahrein, país vizinho à Arábia Saudita.

O evento, contudo, é cercado de protestos. No ano passado, a Anistia Internacional alertou a Fórmula 1 sobre a prática dos sauditas de usar o esporte para passar uma imagem de transformação e modernidade em um país que possui um histórico de violações aos direitos humanos.

O país é duramente criticado em razão do histórico negativo no campo dos direitos humanos. Um panorama que piorou em 2018, após a morte do jornalista Jamal Khashoggi, torturado, assassinado e desmembrado em outubro de 2019 no consulado saudita em Istambul, na Turquia.

Assim, a Arábia Saudita olha para o esporte como uma alternativa para se mostrar diferente. O Rali Dakar, por exemplo, focou nas belezas naturais do país, enquanto a Supercopa da Espanha mostrou homens e mulheres dentro de um mesmo estádio de futebol, algo bastante incomum no país ditatorial, um dos mais fechados do mundo.

“A Fórmula 1 deveria perceber que o GP da Arábia Saudita de 2021 seria parte de um esforço em curso para limpar o histórico abismal do país no campo dos direitos humanos”, disse Félix Jakens, chefe de campanhas da Anistia Internacional do Reino Unido. “A tentativa frustrada de comprar o Newcastle United obviamente não dissuadiu as autoridades sauditas, que aparentemente ainda vêm o esporte de elite como uma maneira de mudar uma reputação severamente manchada”, seguiu.

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A Fórmula 1 divulgou detalhes do circuito de Jedá, na Arábia Saudita (Foto: F1/Divulgação)

“Apesar da fanfarra em cima do fato de as mulheres sauditas agora poderem dirigir um carro sem serem presas, as autoridades recentemente prenderam e torturaram várias ativistas dos direitos das mulheres, incluindo Loujain al-Hathloul e Nassima al-Sada”, apontou. “Se o GP da Arábia Saudita for adiante, no mínimo a Fórmula 1 deveria insistir para que todos os contratos tenham padrões de trabalho rigorosos em toda a cadeia de abastecimento e que o evento seja aberto a todos, sem discriminação”, defendeu.

Ainda, Jakens pediu o apoio da comunidade da Fórmula 1 para denunciar as violações cometidas pela Arábia Saudita.

“Antes da corrida em Jedá, instamos todos os pilotos da F1, donos e equipes que considerem falar sobre a situação dos direitos humanos no país, incluindo expressar solidariedade com os defensores dos direitos humanos que estão presos”, pediu.

Recentemente, no fim de fevereiro, 50 entidades ligadas aos direitos humanos pediram que Lewis Hamilton boicote o GP da Arábia Saudita. As organizações pediram que, se não puder faltar, o britânico se manifeste contra as violações cometidas pelo reino saudita.

Durante corrida da Fórmula E realizada em Diriyah, também no mês de fevereiro, mísseis cortaram o céu da cidade justamente no momento da prova do dia 27. Segundo informações da imprensa local, trata-se de um míssil lançado pela milícia Huti, do Iêmen, país vizinho à Arábia Saudita, e que tinha como destino uma área civil de Riad. O projétil foi interceptado e destruído pelas forças locais.

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