Ex-F1, Sullivan critica polarização da internet e defende Masi: “Trabalha que nem cão”

Ex-piloto de Fórmula 1 e atual comissário na categoria, Danny Sullivan saiu em defesa de Michael Masi e destacou dificuldade de tomar decisões com polarização vista na internet

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Conforme o início da temporada 2022 da Fórmula 1 vai se aproximando, segue a dúvida sobre o futuro do diretor de provas da FIA, Michael Masi, diretamente envolvido na polêmica que tomou conta do GP de Abu Dhabi de 2021. E recentemente, foi possível observar diversas declarações de apoio ao australiano — coincidentemente ou não, após a confirmação do retorno de Lewis Hamilton. Agora, foi a vez do ex-piloto de F1 e atual comissário, Danny Sullivan, sair em defesa de Masi.

O estadunidense lembrou da pressão envolvida em tomar uma decisão tão importante em poucos segundos, que naturalmente vai agradar parte do público e desagradar os demais. Para ele, a internet transforma as discussões em algo com dois polos opostos, o que dificulta o equilíbrio nas tomadas de decisão.

“É muita pressão, porque você está tentando fazer a coisa certa e seguir as regras”, pontuou Sullivan. “Na internet, no melhor dos casos você tem 51% das pessoas felizes e 49% revoltadas com todas as decisões. Eu acho que é injusto culpar Michael Masi. Ele tomou uma decisão baseada em várias coisas que acontecem em um ano ou dois, como ‘vamos terminar sob luzes verdes’, por exemplo”, argumentou.

Sullivan disputou a temporada de 1983 da F1 pela Tyrell e hoje também é comissário (Foto: Reprodução)

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“Michael [Masi] é um cara que faz inspeções de pista, faz isso, faz aquilo. Quero dizer, o cara trabalha que nem um cão o ano inteiro”, continuou Sullivan. “No fim das contas, todos estão exaustos, e você está apenas tentando tomar a decisão correta”, explicou.

Sullivan não é o primeiro a sair em defesa de Masi recentemente. Pilotos como Lando Norris e Daniel Ricciardo, dupla titular da McLaren, falaram em “segunda chance”. Tetracampeão do mundo, Sebastian Vettel admitiu não ter entendido as decisões em Yas Marina, mas ainda assim também defendeu a manutenção do australiano no cargo.

Diretor esportivo da Red Bull e diretamente envolvido na pressão a Masi durante as voltas finais do GP de Abu Dhabi — por meio de mensagens no rádio que foram transmitidas ao público —, Jonathan Wheatley foi outro a colocar ‘panos quentes’ na situação e defender o diretor de prova. Apenas Lance Stroll, da Aston Martin mas com laços antigos com a Mercedes, seguiu nas críticas a Masi.

MICHAEL MASI; DIRETOR DE PROVA; FIA; FÓRMULA 1;
Michael Masi ainda está no centro da polêmica sobre o GP de Abu Dhabi (Foto: FIA)

Ex-piloto da Fórmula 1 que chegou a pontuar em no GP de Mônaco de 1983 com a Tyrell, Sullivan tem feito parte do rodízio de comissários da FIA na categoria. Apesar de não estar escalado para a corrida final em Abu Dhabi, o norte-americano explicou como as decisões são tomadas e alegou que nunca presenciou uma mudança de situação por envolver a disputa do título.

“Nunca tivemos uma discussão em que alguém sairia com o título, nada disso nos 13 anos em que fui parte da conversa”, afirmou. “Agora, se alguém pensa nisso lá no fundo, ninguém nunca levantou o assunto na sala dos comissários. Apenas olhamos para os dados, todas as câmeras, tudo. Se existe a infração, as punições já estão estabelecidas. Se for extremo, é isso, se não for, é aquilo”, exemplificou Sullivan.

“Eu trabalhei com todos os chefes de comissários, os comissários em si e sempre foi desse jeito. Se não estivermos certos, nós perguntamos”, prosseguiu. “E foi do mesmo jeito com Charlie Whiting ou Michael Masi. Você toma a melhor decisão possível com as informações que possui”, adiantou.

MICHAEL MASI; GP DA BÉLGICA;
Recentemente, Masi tem recebido apoio de diversas personalidades da Fórmula 1 (Foto: Fórmula 1/YouTube)

Quando questionado especificamente sobre os eventos que se desenrolaram em Abu Dhabi, Sullivan acredita que a pouca quantidade de tempo aumentou drasticamente a pressão do momento. Em combinação à pressão exercida pelas equipes no rádio do diretor de prova — em mensagens que foram transmitidas durante a corrida —, tudo contribuiu para o final controverso.

“Saiu um pouco do controle. Ele precisa tomar a decisão, e quanto mais suporte você consegue ao redor dele, melhor”, explicou. “Mas o problema é que você não tem tempo de chamar uma conferência. Quando você está tentando resolver o acidente, tirar trabalhadores da pista e deixar tudo pronto, não existe tempo para falar: ‘Ei, caras, vamos nos renir’. E então, você tem essa situação do rádio, o que é errado”, opinou.

“Michael [Masi] é uma boa pessoa, Charlie [Whiting] acreditava nele. Ele trabalhou com Charlie por anos, aprendeu com o melhor”, elogiou. “E Charlie tinha tanto conhecimento, ele se desenvolveu crescendo como mecânico e percorrendo toda a cadeia, então substituir alguém assim é difícil”, encerrou.

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