Massa se vê “vítima de conspiração” e quer resposta de FIA e FOM antes de ir à justiça

Em busca de uma resposta à carta enviada para FIA e FOM duas semanas atrás, Felipe Massa e sua equipe de advogados já ameaçam entrar com uma ação na Suprema Corte do Reino Unido pelo título de 2008

Felipe Massa e seu time de advogados deram mais um passo na empreitada pelo título de 2008 da Fórmula 1. Nesta quarta-feira (30), o corpo jurídico do brasileiro pressionou FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e FOM (Formula One Management) por uma resposta à carta enviada duas semanas atrás e, caso isso não aconteça, já planeja entrar com uma ação na Suprema Corte do Reino Unido nos próximos dias. A informação é da revista inglesa Autosport.

A carta inicial do brasileiro põe Felipe como “vítima de conspiração” por conta do episódio conhecido como ‘Crashgate’ ou ‘Singapuragate’, em que Nelsinho Piquet, à época na Renault, bateu propositalmente para beneficiar o companheiro de equipe, Fernando Alonso, que venceu a prova. Ambos não tinham nada a ver com a disputa pelo título entre Massa e Lewis Hamilton, mas o inglês então na McLaren conquistou, naquela prova, pontos que acabaram sendo cruciais na definição do campeonato.

Felipe conta com advogados no Reino Unido, Brasil, Estados Unidos, Suíça e França. A carta enviada às entidades dizia ainda que “Massa é o legítimo campeão de pilotos de 2008, e F1 e FIA deliberadamente ignoraram a má conduta que o tirou daquele título”. A notificação foi mandada no dia 15 de agosto.

Felipe Massa venceu o GP do Brasil em 2008 (Foto: Ferrari Media)

“Massa é incapaz de quantificar totalmente suas perdas nesta fase, mas estima que elas provavelmente ultrapassarão dezenas de milhões de euros. Este valor não cobre as graves perdas morais e de reputação sofridas por Massa”, completou a carta, endereçada a Stefano Domenicali, diretor-executivo da F1, e a Mohammed Ben Sulayem, presidente da FIA.

A publicação inglesa teve acesso ao novo questionamento dos advogados de Massa. “Por favor, forneça uma resposta até as 16h do dia 8 de setembro de 2023, caso contrário, seremos instruídos a entrar com ações na Suprema Corte do Reino Unido.”

Tanto FIA quanto FOM — empresa que promove a F1 — responderam a carta explicando que não tinham como tomar decisões rapidamente. O time jurídico de Massa, então, faz nova investida para acelerar as coisas, dizendo que não considera razoável um prazo de até três meses para resolução do caso.

Ainda segundo a reportagem britânica, Massa deseja uma resposta rápida porque está preparado para iniciar ações legais em outras jurisdições – mas prefere esperar as respostas de FIA e da FOM.

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No início de março, o ex-chefão da F1, Bernie Ecclestone, deu entrevista ao site alemão F1 Insider e revelou que já sabia do escândalo Crashgate, em Singapura, ainda em 2008, mas que decidiu não expor a informação, e que considera o brasileiro como o legítimo campeão mundial.

Na ocasião, a F1 viveu um escândalo de manipulação de resultado no GP de Singapura. O brasileiro Nelsinho Piquet bateu propositalmente com a Renault a fim de beneficiar o companheiro de equipe Fernando Alonsoque venceu a corrida e não tinha relação com a disputa de título. Massa foi um dos grandes prejudicados, já que partiu da pole-position e liderava até o acidente de Nelsinho.

Desde a declaração de Bernie, Felipe demonstrou o desejo de revisar o resultado do campeonato, inclusive avaliando uma possível ação na justiça. Ao GRANDE PRÊMIO, em março, Massa falou sobre a decepção em ouvir o que foi dito pelo ex-mandatário da categoria.

Fernando Alonso venceu graças ao acidente de Nelsinho Piquet. Lewis Hamilton foi o terceiro e acabou conquistando o título da temporada 2008 (Foto: Reprodução)

“Uma situação inaceitável, que me deixou triste ao tomar conhecimento que o chefão da Fórmula 1 e o chefão da FIA souberam em 2008 e se calaram. Isso é muito grave e inadmissível para o esporte”, disse Felipe.

O escândalo do Crashgate foi revelado em 2009, pouco tempo depois de Piquet ser demitido na Renault. Tanto Flavio Briatore, chefe de equipe, quanto Pat Symonds, diretor de engenharia, foram banidos da Fórmula 1, mas acabaram revertendo a decisão na corte francesa e concordaram em se afastar do Mundial. Nelsinho nunca mais correu na categoria.

Na época, Felipe chegou a vocalizar pedidos para que o resultado do GP de Singapura fosse anulado, mas o estatuto da FIA tornou a opção impossível, já que segundo o Código Internacional Esportivo, a decisão do campeonato não poderia ser alterada após a cerimônia de premiação do órgão.

A investigação da FIA também não apontou evidências de que Alonso e a maior parte da equipe Renault sabiam do plano de batida proposital ou que ajudaram na execução. O órgão entendeu que seria injusto mudar o resultado.

Ao GRANDE PRÊMIO, Felipe comunicou que foi aconselhado pelos advogados a não se pronunciar sobre o tema. Hamilton, por sua vez, foi questionado durante o fim de semana do GP da Holanda sobre o caso, mas preferiu minimizar a situação.

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