Ferrari cumpre primeira missão na Itália, mas vitória em casa exige mais do que perfeição
A Ferrari tenta a redenção em uma temporada cheia de erros. Mas um primeiro grande passo foi dado com a espetacular pole de Carlos Sainz, que enlouqueceu as arquibancadas agora vestidas de vermelho. Charles Leclerc ainda foi capaz de garantir o terceiro lugar, apenas 0s067 atrás do espanhol. O problema é que Max Verstappen está ali entre os dois ferraristas e é o maior obstáculo ao sucesso. Isso porque o holandês tem melhor ritmo de corrida e velocidade. Portanto, para vencer, a casa de Maranello terá de contar com toda a ajuda que conseguir
Historicamente, a corrida em Monza é aquela em que a Ferrari se prepara como nunca na busca por entregar uma performance altíssima diante dos enlouquecidos tifosi. É igualmente verdade também que todo esse esforço provoca uma pressão extra nas garagens vermelhas e nem sempre a escudeira é capaz de lidar com tudo que isso envolve na Fórmula 1. E em 2023, o cenário não é muito diferente, mas, ao menos, a primeira parte da lição de casa foi cumprida com honras. Carlos Sainz incendiou as arquibancadas do clássico circuito italiano e cravou a pole mais importante sua carreira até momento. Foi uma volta precisa e consciente, que agora o coloca à frente de todos para a prova mais significativa da temporada para os ferraristas. Só tem um problema: Max Verstappen.
Mas antes de falar do holandês e tudo que representa, é fundamental entender o peso da conquista para a equipe chefiada por Frédéric Vasseur, especialmente neste momento do campeonato. A Ferrari vem em um ano dos mais problemáticos, não só em termos técnicos, com um carro imprevisível, mas também do ponto de vista do comando, dos pilotos e até mesmo da operação. Há uma semana, o time viveu uma das etapas mais atrapalhadas dos últimos meses. Ainda que o mesmo Sainz tenha tirado leite de pedra, como se diz, o trabalho nos boxes, a estratégia e as decisões nos boxes na Holanda foram as piores possíveis. Por isso, o resultado em Monza tem um bem-vindo sabor de redenção e confiança — ainda que tenha tido um toque de suspense/incredulidade: ambos os carros chegaram a ser investigados por voltas lentas demais, mas isso acabou descartado, em mais um capítulo de controvérsia da direção de prova.
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Mas muito embora o desenvolvimento da SF-23 já tenha sido finalizado, os engenheiros ainda trabalharam em um pacote aerodinâmico mais assertivo para a corrida caseira. A Ferrari apareceu com novas asas e outros elementos que garantiram uma maior velocidade nos trechos de alta e um equilíbrio melhor. O carro não apresentou as falhas de dirigibilidade de sete dias atrás e, ainda que a Red Bull seja superior, o ritmo de corrida parece mais forte desta vez. Ainda, os italianos mantiveram um desempenho sólido ao longo dos treinos, com o próprio espanhol liderando duas das três sessões do fim de semana.
Já a classificação foi construída dentro de um acerto e da sensibilidade de Sainz — tanto que Charles Leclerc seguiu os ajustes do espanhol. E Carlos ainda reservou o melhor para o fim da fase decisiva. Isso porque a performance em volta única estava se mostrando realmente semelhante a de Verstappen. Então, o madrilenho usou o setor intermediário para a fazer a diferença, especialmente no trecho entre as curvas de Lesmo e a Ascari. Foi praticamente ali que tirou os míseros 0s013 do holandês, para ficar com a quarta pole de sua trajetória na F1 e a primeira em 2023. Leclerc tentou reproduzir a performance, mas, mesmo assim, ainda ficou a 0s067 do companheiro de equipe, na terceira posição, o que coloca os carros vermelhos em um lugar fundamental para a luta pela vitória.
Só que a briga pelo triunfo não será simples. A Ferrari terá de ser mais do que perfeita. E a culpa disso é de Verstappen, claro. Ainda que tenha terminado a sexta-feira se queixando do acerto geral do RB19, o sábado contou uma história diferente. A Red Bull refinou as configurações aerodinâmica, tirou asa do carro e promoveu uma melhora considerável. Nas mãos do bicampeão, o modelo taurino voou em Monza, colocando medo na concorrência. Além disso, como de costume, o desempenho em condições de corrida segue muito forte. Em média, o líder do campeonato sustenta uma vantagem de 0s2 para os carros vermelhos.
Tanto que Max deu de ombros para a segunda posição do grid. “Foi um dia bom, melhoramos comparado com ontem e na classificação vimos que foi tudo muito apertado, então estou muito feliz por ter conseguido o segundo lugar hoje. É muito bom ver a torcida assim. Amanhã vamos tentar vencer, normalmente temos o carro mais rápido para a corrida. Vamos aproveitar o resultado de hoje, mas focar para amanhã”, falou o holandês.
Há chance de briga, então? A largada é um dos pontos essenciais. Diante dos números e do ritmo de corrida, Verstappen vai tentar pular à frente e controlar a prova — é o favorito em qualquer condição —, por isso é imperativo que a Ferrari coloque seus dois carros à frente do taurino, na tentativa de criar um ‘trenzinho de DRS’ e driblar a forte da velocidade de reta do RB19. A operação nos boxes também precisa ser cirúrgica ou tudo vai por água abaixo.
“Amanhã darei tudo para conseguir essa vitória. Vamos ver se conseguiremos bater Max. Normalmente, ele é mais rápido nos trechos longos, mas darei tudo de mim’, prometeu Sainz.
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Mas o GP da Itália também reserva elementos extras. Um deles é George Russell, quarto no grid. Melhor que Lewis Hamilton na classificação, o piloto do carro #63 conta com um desempenho de corrida interessante e bem próximo ao da Ferrari. Uma bela largada ajudaria a embaralhar as cartas na ponta. Também não se pode desconsiderar Sergio Pérez em quinto e um atrevido Alexander Albon logo na cola. Há potencial aí, bem como naqueles que partem para a recuperação: as duas McLaren, Hamilton e Fernando Alonso.
Por fim, essa é uma prova de uma única parada, em condições normais, até porque se perde muito tempo no longo pit-lane. O composto duro tende a ser o protagonista, de acordo com a Pirelli, fornecedora dos pneus da F1. Então, é entender o compromisso de cada um. O médio deve ser o escolhido da maioria para a largada, pois entrega certa flexibilidade e grande aderência. Já os ousados podem optar pelos macios. Mais de um pit-stop, só se houver alguma intervenção.
O GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP da Itália, em Monza, 14ª etapa da temporada 2023. No sábado e no domingo, classificação e corrida também contam com transmissão em SEGUNDA TELA, NA GPTV, EM PARCERIA COM A VOZ DO ESPORTE. No domingo, a largada está marcada para as 10h (de Brasília, GMT-3).
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