GUIA 2025: Alpine tenta organizar bagunça e aposta em Gasly para liderar projeto na F1
A Alpine teve um ano terrível em 2024, mas que teve o impacto negativo minimizado por causa do bom resultado no caótico GP de São Paulo. A equipe, no entanto, passa por uma reestruturação na Fórmula 1 e tem em Pierre Gasly uma importante imagem de líder do projeto
A Alpine viveu uma temporada de mais altos do que baixos na Fórmula 1 em 2024 e, apesar dos inúmeros perrengues, conseguiu finalizar a campanha com um saldo positivo. Em meio às inúmeras reformulações internas, que passaram pela mudança na chefia e também chegada de Flavio Briatore como conselheiro executivo, a equipe de Enstone contou com uma pitada de sorte para conquistar um pódio duplo no GP de São Paulo e isso foi determinante para encerrar o ano na sexta posição no Mundial de Construtores. No entanto, para provar que tem um projeto minimamente decente, além de precisar de muito mais do que um acaso, tem de valorizar a experiência de Pierre Gasly para fazer a situação melhorar.
Não era nenhum segredo que o projeto da Alpine na Fórmula 1 era uma bagunça completa, mas o que aconteceu no início de 2024 foi muito além do que qualquer um poderia imaginar. Com um carro mal-nascido, Pierre Gasly e Esteban Ocon chegaram para a corrida de abertura no Bahrein com o pior equipamento do grid. O problema era tão grande que, para tentar compensar o sobrepeso, o time francês retirou quase toda a pintura do bólido. O #31 e o #10 finalizaram aquela etapa em 17º e 18º, respectivamente, e logo perceberam que teriam um ano difícil pela frente.
Um sinal de melhora aconteceu entre os GPs de Mônaco e Áustria, quando Gasly somou 6 pontos depois de ir ao top-10 em quatro corridas seguidas. No mesmo período, Ocon, que já havia pontuado com o décimo lugar em Miami, repetiu os feitos nas etapas do Canadá e da Espanha. Mas como nem tudo são rosas, uma grande treta explodiu dentro dos boxes da Alpine quando Esteban causou um acidente com Pierre no principado e quase tirou os dois carros da corrida.
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Na época, o então chefe Bruno Famin descreveu a situação como “inadmissível” e cogitou deixar Ocon de fora do GP do Canadá. Dias antes da etapa em Montreal, a equipe confirmou que não contaria com o francês para a temporada 2025. Posteriormente, Jack Doohan foi anunciado como substituto. Porém, a saída do #31 foi apenas uma das mudanças que fazem parte da reestruturação da Alpine.
A primeira notícia, e que de certa forma foi surpreendente, foi o retorno de Briatore ao time, agora como conselheiro. É bem verdade que o italiano tem um histórico de sucesso como chefe e foi campeão com a Benetton e com a Renault. Porém, Flavio também é o idealizador do Singapuragate, maior caso de manipulação que se tem conhecimento na Fórmula 1 e que, na época, fez o então dirigente ser banido do esporte. Cerca de um mês depois, também foi anunciada a mudança na chefia. Assim, Famin deixou o posto para dar espaço a Oliver Oakes.
“Um dia, liguei para o Luca [di Meo, CEO da Renault]. Disse que sentia em ver o time naquelas condições, pois era minha equipe — eu que a criei. Construí a fábrica onde ganharam os títulos. Queria fazer alguma coisa e nos falamos por telefone. Um dia nos encontramos em Paris. Falei ao Luca que queria ver se era possível, se ainda tinha as condições de antes para montar essa equipe. Começamos a conversar, mas tinha uma condição: queria estar totalmente no comando”, revelou Briatore.
“Começamos um processo de ser transparente e justo com o pessoal. Bruno Famin fez um ótimo trabalho em garantir David Sanchez [atual diretor-técnico executivo] antes da minha chegada à Alpine, mas precisava de um chefe de equipe, alguém do ramo. A melhor opção para nós era Oliver. É jovem, ambicioso e conhece do negócio. Essa foi a base. Depois, construímos tudo pouco a pouco. Contratamos mais pessoas e as operações foram aumentando em credibilidade. É um projeto. Encontramos novos patrocinadores e fomos procurar pilotos. No fim das contas, voltei por acreditar que tenho a possibilidade de fazer o time dar a volta por cima”, contou o italiano.

E por mais que a decisão de resgatar Briatore tenha sido polêmica, não dá para negar que fez bem. Em meio ao processo de reestruturação, a equipe conseguiu evoluir na reta final de 2024. É bem verdade que o pódio duplo no GP de São Paulo foi em virtude da corrida caótica em consequência da chuva e de atuações fenomenais dos pilotos franceses. Porém, ainda assim Gasly conseguiu uma quinta e uma sétima posição no Catar e em Abu Dhabi, resultado que mostra uma grande evolução e que seria inimaginável no começo da campanha.
Isso ainda é pouco se a Alpine de fato deseja ter alguma credibilidade. Além dos problemas com o chassi, a própria equipe já desistiu de dar continuidade no projeto com os motores Renault e confirmou que vai ser cliente da Mercedes a partir de 2026. É melhor que as coisas comecem a dar certo, afinal, os rumores de que Briatore está organizando a casa para vender o time no futuro não param de crescer.
E Gasly vai ser peça fundamental para ajudar a equipe a voltar aos trilhos. Junto da Alpine desde 2023, Pierre sempre teve algum valor dentro da casa, mas precisava dividir a atenção com Ocon. Agora, com o compatriota se mudando para a Haas, o #10 é o primeiro piloto absoluto.
Dividindo a garagem com Doohan, que vai iniciar a primeira temporada na F1, Gasly terá a função de guiar o time no desenvolvimento do carro, além de ser uma espécie de tutor do australiano.

O lado positivo é que Pierre foi muito bem nesse papel quando esteve na AlphaTauri ao lado de Yuki Tsunoda. Além disso, parece ter se encaixado bem no ambiente da Alpine e, sempre que teve um carro minimamente competitivo em mãos, entregou bons resultados. Portanto, basta esperar o vai ser de 2025, mas é certo que a escuderia de Enstone tem de ser muito mais do que foi no ano passado.
A pré-temporada no Bahrein, ao menos, mostra que o 2025 da Alpine tende a ser bem menos turbulento. Com um carro que foi concebido de forma bem mais interessante que o antecessor, a A525 não sofre com sobrepeso e, além de terem figurado bem no meio do pelotão, tanto Gasly quanto Doohan acumularam uma boa quilometragem ao longo dos três dias de testes. Resta saber se isso vai se converter em resultado ao longo do ano. E se o time não vai implodir de uma hora para outra.
A Fórmula 1 abre a temporada 2025 entre os dias 13 e 16 de março, no GP da Austrália, em Melbourne. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades AO VIVO E EM TEMPO REAL. O TL1 está marcado para a noite ainda da quinta-feira (13), a partir das 22h30. O TL2 começa já depois da 0h e, portanto, na madrugada da sexta-feira (14), às 2h. Depois, a situação se repete com o TL3 realizado às 22h30 da sexta-feira, enquanto a classificação define o grid de largada começando às 2h do sábado (15). Por fim, a largada está marcada para a 1h do domingo (16). Tanto classificação quanto corrida terão transmissão do GP em SEGUNDA TELA no YouTube, em parceria com a Voz do Esporte. O Briefing chega para comentar na GPTV após o fim de cada dia de atividades.
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