Hamilton destoa com volta de pentacampeão e Vettel não faz nem obrigação em Singapura

Não adianta muito cobrar de Kimi Räikkönen, que está de saída. A Ferrari tem de chamar Sebastian Vettel para conversar e entender onde é que ele está perdendo tanto – as vezes, a cabeça – a ponto de parecer um qualquer neste fim de semana e no campeonato

Por mais que se espere algo a mais de Lewis Hamilton, a performance no Q3 em Singapura neste sábado (15) é daquelas que se guarda por muito tempo como a exemplar de um piloto muito acima da média. A forma como marcou aquele 1min36s0 só aponta como sua pilotagem destoa quando comparada à de um Sebastian Vettel que parece não fazer mais do que a obrigação. Sendo que a obrigação, por ter um carro ligeiramente melhor, seria a de pelo menos andar no mesmo ritmo do rival que, assim, caminha com brilhantismo para o quinto título.
 
Os treinos livres em Marina Bay até indicavam que a Mercedes não aparentava sofrer fortemente as consequências que um circuito de rua provoca a seu carro. No Q1, no entanto, Hamilton amargou um estranho 14º lugar e não escondeu a modéstia: “Vocês precisam me ouvir mais”, disse via rádio à equipe. 
 
Claro que foram todos ouvidos, e a parte seguinte já foi mais normal. A Ferrari terminou novamente à frente – no caso, Kimi Räikkönen –, Max Verstappen e Valtteri Bottas não ficaram além de 0s060, Hamilton foi quarto e Vettel foi sexto parecendo se poupar para quando ligasse o ‘modo festa’.
Verstappen surpreendeu, Hamilton foi o dono da festa e Vettel decepcionou (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)

Com 0s6 de vantagem para o resto, Lewis sabia que aquela primeira volta era a garantia da farra. O resto também sabia. O único a conseguir melhorar foi Verstappen, quem é que larga ao lado de Hamilton neste domingo. Ou seja: mesmo com o melhor carro e a perspectiva de domínio numa pista a seu feitio, a Ferrari sucumbiu. 

 
E se já não adianta muito cobrar de Räikkönen, que está de saída, tem de chamar Vettel para conversar e entender onde é que ele está perdendo tanto – as vezes, a cabeça – a ponto de parecer um qualquer neste fim de semana e no campeonato.
 
O cenário não é nada bom para a Ferrari. Foi em Singapura onde ela começou de vez a perder o campeonato no ano passado naquele acidente bizarro da largada com a presença de Verstappen. Agora, a equipe se vê em terceiro e quinto no grid num lugar onde deveria estar na primeira fila. A não ser que o apagar das luzes apresente uma novidade similar à de 2017, Vettel vai ter trabalho para acompanhar Hamilton e Verstappen e dificilmente vai contar com Räikkönen para mudar as ações. 
Sebastian Vettel sofreu novo revés psicológico na batalha contra Hamilton (Foto: AFP)

Serão duas horas duríssimas para o alemão, cuja bandeirada já pode, sim, indicar o fim das esperanças na luta pelo título. Qualquer resultado que jogue para além dos 30 pontos a diferença no Mundial acaba não só com a esperança, mas com a confiança de Sebastian.

 
Ao menos no discurso, Seb mostrou não estar tão abalado com obra genial de Hamilton nesta noite. “Acho que Lewis fez uma volta muito boa, mas que não era impossível de superar. Não tivemos uma sessão normal, foi isso. Nossas voltas não foram ideais e, no fim das contas, nossa classificação não foi tão boa quanto poderia ter sido. Não tiramos o máximo do carro”.
 
“A diferença parece grande, mas apenas em parte, já que o circuito é muito longo, de modo que isso não me preocupa. Obviamente, sempre é melhor começar da primeira fila, mas acho que amanhã vamos estar bem. O carro é bom, de modo que acho que podemos ficar no grupo dos carros da frente e temos duas horas para batê-los. Ninguém sabe o que pode acontecer”, ponderou o tetracampeão, pensando numa prova movimentada e até com safety-cars.
 
“Não estou triste com a terceira posição porque não é um desastre. Claro que quero estar na pole. No entanto, viramos a página e vamos ver pelo que vamos lutar amanhã”, completou.
Lewis Hamilton e a expressão de quem havia acabado de fazer mágica em Singapura (Foto: Mercedes)

É compreensível que Vettel não queira elevar o rival a um pedestal, mas a única pergunta que fica diante da sua declaração é: se a volta de Hamilton não era imbatível, por que é que não só não a bateu como tomou 0s6?

Se por um lado Vettel não procurou se deixar abater pelo revés inegável deste sábado, por outro Hamilton viveu uma noite iluminada. Ciente de que tem nas mãos um carro inferior ao do seu rival, Lewis sabia que tinha de dar tudo de si para conseguir largar na frente. Deu muito mais certo do que o próprio piloto poderia imaginar.

 
“Tenho de dizer a vocês: essa pista é épica. Também é muito difícil. É a mais desafiadora do ano, eu acho, é uma Mônaco ‘bombada’. Mais longa e com muito mais curvas. Ontem parecia um dia bom para nós. Chegamos hoje e fizemos algumas mudanças. Todos começaram com os hipermacios e nós, com os macios, o que é uma diferença enorme em termos de comparação. Fiquei 0s5 atrás de todos e não achei que poderia buscar esse tempo em lugar algum”, disse o piloto, que foi além e falou que não tinha ideia do quanto sua volta havia sido tão boa.
 
“Então, nós entramos na última sessão e foi sobre encaixar todos esses pequenos pedacinhos juntos. Em 99,9% do tempo, não correu como o planejado. Simplesmente tirei o máximo de cada curva e segui acelerando. Aqui é muito físico, estava tremendo muito e meu coração estava batendo forte. Tentei ir mais além e frear meio metro [à frente]. Dei absolutamente tudo o que tinha. Fiquei nervoso quando cheguei para o fim [da volta] porque não sabia se tinha sido boa o suficiente”, relatou o tetracampeão com o “coração acelerado” após ter feito uma volta “mágica e perfeitamente no limite”.
Max Verstappen foi igualmente sensacional e sonha até com vitória no domingo (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)
É preciso destacar também o feito de Verstappen, que classificou o segundo lugar no grid como uma verdadeira vitória. E foi mesmo. Max foi além para externar tamanha satisfação com sua performance em Marina Bay.
 
“Hoje foi a melhor classificação que já fiz na F1. Por conta dos problemas de motor que tivemos nos treinos e na classificação, fiquei muito surpreso por levar o segundo lugar para casa. Minha volta no Q3 foi muito boa e evoluímos a cada fase da sessão, e aí o carro se mostrou incrível no fim. O principal foi ter encontrado uma boa aderência dianteira, e isso ajudou muito no Q2 e no Q3”, explicou o talentoso holandês, que almeja ir muito além de um pódio.
 
“Estou muito feliz. Se puder me colocar alguns metros à frente contra Lewis na largada e me colocar na frente, há boas chances de vencer, já que é uma pista difícil de ultrapassar. É preciso sorte com os safety-car, mas, como sempre, vou fazer tudo o que for possível. Posso dizer que me coloquei numa boa posição para tentar”, avisou.
 
Menção honrosa à Force India e a Sergio Pérez, o ‘melhor do resto’ no grid de Singapura. A equipe de Silverstone, aliás, vem mantendo a boa fase depois que foi adquirida pelo consórcio liderado por Lawrence Stroll e, mesmo numa pista com características muito distintas de Spa e Monza, vem conseguindo encaixar ótimo desempenho.
A Force India confirmou a grande fase com bela performance neste sábado (Foto: Racing Point Force India)
“Não esperávamos por isso”, afirmou ‘Checo’ à Sky Sports. “Foi uma grande volta e encaixamos tudo. Conseguir uma volta perfeita aqui não é uma tarefa fácil porque os pneus são muito exigidos”, comentou o mexicano, muito feliz com a forma da equipe como um todo. “Fizemos um bom trabalho nas duas corridas e com os dois carros. Muita coisa pode acontecer aqui, então estou feliz se a gente conseguir corresponder amanhã. Foi muito bom e muito especial. Amanhã vai ser um longo dia”.
 
Em contrapartida, a Williams foi mais uma vez sofrível. Figurar na última fila do grid vem sendo até um hábito nesta temporada, mas surpreende a enorme diferença para os demais carros do grid. Lance Stroll, o penúltimo do grid, ficou a 1s4 do tempo registrado por Stoffel Vandoorne, igualmente muito mal com a McLaren — Fernando Alonso quase avançou ao Q3 e vai largar em 11º
 
Sem desculpas, Stroll não escondeu o tom pessimista para o domingo. "Analisando a tabela de tempos hoje, amanhã provavelmente vai ser uma desgraça, mas talvez a chuva possa ajudar”, disse o canadense, que parece não vê a hora de mudar de boxes e correr para a equipe do pai.

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