Verstappen e Red Bull já são virtuais campeões. E agora vão atrás dos recordes

Não há como usar de meias palavras: Max Verstappen e Red Bull vão comemorar os títulos da Fórmula 1 2023. Qualquer julgamento deles tem de ser com história em mente

Os primeiros dias do mês de junho oferecem ainda temperaturas mais baixas para quem está no Brasil ou quentes para aqueles que vivem na Europa e em todo hemisfério norte. É tempo de verão por lá, claro. Na Fórmula 1, dez corridas restam pela frente. Número enorme numa competição esportiva de alto nível, mas que, nesse caso específico não tem qualquer chance de mudar os rumos da história. Max Verstappen e Red Bull vão comemorar os títulos muito breve, e não há nada a ser feito para evitar que assim seja.

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Chega a ser estranho dizer isso em agosto, após somente 12 corridas e com mais uma dezena por vir: os campeonatos acabaram, ao menos no quesito briga pelo título. Mas é verdade. Dá para argumentar que seria verdade após oito corridas, mas as últimas quatro deram estofo matemático para o que antes era uma certeza empírica.

Verstappen tem 314 pontos no Mundial de Pilotos. O segundo colocado é justamente o companheiro de equipe, Sergio Pérez, que conta com 189. Distantes, quase que inacreditáveis, 125 atrás. Tamanha a desvantagem que, segundo o jornal holandês De Telegraaf, deu a oportunidade para a Red Bull acionar um gatilho no contrato de Pérez que permite diminuir o salário do piloto por estar tão fora da briga. A coisa é pior para Fernando Alonso, terceiro colocado e 165 tentos atrás. A diferença é maior que a pontuação acumulada por Fernando, que tem 149 mesmo em meio a uma boa temporada, com cinco pódios.

A questão que se impõe, embora ainda meramente teórica, é: se não voltasse mais para a temporada e mandasse um substituto no lugar, Verstappen perderia o campeonato? Talvez Pérez tivesse condições de chegar, mas, no grid apertado da F1 atrás dos carros taurinos, ninguém mais conseguiria chegar aos 314 tentos.

Max Verstappen e Red Bull celebram: a cena mais vista de 2023 (Foto: Mark Thompson/Getty Images)

No Mundial de Construtores, o título está ainda mais sacramentado, visto que a Red Bull tem 503 tentos contra 247 da vice, Mercedes. Sim, 256 pontos. Sim, mais que o dobro da pontuação da vice-líder.

Só quem pode duelar com os protagonistas, individual e coletivo, da temporada é a história. No ano passado, Verstappen bateu o recorde de mais vitórias numa mesma campanha na categoria, com 15, e agora já chega a 10 em 12. As chances de dobrar a aposta do que fez em 2022 são enormes.

Além disso, o piloto que completa 26 anos de idade somente no fim de setembro, já soma 45 vitórias na carreira na F1, quinta colocação. Alain Prost e Sebastian Vettel, respectivamente, reuniram, respectivamente, 51 e 53 nas carreiras completas. Há uma chance realista de que Max supere ambos ainda em 2023 e termine a jornada do tricampeonato como o terceiro maior vencedor de corridas de todos os tempos. Aos 26 anos.

Nas poles, está mais atrás: tem 27 e é o décimo na história, mas já soma sete neste ano. Juan Manuel Fangio (29), Nico Rosberg (30), Nigel Mansell (32), Alain Prost e Jim Clark (33) todos estão ao alcance até novembro.

São oito vitórias seguidas, segunda melhor sequência da história: somente Vettel, entre os GPs da Bélgica e Brasil de 2013, fez nove. Portanto, em casa, na Holanda, quando a F1 voltar à ação, tem a chance de igualar para ultrapassar na Itália.

A Red Bull, por outro lado, já soma a maior sequência de vitórias por uma mesma equipe em todos os tempos, superando a McLaren de 1988: são 12. Na verdade, somando o GP de Abu Dhabi do ano passado, são 13. Há a possibilidade real de se tornar a única equipe da história a vencer 100% das corridas de um campeonato.

Newey já projetou carros vencedores para Williams, McLaren e Red Bull na Fórmula 1 (Foto: Red Bull Content Pool)

Enfim, os números podem ser cuspidos ao vento — estes e outros muito mais. Mas estão apenas a serviço de um ponto maior.

É impossível comparar pilotos de diferentes eras, através do olho mágico do tempo. Impossível. E, portanto, comparar as alturas em que chega a carreira de Verstappen às de Fangio, por exemplo, é apenas o famoso pensamento desejoso. Nada de científico há nisso. Mas é possível comparar domínios. Verstappen caminha para inaugurar a era de domínio mais impressionante que a F1 já viu.

Não dá para saber se fará os cinco anos seguidos de Michael Schumacher ou os seis em sete anos de Lewis Hamilton, mas não há nada parecido com o que aconteceu em dois anos seguidos como os últimos dois: 25 vitórias em, até agora, 34 corridas. E, sejamos honestos, não há nada que indique uma alteração na tendência.

Pelo contrário. Com a Red Bull no comando de uma geração de carros e motores basicamente congelados por mais dois anos, há um biênio para valsar e coroar o grande trabalho com grandes resultados.

Fruto, em muito, de contar com um projetista/diretor-técnico como Adrian Newey. Projetista campeão diversas vezes por Williams, McLaren e Red Bull, Newey não é só a última espécime de sua raça: os antigos homens que definiam tudo na parte técnica e desvendavam os segredos que as regras permitiam ser descobertos. Além de figura com contornos lendários, trata-se de um homem que, em sua vida acadêmica, viveu de destrinchar o que era, como funcionava e o que podia potencialmente ser o efeito-solo em carros de corrida.

Newey é o maior especialista vivo no mundo inteiro em efeito-solo aplicados em carros de corrida, que fique claro. Por isso, muito, a tamanha distância da Red Bull para as demais. E assim será ainda em 2026, com carros regidos pelo mesmo gatilho aerodinâmico. É justo e provavelmente correto pensar que a Red Bull será grande favorita por muito tempo enquanto assim for. Graças a Newey, a Verstappen e ao time mais bem estruturado da F1. A história espera a todos.

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