Opinião GP: Red Bull mantém rivais no bolso na F1 2024, mas vive ameaça de implosão

A Red Bull até deu corda às adversárias, mas, quando foi para valer mesmo, a performance real apareceu e foi assombrosa. Max Verstappen engoliu os rivais e deixou claro: ninguém parece forte o suficiente para discutir o título de 2024. No entanto, o clima dentro das garagens taurinos está longe da tranquilidade nas pistas. O Caso Horner ainda repercute fortemente e já dá sinais de tempos difíceis em Milton Keynes

QUANDO AS LUZES SE APAGARAM na largada na reta principal do circuito de Sakhir no sábado à noite, a Fórmula 1 sustentava uma ponta de esperança de um ano mais equilibrado ou minimamente disputado. Os treinos livres e a classificação revelaram pequenas falhas da Red Bull, muito embora Max Verstappen tenha cravado a pole na sexta-feira. Só que a realidade se fez ainda nos primeiros quilômetros da corrida no deserto. Verstappen não enfrentou qualquer dificuldade para fazer valer a posição de honra e, depois, sumiu. Foi visto apenas na bandeirada, quando cruzou em primeiro com uma vantagem de mais de 20s. Quer dizer, 57 voltas depois, a mensagem foi cristalina: ninguém vai brigar por esse título com ele ou com a esquadra dos energéticos, que segue mantendo os rivais no bolso. E eles que lutem!

E essa sensação ficou cada vez mais forte com o passar da prova. Verstappen abriu uma vantagem acima dos 10s logo de cara. Isso tendo de cuidar dos pneus macios e trabalhar numa estratégia diferente de quem estava ao seu redor no grid. Mais tarde, quando calçou os pneus duros, impôs um ritmo ainda mais consistente. Era em torno de 1s mais veloz que seus oponentes. Ninguém o incomodou. Viveu uma corrida solitária (mais uma) para ampliar seus já impressionantes números na Fórmula 1.

Mas o que torna esse cenário mais complexo para a concorrência nem é realmente Verstappen. Ele segue em uma liga própria, explorando mais do que qualquer outro e chega a ser injusta a comparação. O problema do grid mesmo é notar que Sergio Pérez foi capaz de imprimir um desempenho também contundente. Ainda que a classificação siga como o calcanhar de Aquiles, o mexicano promoveu uma sólida recuperação, administrou bem os pneus na parte final e não permitiu a aproximação da Ferrari de Carlos Sainz, garantindo, assim, a dobradinha do time austríaco e uma vida mais tranquila na vigilância de Helmut Marko.

Então, veio a festa do pódio e os risos nos boxes, entrevistas e um discurso para afastar o extremo favoritismo. Só que, abaixo dessa superfície de alegria, há uma tensão e um movimento cada vez maior, incômodo e insistente. A questão é que o Caso Horner ainda repercute enormemente e parece longe de um desfecho, apesar da tentativa da Red Bull de encerrar o assunto com um vago comunicado sobre a decisão tomada a partir das conclusões da investigação interna conduzida de forma independente, após denúncia contra o chefão, Christian Horner.

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O processo todo durou oito semanas. O dirigente foi ouvido e, no fim, acabou inocentado das acusações. Importante dizer que, em nenhum momento ao longo desse procedimento, Christian foi afastado do cargo. Ao contrário, tomou posição central no lançamento do RB20 e acompanhou os testes da pré-temporada, embora sem o uniforme taurino. E voltou ao Bahrein antes mesmo da conclusão.

Então, o objetivo era claro para os taurinos: seguir a vida e pensar só no campeonato. No entanto, os acontecimentos do fim de semana colocam tudo isso em xeque e expõem a gravidade do episódio. A verdade é que a atmosfera dentro da Red Bull está longe da tranquilidade das pistas. Desde o veredito, a situação tem escalonado. Primeiro, com um e-mail anônimo, um suposto vazamento das evidências do caso, endereçado a dezenas de jornalistas, chefes e executivos da F1. Depois, um movimento dos principais times, cobrando transparência. A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) também chamando para reuniões — e pedindo, mais tarde, ao tricampeão para apoiar o chefe.

Por fim, há também um episódio com potencial ainda mais explosivo. Acontece que Jos Verstappen, pai de Max, decidiu criticar a postura toda da Red Bull e acha que o time acaba se Horner for mantido no cargo. “A equipe corre o risco de rachar, não pode continuar do jeito que está, vai explodir. Ele está se fazendo de vítima quando, na verdade, é ele quem está causando os problemas”, disse Jos ao jornal britânico Daily Mail.

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Diante de tudo, foi preciso um gerenciamento de crise para tentar amenizar o cenário, que segue turbulento. E as cenas dos próprios capítulos serão determinantes também para o que será dessa equipe tão poderosa na pista, mas fragilizada fora dela e exposta.

O caso é que a Red Bull tem uma base muito bem fundamentada em quatro pilares importantes: o consultor Marko, o projetista Adrian Newey, o tricampeão Verstappen e o próprio Horner. Portanto, qualquer abalo aí tem o poder de comprometer a estrutura toda e afetar, inclusive, uma temporada que parece destinada ao sucesso. Então, sim, há um risco de implosão, com sequelas severas.

A temporada 2024 da Fórmula 1 continua já na próxima semana, entre a quinta-feira 7 e o sábado 9 de março, com o GP da Arábia Saudita, em Jedá. O GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades e transmite classificação e corrida em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, na GPTV, o canal do GP no Youtube. Além disso, debate tudo que aconteceu na pista com o Briefing após segundo treino livre e classificação, além de antes e depois da corrida.

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