Pérez contrasta melhor momento em 2020 com incerteza sobre futuro na Fórmula 1

Mesmo com duas corridas a menos na temporada, o mexicano é o quinto no Mundial de Pilotos. Mas ao mesmo tempo em que atravessa bom momento no ano, Sergio Pérez tem pela frente a decisão sobre onde vai correr em 2021. As opções vão de um extremo ao outro em termos de competitividade, mas também há o risco até mesmo de ‘Checo’ ficar fora do grid no ano que vem

Tão logo se antecipou ao anúncio da Racing Point e confirmou que estava fora para dar lugar a Sebastian Vettel na equipe, futura Aston Martin, em 2021, Sergio Pérez virou uma espécie de bola da vez no mercado de pilotos da Fórmula 1. Experiente e dono de oito pódios ao longo de dez temporadas no Mundial, ‘Checo’ acumula passagens bem-sucedidas por Sauber e Force India — antigo nome da Racing Point —, além do fracasso com a McLaren no já distante ano de 2013. Mas o competidor nascido em Guadalajara tem, além da cancha mencionada, um atrativo que também faz dele um nome interessante: o forte patrocínio da Telmex, o conglomerado de empresas do bilionário mexicano Carlos Slim.

Ainda, é bastante curioso que, com a Fórmula 1 prestes a encerrar outubro e a caminho de definir as vagas que restam para a próxima temporada e com tantos predicados a seu favor, Pérez ainda não tenha seu cockpit garantido para 2021. Houve muito burburinho nas últimas semanas sobre o novo destino do mexicano, mas seu futuro segue incerto. E isso justamente no momento em que ‘Checo’ atravessa seu melhor momento no campeonato e está perto de ser o ‘melhor do resto’ no Mundial de Pilotos mesmo tendo duas corridas a menos que a maior parte dos seus adversários.

Assim que se viu fora da Racing Point/Aston Martin para 2021, Pérez teve seu nome ligado primeiramente a duas equipes: Alfa Romeo — sequência da Sauber, onde o piloto iniciou sua trajetória na Fórmula 1 — e Haas. As duas equipes, empurradas por motor Ferrari, fazem parte da rabeira do pelotão intermediário.

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Sergio Pérez entre o grande momento em 2020 e a incerteza sobre 2021 (Foto: Racing Point)

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Sergio sempre deixou claro que estar no grid apenas por estar e fazer número jamais foi uma opção. De fato, considerando o contexto como um todo, não faria muito sentido a um piloto que está hoje num patamar acima e numa equipe que luta por pódios descer um degrau para continuar na F1.

Mas as duas equipes parecem ter as portas fechadas a Pérez. A Haas, que segundo veículos de comunicação, como a revista francesa Auto Hebdo, não vai seguir com Romain Grosjean e Kevin Magnussen, tem preferência pelos rublos trazidos pelo jovem Nikita Mazepin, atualmente na Fórmula 2 e filho do bilionário russo Dmitry Mazepin. A outra vaga tem rumo incerto, mas nos últimos dias até o nome de Mick Schumacher, vinculado à Academia de Pilotos da Ferrari e ligado a um possível acerto com a Alfa Romeo, desponta como favorito. Isso porque a equipe ítalo-suíça tem a tendência, também segundo as informações dos bastidores da Fórmula 1, de continuar com Antonio Giovinazzi e Kimi Räikkönen por pelo menos mais um ano.

Neste meio tempo, Pérez recebeu até mesmo uma sondagem pública da McLaren. Não para a Fórmula 1, já que a dupla da equipe de Woking para 2021 foi definida ainda em maio e será formada por Lando Norris e Daniel Ricciardo. Zak Brown revelou interesse em dar a ‘Checo’ um lugar na operação inglesa na Indy.

Com o nome no mercado, mas enfraquecido por conta de outras opções disponíveis, Pérez não viu outra alternativa a não ser mostrar serviço na pista. E, a partir do GP da Toscana, enfileirou uma série de bons resultados: quinto em Mugello e dois quartos lugares, nos GPs da Rússia e de Eifel. O mexicano, que até Monza estava em nono no Mundial, subiu quatro posições e avançou para o quinto lugar, tendo somente 10 pontos a menos na comparação com Daniel Ricciardo, da Renault. E isso com duas corridas a menos para ‘Checo’.

Ao mesmo tempo em que atravessa seu melhor momento em 2020, Pérez viu surgir a outrora improvável alternativa chamada Red Bull. Isso porque, neste mesmo período, Alexander Albon voltou a entregar muito pouco depois do animador pódio na Toscana. O anglo-tailandês somou apenas 1 ponto em Sóchi e abandonou em Nürburgring. A volta da fase ruim de Alex levantou novos rumores sobre o seu futuro na equipe taurina na próxima temporada.

Enquanto Helmut Marko prepara Yuki Tsunoda para, ao que tudo indica, ocupar o lugar de Daniil Kvyat na AlphaTauri em 2021, o futuro de Albon virou um ponto de interrogação ainda maior depois de o dirigente austríaco tornar público o interesse por dois pilotos que não fazem parte do chamado Red Bull Junior Team: Pérez e Nico Hülkenberg, que foi muito bem quando substituiu o próprio mexicano e também Lance Stroll no carro da Racing Point em três corridas neste ano.

Pérez tem uma chance improvável de voltar a uma equipe de ponta, no lugar de Alex Albon, na Red Bul em 2021 (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)

Embora Helmut Marko diga publicamente que a prioridade ainda é manter Albon, a menção do austríaco ao nome de Pérez, além de aumentar a pressão sobre o anglo-tailandês, traz também uma nova perspectiva ao mexicano, que talvez nem esperava mais sequer ser cogitado a defender uma equipe de ponta na Fórmula 1.

Pérez e Hülkenberg são parecidos em alguns aspectos, sobretudo pela experiência dos dois na Fórmula 1. ‘Checo’ é quase três anos mais novo que Hülk, mas o alemão tem a seu favor um histórico melhor em termos de relacionamento com companheiros de equipe. Sergio, embora tenha se dado bem com o alemão nos tempos de Force India, entre 2014 e 2016, e com Lance Stroll nos dois últimos anos na Racing Point, acumulou rusgas com Esteban Ocon e não teve uma relação da mais amigáveis com Jenson Button na McLaren.

Tal fator talvez possa pesar em uma equipe que tem Max Verstappen como grande protagonista e número 1, embora Pérez tenha amadurecido bastante nos últimos anos. O piloto foi elemento de enorme importância para que a Force India/Racing Point se firmasse como uma grande força do pelotão intermediário e conseguiu o feito de conquistar cinco pódios pela organização de Silverstone.

O que está claro é que a intenção da Red Bull, ao cogitar contar com um piloto mais ‘cascudo’, é a maior possibilidade de somar pontos importantes para o Mundial de Construtores sem muito sofrimento e beliscar alguns pódios ou até vitórias aqui e ali. Como Mark Webber conseguiu fazer até que bem quando foi o número 2 de Sebastian Vettel nos anos de ouro da equipe taurina, entre 2009 e 2013, e como Albon não vem conseguindo fazer nesta temporada.

Entretanto, segundo o mexicano, ainda vai levar algum tempo para que seu destino seja selado para 2021. “Houve algum progresso, mas vai levar um pouco mais de tempo. Na Fórmula 1, até que você tenha algo assinado, está tudo no ar. Tenho certeza de que eles sabem que eu estou disponível”, disse o piloto no fim de semana do GP de Eifel, há cerca de dez dias.

“No momento, é somente uma questão de manter todas as portas abertas e também ser paciente. Não tenho pressa. Espero que, nas próximas semanas, as coisas fiquem um pouco mais claras. Estou bem tranquilo quanto a isso. Todos os cenários são promissores, só preciso ser paciente e esperar pelo melhor resultado”, explicou.

A fala de ‘Checo’ foi pouco antes de seu nome aparecer no noticiário sendo ligado a outra equipe: a Williams. O novo rumor dá conta de que Pérez, em razão do grande aporte financeiro que carrega, pode fazer a equipe de Grove abrir mão de George Russell e trocá-lo pelo mexicano em 2021.

Mas em entrevista à emissora britânica Channel 4, Pérez deixou claro que não pensa em correr mais na rabeira do grid. “Agora [na Racing Point] tenho um carro competitivo, portanto vai ser difícil pensar em voltar ao fim do grid. Estive lá por muitos anos e lutando para ter um bom carro. Também sou consciente de que não me faltam muitos anos aqui. Estou num momento diferente da minha carreira e não me vejo competindo lá atrás”.

Além de não aceitar a possibilidade de correr no fim do grid, Pérez deseja um vínculo contratual que lhe dê a segurança para trabalhar por pelo menos dois anos. Do contrário, não vê problemas em encerrar de vez seu ciclo na Fórmula 1.

“Teria de ser também um projeto de longo prazo, pensando em 2022, porque eu espero que as mudanças de regulamento tenham um grande efeito. Esse é o maior motivo para querer continuar até 2022, porque eu acho que seriam muitas oportunidades. 2021 pode ser um ano difícil nesse sentido, mas nunca se sabe. Certamente tenho opções e não espero tomar uma decisão tão cedo. Vou tomar o tempo necessário. Se eu não achar nada atrativo na F1, vou pensar em outros campeonatos, outras coisas. Veremos”, disse.

Nas entrelinhas, portanto, a não ser que aconteça alguma mudança brusca sobre o que pretende na sua carreira, só há uma possibilidade de Pérez continuar na Fórmula 1: ou fecha acordo com a Red Bull ou deixa a principal categoria do esporte a motor sem seu único representante latino-americano nos últimos anos.

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