Jaguar avisou, Porsche ignorou e pagou: Cassidy toma ponta da Fórmula E em Mônaco

A Porsche já vinha perdendo terreno há algum tempo na Fórmula E, mas os avisos da Jaguar não foram suficientes. Após vencer em Mônaco, Nick Cassidy tomou de assalto a liderança e comprovou: o trem de força inglês é o bicho papão da Era Gen3 no momento

Não foi por falta de aviso. Desde o eP de Hyderabad, no dia 11 de fevereiro, a Porsche dá mostras de que não é mais a mesma que abriu a temporada com vitórias avassaladoras na Cidade do México e na rodada dupla de Diriyah. Pois bem, a segunda metade do campeonato confirma a tendência vista desde a etapa indiana: quem manda na Fórmula E atualmente é a Jaguar, e ninguém surfa melhor nessa onda do que o neozelandês Nick Cassidy.

O piloto da Envision — que usa trens de força da Jaguar e é a nova líder do Mundial de Construtores — já vinha ameaçando um ataque há algum tempo. Nas últimas seis corridas, Nick foi ao pódio cinco vezes e ainda teve um quinto lugar como pior resultado — ou seja, enquanto o neozelandês somou 111 pontos no período, o então líder Pascal Wehrlein conquistou 32. Seria impossível se manter à frente.

Em Mônaco, Cassidy fez mais uma apresentação segura e sem sustos, sempre se colocando entre os ponteiros e aproveitando os momentos certos para atacar. Habilidoso na hora de fugir de toques mais sérios e sempre veloz quando necessário, o piloto já é um dos protagonistas da temporada e toma a liderança no momento mais importante, quando o calendário começa a se encaminhar para uma definição.

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Comendo pelas beiradas, Nick Cassidy enfiou o pé na porta e é o novo líder da Fórmula E (Foto: Envision)

O motivo para tanta discrepância é simples: enquanto a Porsche segue no mesmo nível do início da temporada, sofrendo nas classificações e precisando buscar os resultados nas corridas, as outras equipes se encontram, acumulam dados sobre o novíssimo Gen3 e evoluem — em especial, a Jaguar. Assim, um campeonato que parecia decidido nas primeiras etapas escorre das mãos alemãs e vai se provando um verdadeiro pesadelo.

Vale destacar, entretanto, que o dia em Mônaco não foi um desperdício total para todos os pilotos que usam os motores da Porsche. Jake Dennis, da equipe cliente Andretti, foi ao pódio pela segunda corrida seguida e parece ter deixado para trás o período de seca, com quatro provas seguidas sem pontos. Quatro tentos atrás de Pascal, o britânico se coloca mais como candidato do que o alemão, que mais uma vez saiu zerado.

Enquanto Jaguar, DS Penske, Maserati, Nissan e até Abt Cupra demonstram ter dado um passo à frente em relação ao início do ano, a Porsche simplesmente segue estagnada. Não consegue obter ritmo de classificação, o que impede a passagem de seus pilotos ao mata-mata, e encontra cada vez mais dificuldades para repetir as recuperações heroicas corrida após corrida — pois enfrenta adversários em níveis cada vez mais altos.

Não se deve subestimar Mitch Evans. Quarto colocado, o neozelandês está muito na briga (Foto: Fórmula E)

Além de Cassidy, há de se destacar o desempenho de seu compatriota Mitch Evans nas últimas rodadas do campeonato. Vencedor de quatro corridas no ano passado e concorrente ao título até o fim, o piloto da Jaguar conquistou um segundo lugar muito importante em Mônaco e subiu para a quarta posição no campeonato, atrás apenas de Cassidy — o novo líder —, Wehrlein e Dennis.

Mesmo com alguns pilotos à sua frente, Evans cumpre o plano da Jaguar à risca e vai somando pontos importantes, ao mesmo tempo em que evita se envolver em confusões com os titulares da Envision — afinal de contas, as duas equipes compartilham dos mesmos motores e costumam buscar soluções juntas. Olho nele, pois com sete corridas pela frente, qualquer abandono dos ponteiros pode ser decisivo na briga pelo título.

O retrospecto das últimas etapas mostra que a dominância é clara. A vitória em Mônaco foi a quarta seguida de um motor Jaguar na Fórmula E, duas com Evans e duas com Cassidy, mas chama atenção o aproveitamento da fornecedora inglesa em todas as corridas neste período: 1-2-3 em São Paulo, 1-2 em Berlim 1, vitória em Berlim 2 e mais um 1-2 em Mônaco. Definitivamente, é o alvo a ser batido.

O retrato da Porsche no momento: estagnada, equipe vê sonho do título escorrer por entre os dedos (Foto: Fórmula E)

Por fim, um elogio merecido à direção de prova. Enquanto a FIA tropeça nas próprias decisões na Fórmula 1, com um GP da Austrália caótico e uma relargada bastante artificial no final, a Fórmula E seguiu o próprio regulamento à risca: puniu rapidamente os pilotos que desrespeitaram as regras na classificação — ainda que tenha demorado na decisão sobre o pole — e encerrou a corrida sob safety-car, conforme manda o conjunto de regras.

O fim de corrida sob bandeira amarela pode ser anticlimático, mas o fato é que o regulamento não permite adições de voltas depois que o líder completa 80% da disputa. Assim, ponto para a direção de prova capitaneada por Scot Elkins, que fez o simples, seguiu o próprio regulamento e não investiu em decisões questionáveis que poderiam prejudicar o lado esportivo do espetáculo. Nem tudo é sobre entretenimento.

A Fórmula E volta a aquecer os motores a partir do dia 3 de junho, com a rodada dupla do eP de Jacarta, antes de passar por Portland, Roma e Londres. O GRANDE PRÊMIO, emissora oficial da categoria no Brasil, transmite todas as atividades de pista AO VIVO e COM IMAGENS no YouTube e no aplicativo Kwai.

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