Binder arrisca na chuva e encerra jejum de um ano com vitória corajosa na Áustria

Ofuscado por Miguel Oliveira e longe do pódio há 371 dias, o sul-africano fez as pazes com a vitória de uma maneira valente e memorável no Red Bull Ring

Brad Binder dividiu pódio no Red Bull Ring com Francesco Bagnaia e Jorge Martín (Vídeo: MotoGP)

Brad Binder é um homem de tudo ou nada. 371 dias do primeiro triunfo na MotoGP, o sul-africano mostrou valentia ao arriscar seguir com os slicks enquanto a chuva ensopava a pista do Red Bull Ring e foi recompensado com uma vitória corajosa no GP da Áustria deste domingo (15), justamente na casa da KTM.

No GP da Estíria da semana passada, Brad já tinha se destacado pela corrida de recuperação, já que largou em 16º para receber a bandeirada em quarto, mas, desta vez, o brilho foi ainda maior. O mais velho dos irmãos Binder vinha em uma corrida discreta, mas foi a mudança no clima que fez crescer.

Brad Binder brilhou na chuva da Áustria (Foto: KTM)

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Quando os ponteiros diminuíram o ritmo por conta do piso molhado, Brad conseguiu encostar e, no momento em que Francesco Bagnaia, Marc Márquez, Fabio Quartararo, Jorge Martín e Joan Mir foram aos boxes para executar o flag-to-flag, o parceiro de Miguel Oliveira seguiu na pista e assumiu o comando da disputa.

Brad tomou a liderança na 25ª das 28 voltas e se viu com uma vantagem grande, com Aleix Espargaró, Valentino Rossi, Iker Lecuona e Luca Marini aparecendo como rivais mais próximos ― todos com pneus slicks, assim como Álex Márquez, Danilo Petrucci e Takaaki Nakagami, que completam a lista dos oito que não fizeram pit-stop nesta 11ª etapa da temporada.

Com a pista encharcada, o piloto que completou 26 anos em meados da semana precisou de cautela e coragem para completar os giros restantes. Com o pelotão de pneus sulcados de volta à pista, a diferença de ritmo foi gritante e, assim, Brad foi único que conseguiu se manter diante de todos eles. Na última volta, por exemplo, o #33 rodou em 1mim50s321, 14s386 mais lento do que Francesco Bagnaia, que recebeu a bandeirada em segundo.

Além de premiar a coragem de Binder, que basicamente ‘patinou no gelo’ com um pneu liso e frio e os freios de carbono sem funcionar, a vitória no GP da Áustria é mais uma mostra da razão pela qual a KTM deposita tanta confiança no piloto.

Brad venceu na terceira corrida da carreira ― em Brno no ano passado ―, mas, desde então, não voltou mais ao pódio: um jejum de pouco mais de um ano. Ele até teve algumas boas atuações aqui e ali, mas foi ofuscado por Miguel Oliveira, que mesmo na equipe satélite em 2020, venceu mais ― duas vezes. Neste ano, o português já tinha a vitória da Catalunha e outros dois pódios.

Binder precisava responder. E a resposta veio com uma atuação de destaque, reconhecida até mesmo pelos rivais.

“Brad fez uma coisa incrível nas últimas voltas com slicks no molhado”, elogiou Bagnaia. “Foi incrível o que ele fez”, frisou.

Como bem definiu, Binder sobreviveu em condições traiçoeiras e fez as pazes com um bom resultado que tardou muito em reaparecer.

“Na última volta, não foi uma questão de correr, mas de sobreviver”, disse Binder. “Tudo que eu queria ontem a noite era um pódio hoje, pois fazia muito tempo que eu não conseguia um ― exatamente um ano desde a vitória em Brno. Só que antes da chuva, eu estava tendo uma corrida terrível. O pneu traseiro estava derrapando o tempo todo na freada. Quando vi as primeiras gotas de chuva, percebi que tinha a chance de recuperar em relação ao grupo líder”, relatou.

“Os outros pilotos foram para os boxes para trocar de moto e eu decidi no último minuto, quando o grupo entrou nos boxes. Naquele momento, faltavam quatro voltas, eu tinha de tentar. Parecia uma boa ideia ficar na pista”, considerou. “A primeira volta foi boa e aí as duas últimas foram outra coisa. Na última volta, os freios esfriaram e os pneus também, então eu não podia nem mesmo parar. Realmente tive dificuldade de ficar na pista. Mas às vezes você tem de apostar, hoje era a corrida de casa da KTM, funcionou”, justificou.

Brad reconheceu que ficou aliviado de ver a bandeira quadriculada, pois as condições eram muito difíceis.

“Tentei fazer o melhor que eu podia. Na curva 3, me vi com a direção travada enquanto pisava no pedal do freio traseiro. De um momento para o outro, fiquei esperando alguém de passar. Honestamente, foi um alívio quando cruzei a linha”, desabafou.

Por fim, Binder destacou que, por mais especial que tenha sido a primeira vitória, a segunda chega com um sabor diferente.

“A primeira vitória é sempre muito especial, chegou muito rápido para mim, mas conseguir essa segunda foi um grande desafio”, comentou. “Nas últimas corridas, percebi que a nossa moto tem um grande potencial e que eu tinha de trabalhar em mim mesmo. Ver seu parceiro tão forte de determinado ponto de vista torna as coisas mais fáceis, pois pode te ensinar muita coisa”, concluiu.

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