Classe rainha do Mundial de Motovelocidade decide campeão no último GP pela 20ª vez

Com 21 pontos de vantagem para Jorge Martín, Francesco Bagnaia chega ao GP da Comunidade Valenciana deste fim de semana com uma mão na taça para ser bicampeão. Os 37 pontos disponíveis, porém, aumentam as chances do rival da Pramac

Depois de fazer história e encerrar um longo jejum de títulos da Ducati em 2022, Francesco Bagnaia pode fazer neste fim de semana o que nem Casey Stoner conseguiu: revalidar o título da MotoGP. O #1 chega para o GP da Comunidade Valenciana com 21 pontos de vantagem para Jorge Martín, mas com 37 ainda em disputa graças à introdução das corridas sprint em 2023.

Embora seja a primeira vez na era da MotoGP — iniciada em 2002 — que dois campeonatos seguidos são definidos na corrida derradeira, é a 20ª oportunidade em todos os 74 anos de história do Mundial de Motovelocidade que o campeão da classe de elite sai apenas na última corrida do ano. Assim, em apenas 27,02% das temporadas, o fã precisou aguardar a derradeira bandeira quadriculada para saber quem seria o vencedor.

A primeira vez em que a disputa pelo título chegou à etapa final foi em 1950. A bordo de uma Gilera de quatro cilindros, Umberto Masetti chegou ao circuito de Monza com uma pequena vantagem para Geoff Duke. Com uma Norton de um cilindro, Duke venceu a corrida, mas o segundo lugar foi o suficiente para que Masetti ficasse com o título por uma diferença de apenas um ponto.

Em 1952, Masetti repetiu a experiência, mas desta vez teve de disputar a taça com Les Graham, da MV Agusta, e Reg Armstrong. O campeão de 1949 venceu a prova de 48 voltas de Montjuïc, em Barcelona, mas Umberto conseguiu o título mais uma vez com um segundo lugar.

LEIA TAMBÉM
📌 Bagnaia tem nova chance de título na sprint da MotoGP em Valência. Confira matemática

Jorge Martín é o rival Francesco Bagnaia na temporada 2023 (Foto: Gold & Goose/ Red Bull Content Pool)

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!

Em 1957, Libero Liberati venceu a última corrida do ano, em Monza, para escrever o nome na Torre dos Campeões derrotando Bob McIntyre. A história do piloto da Gilera, entretanto, poderia ter sido diferente.

Liberati perdeu uma vitória no GP da Bélgica por ter trocado de moto sem notificar os comissários. Após o fim da temporada, a sanção foi removida, o que significa que ele já chegou à Itália como campeão.

A prova final só voltou a ver uma decisão de título em 1966, com Mike Hailwood e Giacomo Agostini. A dupla travou um bom duelo no início da corrida em Monza, mas a Honda deixou o britânico na mão e permitiu que o piloto da casa completasse a etapa com tranquilidade para conquistar o primeiro dos oito títulos nas 500cc.

No ano seguinte, Hailwood teve uma nova chance de enfrentar Agostini na etapa final, na primeira e única visita do Mundial ao Canadá. Mike venceu a prova e empatou com Ago em número de pontos. A dupla também tinha o mesmo número de triunfos — cinco —, então Giacomo ficou com o título por ter um número maior de segundos lugares — três contra dois do britânico.

Em 1975, Agostini mais uma vez encarou a tensão da decisão na etapa final, desta vez num confronto com Phil Read, que tinha conquistado o título nos dois anos anteriores e exibia o #1 na MV Agusta. O ‘Príncipe da Velocidade’ venceu em Brno, mas Giacomo, que defendia as cores da Yamaha, recebeu a bandeirada em segundo para se tornar o primeiro piloto a conquistar o título da classe rainha em motos de dois e quatro tempos.

Na temporada 1978, foi Kenny Roberts que teve de enfrentar os 22 km do antigo circuito de Nürburgring com oito pontos de vantagem para Barry Sheene. A bordo de uma Yamaha, ‘King Kenny’ recebeu a bandeirada na terceira colocação, logo à frente do rival da Suzuki, e se tornou o primeiro norte-americano campeão da classe rainha.

No ano seguinte, a disputa pelo título também foi até o limite, com Roberts defendendo a coroa de Virginio Ferrari em Le Mans. O jovem italiano liderou o início da prova, mas caiu e entregou o título nas mãos de Kenny.

Em 1980, Roberts mais uma vez teve de enfrentar um piloto da Suzuki na última corrida do ano. O rival da vez foi o também norte-americano Randy Mamola, que brigou pela coroa em Nürburgring, na última vez que a pista alemã foi usada no Mundial.

Embora Mamola tenha liderado o início da disputa, Roberts tinha uma situação confortável na corrida, já que precisava apenas de um oitavo lugar para renovar o título. A coisa ficou ainda mais fácil após um problema mecânico na moto de Randy.

No ano seguinte, Mamola voltou a brigar na etapa final. O norte-americano chegou à pista sueca de Anderstrop atrás de Marco Lucchinelli na classificação e ficou fora da zona de pontuação em uma corrida realizada debaixo de uma chuva fina. Com o nono posto na disputa, o italiano ficou com o título de 81.

Em 1983, Freddie Spencer e Kenny Roberts chegaram ao circuito de Ímola separados por só cinco pontos. Durante a corrida, King tentou segurar o ritmo do rival da Honda para permitir que o companheiro de equipe, Eddie Lawson, se aproximasse e tentasse se enfiar entre os dois. ‘Fast Freddie’, entretanto, conseguiu cruzar a meta em segundo e foi o primeiro piloto da marca da asa dourada a conquistar o título das 500cc.

Na temporada 1989, a disputa mais uma vez foi para a etapa final e entre dois pilotos norte-americanos: Lawson e Rainey. O piloto da Yamaha terminou em segundo e ficou com o título, depois de uma corrida intensamente disputada com Wayne e Kevin Schwantz, também dos Estados Unidos.

Mick Doohan e Wayne Rainey também decidiram o título na prova final em 1992. O australiano teve um belo início de temporada, mas sérias lesões sofridas em Assen o tiraram de combate e permitiram que o rival da Yamaha descontasse boa parte dos 65 pontos de vantagem.

Mesmo longe da melhor forma, Doohan voltou para as duas etapas finais e quando o Mundial chegou em Kyalami, na África do Sul, para a última prova, os dois estavam separados por apenas dois pontos. Apesar do esforço de Mick para completar a corrida na sexta colocação, Rainey conseguiu o terceiro lugar e o título.

No ano seguinte, as 500cc viram a última disputa até o fim da temporada, com Kevin Schwantz chegando a Jarama com 18 pontos de vantagem para Rainey. Na prática, porém, título tinha sido ganho duas etapas antes, na Itália, quando a carreira de Wayne foi encerrada precocemente por uma grave queda.

13 anos mais tarde, em 2006, o Mundial voltou a ter um título definido na derradeira corrida. Valentino Rossi chegou ao circuito de Valência com oito pontos de vantagem para Nicky Hayden depois de conseguir se recuperar de uma temporada marcada por inúmeros problemas.

A prova no circuito Ricardo Tormo foi vencida por Troy Bayliss, que substituía o lesionado Sete Gibernau, com Loris Capirossi aparecendo no segundo posto. Hayden completou o pódio e virou o jogo para cima de Rossi, que caiu na quinta volta e recebeu a bandeirada em 13º. O ‘Kentucky Kid’ foi o último campeão da era das 990cc.

Sete anos depois, a MotoGP voltou a ter um campeão decidido na última corrida, quando Marc Márquez apareceu em Valência com 13 pontos de vantagem para Jorge Lorenzo. O piloto da Yamaha venceu a corrida, mas o terceiro lugar foi o suficiente para o piloto de Cervera se tornar o mais jovem campeão da história da classe rainha.

Em 2015, a história voltou a se repetir, desta vez com Rossi e Jorge Lorenzo separados por sete pontos naquela que foi uma das mais polêmicas decisões da história da categoria. O #46 liderou a maior parte da temporada, mas comprou uma briga com Márquez após a prova da Austrália, acusando o #93 de atuar em favor do conterrâneo.

A tensão foi tanta que, na Malásia, na penúltima prova da temporada, Rossi e Márquez travaram um duro duelo que terminou com o piloto da Honda no chão. Valentino foi sancionado por direção irresponsável e acabou recebendo uma pontuação no já extinto carnê de pontos que o jogou para o fundo do grid.

Largando em último, Rossi conseguiu escalar até a quarta colocação, mas uma vitória dominante de Lorenzo em Valência foi suficiente para o #99 virar o jogo e conquistar o título por uma diferença de cinco pontos.

Dois anos depois, em 2017, Marc Márquez voltou a encarar uma decisão na corrida final, desta vez tendo Andrea Dovizioso como adversário. Aproveitando o crescimento da Ducati, o italiano arrastou a briga até a corrida final, mas chegou ao Ricardo Tormo com 21 pontos a menos do que o rival da Honda, apesar de os dois estarem empatados em seis triunfos no ano.

Fabio Quartararo arrastou a disputa com Francesco Bagnaia até a corrida final em 2022 (Foto: Divulgação/MotoGP)

Andrea largou com a obrigação de vencer, mas passou parte da corrida seguindo Jorge Lorenzo, então companheiro de Ducati, que insistentemente ignorava as ordens da equipe para deixar o piloto de Forli passar. Na volta 25 das 30 previstas, o espanhol caiu, mas, pouco depois, foi seguido por Andrea, que abandonou e viu Marc se sagrar campeão com um terceiro lugar, atrás de Dani Pedrosa e Johann Zarco. Foi o tetracampeonato do #93.

No ano passado, Bagnaia desembarcou em Cheste com 23 pontos de vantagem para Fabio Quartararo depois de recuperar ao longo do ano um déficit de 91. Com o francês precisando de um milagre para virar o jogo, o nono lugar foi suficiente para o então #63 encerrar a longa seca de títulos da Ducati e estrear na Torre dos Campeões.

MotoGP volta a acelerar neste fim de semana, com o GP da Comunidade Valenciana, no circuito de Valência, para a etapa que encerra a temporada 2023. O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das outras classes do Mundial de Motovelocidade.

Martín perde fôlego e deixa Bagnaia na cara do gol para bi da MotoGP

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da MotoGP direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.