Falta de punição por troca de sopapos é nova evidência da volatilidade dos comissários

Maverick Viñales e Francesco Bagnaia trocaram sopapos na área de escape de Le Mans após um acidente de corrida no GP da França, mas escaparam de punições. No entanto, já existe precedente de penas aplicadas por agressões

É difícil entender a postura do Painel de Comissários da MotoGP. Alvo de muitas críticas ao longo da temporada 2023, o grupo que é responsável por aplicar o regulamento da FIM (Federação Internacional de Motociclismo) deu mais uma evidência de volatilidade no GP da França, deixando passar uma troca de sopapos.

Na corrida de Le Mans, Maverick Viñales e Francesco Bagnaia caíram juntos após um toque. Já na área de escape, o espanhol levantou e seguiu na direção de Pecco, mas ao invés de checar o bem-estar do colega, como parecia que ia acontecer, o titular da Aprilia já chegou socando o braço do #1, que revidou. Os dois tiveram de ser separados pelos fiscais de pista e, logo em seguida, seguiram de volta ao paddock de carona em uma mesma moto.

LEIA TAMBÉM
Bezzecchi líder e Marc Márquez zerado: como estaria a MotoGP sem sprint

Quartararo somou só 1 ponto nas sprints em 2023. Outros 5 pilotos, nem isso
Mir paga pecados com Honda e já teme destino à la Lorenzo e Pol Espargaró
Corridas sprint respondem por mais de 18% das quedas da MotoGP em 2023

Francesco Bagnaia e Maverick Viñales trocaram tapas e empurrões após acidente (Vídeo: Reprodução / Redes sociais)

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!

Os dois pilotos foram ouvidos pelo Painel de Comissários. Francesco quis a presença de Maverick ao conversar com os árbitros justamente para que tudo ficasse compreendido. O veredito foi de que se tratava de um lance de corrida, portanto, não passível de punição.

Até aí, tudo bem. Não havia mesmo motivo para punir se a culpa era compartilhada, ambos abandonaram e, por isso, ninguém levou vantagem com o acidente. Mas a troca de sopapos era passível de punição!

E, mais do que isso, existe precedente. Em abril de 2021, durante o GP de Doha de Moto3, John McPhee e Jeremy Alcoba foram punidos pelo Painel de Comissários — então composto por Bill Cumbow, Freddie Spencer e Andres Somolinos — justamente por uma troca de agressões.

Naquele dia em Lusail, Alcoba foi tocado por Darryn Binder na volta 13 da corrida, perdeu o controle da moto e decolou. A moto da Gresini, porém, bateu na cabeça de McPhee. Ainda na área de escape, os dois protagonizaram cenas de luta livre.

Os dois se desculparam, mas a arbitragem não deixou passar. No entender do Painel de Comissários, a briga entre os dois era uma infração ao Artigo 3.3.2.2 do Regulamento do Mundial de Grand Prix, que fala de “qualquer ato corrupto ou fraudulento, ou qualquer ação prejudicial aos interesses do esporte, cometido por uma pessoa ou grupo de pessoas durante um evento”.

Jeremy Alcoba e John McPhee em momento UFC na Moto3 (Vídeo: Reprodução/Twitter/DAZN)

Assim, McPhee, que iniciou a troca de chutes e empurrões, foi punido com uma multa de € 1000 (cerca de R$ 6700 em valores da época) e teve de largar do pit-lane 10s depois do que seria normal. Alcoba, por sua vez, levou uma multa de € 1000 e também teve de largar do pit-lane, mas com só 5s de delay.

Desta vez, todavia, a agressão passou em branco. Semanas após a corrida, não houve nenhuma manifestação do Painel formalizando uma sanção.

Em Le Mans, o Painel de Comissários era composto por Andres Somolinos, Freddie Spencer e Tamara Matko. Ou seja, dois dos três árbitros eram os mesmos que puniram Alcoba e McPhee. Além disso, o artigo que motivou a punição segue presente no regulamento atual.

John McPhee e Jeremy Alcoba foram punidos por briga (Foto: Reprodução)

Assim, fica difícil entender a ausência de uma punição a Viñales e Bagnaia. O que mudou? O GRANDE PRÊMIO procurou o Painel de Comissários, mas não obteve resposta. O grupo não costuma falar com a imprensa para explicar as decisões.

Essa, no entanto, é apenas mais uma evidência de que o parâmetro para punir ou não um piloto é volátil. E o critério tampouco é claro e transparente. Como deveria ser.

MotoGP volta às pistas no dia 11 de junho, para o GP da Itália, em MugelloGRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do Mundial de Motovelocidade 2023.

Má fase não é motivo para Yamaha abandonar MotoGP
Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da MotoGP direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.