MotoGP vê Austrália em 3 atos: glória de Zarco, tática de Bagnaia e erro de Martín

Jorge Martín teve nas mãos a chance de encostar na liderança da MotoGP 2023, mas um erro na escolha de pneus acabou sendo capital para o espanhol. Líder do campeonato, Francesco Bagnaia foi esperto na tática e segue para a Tailândia com o cofrinho ainda mais recheado. Mas o dia foi mesmo de Johann Zarco, que encerrou um jejum de 2533 dias e conquistou a primeira vitória da carreira na classe rainha do Mundial de Motovelocidade

A MotoGP entregou na Austrália uma corrida à altura dos encantos de Phillip Island. Antecipado para este sábado (21) por conta da previsão de ventos fortes no domingo, o 16º GP da temporada 2023 pode ser resumido em três grandes atos: a glória de Johann Zarco, a tática certeira de Francesco Bagnaia e o erro capital de Jorge Martín.

Em se tratando da reta final do campeonato, toda corrida tem um peso importante na disputa pelo título, mas isso é potencializado em um ano como este. Bagnaia chegou a abrir uma vantagem superior a 63 pontos na busca pelo bicampeonato, mas viu Martín comer pelas beiradas até assumir o comando após a sprint da Indonésia. Só que o desfecho da semana passada não foi nada favorável ao #89: uma queda acabou devolvendo o topo da tabela a Pecco após pouco mais de 24 horas.

Os dois principais postulantes ao título — afinal, com 160 pontos ainda em disputa, restam quatro pilotos matematicamente vivos na briga — chegaram a Phillip Island separados por 18 pontos. Assim, era hora de Martín barrar qualquer ensaio de reação e voltar a cortar a vantagem de Pecco.

Ao longo dos treinos, Jorge se mostrou forte e a pole-position o consolidou como favorito à vitória. Mas, no instante em que a Michelin divulgou as escolhas de pneus para a disputa deste sábado, uma pulga surgiu atrás da orelha do espectador mais atento.

FIQUE ATENTO
🏍️ MotoGP altera programação, antecipa largada da sprint e cria treinos para classes menores

Johann Zarco venceu pela primeira vez na MotoGP (Foto: Gold & Goose/ Red Bull Content Pool)

LEIA TAMBÉM
🏍️ ‘Vitória muito importante’: Granado se emociona com Moreira na Indonésia na Moto3
🏍️ ‘Visibilidade muito maior’: pilotos acreditam em impacto positivo da vitória de Moreira
🏍️ ‘Foi difícil chegar até aqui’: pais narram emoção da primeira vitória de Moreira na Moto3

Martín foi um dos únicos três pilotos que escolheram encarar as 27 voltas do GP da Austrália com o macio traseiro. Mas, diferente dele, Marc Márquez e Pol Espargaró não têm nada a perder, uma vez que são 16º e 23º, respectivamente, na classificação do campeonato.

Partindo da pole, Martín fez uma boa saída e dominou a corrida quase toda. Ele chegou a abrir mais de 2s de frente, mas, com o calçado completamente desgastado, viu o pelotão chegar. Em um intervalo de poucos metros, Jorge caiu da liderança para a quinta colocação, 1s008 atrás de Johann Zarco, que estreou no rol dos vencedores.

“Não tomamos a decisão certa, mas agora é fácil, olhando de fora, ver qual era o pneu certo”, disse Martín em entrevista ao serviço de streaming espanhol DAZN. “Estou contente, acho que fizemos um grande fim de semana: uma pole muito boa, pilotei de forma muito suave e controlada, sabendo que podia estar muito no limite no fim da corrida, mas não esperava essa queda do pneu e perdi os 3s que tinha. Mas é o que é. Temos de seguir remando”, continuou.

Questionado sobre o motivo da escolha pelo pneu macio, Martín respondeu: “Com o médio, não tinha essa sensação de quebrar a corrida. Tinha visto que com o macio tinha muita vantagem, então pensei: ‘Bom, escapo com o macio e quando tiver uns 3s, controlo’”.

“E foi o que eu fiz. Cheguei aos 3s e, uma vez ali, controlei. E cheguei nesses 3s pilotando de forma suave, sequer forcei muitíssimo. Isso é o que me dá raiva”, assumiu. “Eu, inclusive, economizei por toda a corrida, no final não tinha mais. Não vai acontecer da próxima vez. E aprendemos para outro ano”, considerou.

Apesar de o GP já estar concluído, a etapa da Austrália ainda tem — se o clima permitir — uma corrida sprint pela frente. E Martín garante que, de agora em diante, vai lutar com as mesmas armas dos colegas.

“Hoje nós tínhamos muito mais do que o resto”, comentou. “Mas está claro que, a partir de agora, teremos de usar as mesmas armas. Não há dúvidas disso”, concluiu.

Bagnaia, por sua vez, ganha um respiro muito mais no campeonato. Agora, o #1 tem 27 pontos de margem. Mas, mais do que a diferença, Pecco se apoia no fato de estar sempre no pódio — nas corridas que completou, o piloto da Ducati tem como pior resultado o 16º lugar do GP da Argentina, o único que encerrou fora do top-3 neste ano.

“Estamos sempre aqui: nos momentos bons e nos momentos ruins. Isso é algo que temos sempre de ter em mente”, disse Pecco ao DAZN. “Hoje as condições não eram fáceis. Quando larguei e os outros escapavam, eu estava controlando muito o meu pneu traseiro. Não sabia quanto forçar, quanto esperar. No final, esperei só a corrida toda”, comentou.

“Não forcei o pneu traseiro em nenhum momento, pois sabia perfeitamente… trabalhei muito com o pneu médio este fim de semana, sabia como seria o desgaste do pneu. E, no final, tínhamos razão por uma volta. Essas são coisas que podem acontecer no nosso mundo”, avaliou.

Pecco explicou que a reação do GP da Indonésia foi construída com base em uma mudança no acerto da moto, enquanto que o resultado deste sábado vem do fato de ter feito um bom estudo da performance dos pneus.

“Em Mandalika foi diferente, pois tínhamos uma configuração eletrônica que não me ajudava muito. Tivemos de mudar para o domingo. Quando é uma coisa de eletrônica, é mais fácil individualizar o que tem de ser feito”, apontou. “Neste fim de semana, foi um pouco diferente, porque ontem trabalhamos muito com o pneu médio. Quando colocamos o macio, não estava pronto, pois os pneus são muito diferentes. Na esquerda, a borracha é muito mais macia e se movia muito, ficava muito nervosa na aceleração. Isso me incomodou bastante. Por isso, fizemos uma mudança de manhã que também me ajudou muito com o médio. O ritmo desta manhã era muito bom e eu sabia que a corrida podia ser boa, como foi a classificação”, acrescentou.

A glória do dia, contudo, pertence a Johann Zarco, que venceu pela primeira vez na MotoGP naquele que foi o 120º do francês. Quinto no grid, o #5 chegou a ter 5s de atraso para o ponteiro, mas reagiu no momento certo e deu o bote na volta final.

“Estava sem vencer há muitas corridas”, assumiu Johann. “Tenho uma moto competitiva nos últimos três anos, mas os outros pilotos [da Ducati] também. Eu precisava dessa vitória”, assumiu.

“Tinha muita velocidade desde o começo, mas depois de três ou quatro voltas já pensei que precisava começar a controlar o desgaste”, explicou. “Sabia que o Martín tinha optado pela opção macia, mas antes de pensar em ultrapassá-lo, precisava superar os demais”, detalhou.

Animado com o resultado, Zarco já está mirando mais longe, especialmente por já ter acertado uma mudança para a LCR Honda em 2024.

“O objetivo é conseguir a segunda vitória antes que o ano acabe, mas também espero ter uma oportunidade com a Honda”, concluiu.

A largada da corrida sprint do GP da Austrália de MotoGP, em Phillip Island, está marcada para às 23h de sábado (de Brasília). A realização da disputa, porém, depende do clima. O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das outras classes do Mundial de Motovelocidade.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!

Moreira prova na Indonésia que educação sempre vence. Inclusive no esporte
Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da MotoGP direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.