Yamaha repete Honda e põe Darryn Binder para dar passo maior que a perna na MotoGP

Assim como a montadora da asa dourada fez anos antes, a casa de Iwata agora vai promover o salto do sul-africano da Moto3 direto para a classe rainha do Mundial de Motovelocidade. Como Jack Miller já mostrou, passo é difícil e tira do piloto aprendizado importante

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Darryn Binder será o próximo piloto a dar um passo maior do que a perna no Mundial de Motovelocidade. Nesta quinta-feira (21), a Yamaha anunciou um acordo com o sul-africano, que vai saltar da Moto3 direto para a MotoGP na temporada 2022 para correr com a RNF.

A manobra não é inédita. Há sete anos, a Honda fez o mesmo com Jack Miller, promovendo-o diretamente da classe menor para a elite com um contrato de três anos. Olhando hoje para o australiano, o caminho simples seria dizer que os japoneses acertaram, mas a situação não é bem assim.

MOTOGP 2022
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Darryn Binder vai correr na RNF Yamaha em 2022 (Foto: Yamaha)

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Sem o aprendizado da categoria do meio, que além de motos mais potentes, tem uma dinâmica de corrida absolutamente diferente, o australiano de Townsville demorou mais a se ajustar na classe maior. Jack até venceu corrida no primeiro ano, mas foi uma prova na chuva, em condições atípicas. E este foi o único bom resultado dele com a Honda.

Os pódios só ficaram mais frequentes em 2019, já com a Pramac. Aos poucos, Miller foi se adaptando, a ponto até de garantir uma vaga na equipe de fábrica da Ducati a partir deste ano. Mas o caminho, certamente, não foi fácil.

Além disso, é bom destacar a diferença curricular dos dois. Miller subiu para a MotoGP depois de ser vice-campeão da classe menor, em 2014, derrotado por Alex Márquez. Binder, por outro lado, está na sétima temporada na classe menor e tem como melhor resultado o oitavo posto na classificação do ano passado. Com três corridas ainda pela frente, o irmão de Brad é hoje o sexto colocado na tabela.

É fato que a Yamaha se viu sem opções. Os japoneses esperam, no muito, precisar substituir um piloto, por causa da aposentadoria de Valentino Rossi. Mas a saída tumultuada de Maverick Viñales, aliada ao fim da carreira do multicampeão, deixou duas vagas em aberto.

Para piorar, alguns dos melhores da Moto2 já tinham destino certo. Remy Gardner e Raúl Fernández, líder e vice do campeonato, vão correr pela Tech3. Fabio Di Giannantonio já está certo com a Gresini, enquanto Marco Bezzecchi deve ser o titular da VR46, ainda que o salto não tenha sido confirmado até agora.

A Yamaha bem que tentou ‘roubar’ Raúl, mas a KTM fez valer o contrato que tinha com o espanhol e tratou de colocá-lo na classe rainha ao lado de Gardner.

Neste cenário, eram poucas mesmo as opções. Sam Lowes já teve uma nada bem sucedida passagem pela MotoGP, mas o insucesso foi em grande parte responsabilidade de Aprilia, que não guardava muitas semelhanças com a moto atual.

Mas não dá para dizer que era a única alternativa. Iker Lecuona, por exemplo, está sem vaga na MotoGP depois de perder o lugar na Tech3. É fato que o espanhol não foi assim tão espetacular a bordo da RC16, mas melhorou consideravelmente na segunda metade do campeonato e está longe de ser uma opção ruim.

Lecuona poderia ser uma opção. Mesmo que fosse apenas um tampão para que Darryn tivesse a oportunidade de passar pela classe intermediária.

Também chama a atenção o quanto a Yamaha está deficitária no quesito preparação de talentos. A KTM anda dando um baile em todo mundo, a Ducati conseguiu as melhores joias no ano passado, mas o time dos três diapasões se vê um pouco sem horizonte.

Para 2022, a fábrica comandada por Lin Jarvis vai ter uma equipe na Moto2 junto com a VR46 para preparar jovens, uma espécie de continuidade para o projeto do Master Camp, que leva à Academia de Pilotos VR46 jovens selecionados pela Yamaha para treinos na estrutura de Valentino Rossi. É um acerto e tanto e, possivelmente, uma alternativa para fazer frente à força das rivais na busca por talentos.

Mas, por enquanto, a opção foi pelo caçula dos Binder. E pode até ser que Darryn surpreenda todo mundo, encaixe muito bem com a Yamaha e seja bem sucedido, mas o salto é muito grande e compromete uma parte importante do aprendizado do piloto.

No mundo ideal, o melhor seria passar mesmo pela Moto2. Mesmo que por uma única temporada.

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