Dakar abre temporada 2024 do esporte a motor com Brasil em evidência

O Dakar 2024 começa com um pouco de atraso em relação a outros anos, só no dia 5 de janeiro, mas chega com brasileiros em alta nas brigas por títulos e diversos medalhões se digladiando nas principais categorias da 46ª edição do rali

O ano só começa quando o Dakar acelera. Em 2024, no entanto, o início do mais importante off-road do mundo chega apenas no dia 5 de janeiro — um pouco atrasado em relação às últimas edições. Novamente na Arábia Saudita, pelo quinto ano seguido, o rali parte para sua 46ª edição e abre a temporada do esporte a motor.

A edição atual do Dakar promete ser cheia de complicações para pilotos e navegadoras, especialmente por passar pelo terreno cheio de dunas do país, o ‘Quarto Vazio’ de Rub al-Khali. Mas a grande novidade fica por conta da etapa de 48 horas logo na primeira semana, quando os competidores não vão contar com ajuda dos mecânicos durante dois dias — restando a eles a missão de arrumar o veículo e com parada obrigatória em horário determinado em um dos acampamentos na região.

A primeira atividade será no dia 5 de janeiro, com o prólogo, que define a ordem de largada para o dia seguinte. Os pilotos vão sair de Al Ula, realizar um deslocamento de 158 km e depois a etapa de apenas 28 km antes do retorno para a cidade-base. No dia seguinte, a primera prova oficial será a caminho de Al Henakiyah, com uma especial de 414 km.

Daí em diante, mais 11 especiais em 12 dias marcam o evento. De Al Henakiyah, os competidores vão para Al Dawadimi (especial de 463 km), Al Salamiya (438 km), Al-Hofuf (299km) e Shubaytah (118 km) antes da etapa maratona de 48 horas. Entre os dias 11 e 12, pilotos e navegadores não poderão receber auxílio das equipes e vão dormir em acampamentos no deserto na prova de 572 km em laço — saindo e chegando em Shubaytah. Então, dia 13, chega o merecido descanso na capital Riad.

Nasser Al-Attiyah foi o grande vencedor do Dakar em 2023 (Foto: Toyota)

A partir do domingo, dia 14 de janeiro, a perna final começa indo até Al Duwadimi (483 km), depois a Ha’il (458 km), Al Ula (417 km) e permanece em Al Ula (371 km) antes das duas etapas finais em Yanbu (480 e 175 km, respectivamente) e encerrar no dia 19/01.

O evento mais uma vez servirá como primeira etapa do novo Campeonato Mundial de Rali Cross-Country chancelado pela FIA. Assim, a maior diferença é que os competidores que forem incapazes, por algum problema técnico ou de acidente, de chegar ao fim de uma especial poderão retornar à baila no dia seguinte e seguir na disputa. Historicamente, sempre que alguém abandona uma especial no Dakar está fora do restante da competição, mas a situação mudou. Aqueles que abandonarem estágios receberão fortes punições de tempo, o que tende a tirá-los de qualquer chance de ganhar o Dakar, mas ainda terão chances de vencer estágios individuais e marcar pontos no Mundial.

Ao todo, o Dakar 2024 conta com 778 inscritos de 72 nacionalidades diferentes. Serão 72 carros, 148 motos, 10 quadriciclos, 46 caminhões, 78 UTVs e 66 protótipos leves. No total, o rali vai contar com 17 brasileiros, a maior delegação do país na história.

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Kevin Benavides levou o bi em 2023 (Foto: Red Bull Content Pool)

MOTOS – Dakar 2024

O grid da moto no Dakar pode não ser o mais recheado de estrelas, mas sempre entrega as melhores disputas ao longo do rali. No ano passado, Kevin Benavides apostou na regularidade e conquistou o bicampeonato na categoria, recolocando a KTM na trilha das vitórias depois de três anos sem o primeiro posto.

A montadora austríaca ainda terá o australiano Toby Price, campeão em 2016 e 2019, na esquadra que busca ampliar o domínio histórico no Dakar. A grande rival, porém, é justamente a ‘irmã’ GasGas, que conta com o britânico Sam Sunderland, duas vezes vencedor da prova.

A Honda aposta em Ricky Brabec para voltar ao caminho da glória. Campeão em 2020, o americano até fez um começo digno de rali no ano passado, mas acabou fora até mesmo do top-10 depois de diversos problemas.

Categoria mais recheada, ainda conta com lendas do Dakar como Pablo Quintanilla, José Ignacio Cornejo, Emanuel Gyenes, Benjamin Melot, Milan Engel, Simon Marcic, Francisco Arredondo, David Pabiska, Stefan Svitko e Joan Barreda. A categoria, no entanto, não vai receber brasileiros.

A grande ausência deste ano é Matthias Walkner, campeão de 2018, que sofreu fraturas na perna e no pé durante um treino no início de dezembro do ano passado. Apesar da boa recuperação, foi barrado pelos médicos.

Nasser Al-Attiyah com o troféu de campeão em 2023 (Foto: Red Bull Content Pool)

CARROS – Dakar 2024

Em 2023, Nasser Al-Attiyah conquistou seu quinto título do Dakar, o quarto ao lado do navegador francês Mathieu Baumel, colocando a então dupla da Toyota como os principais alvos para 2024 depois da aposta da consistência e na confiabilidade recente. Agora, para 2024, o príncipe catari vai correr com o Prodrive Hunter, antes de embarcar no novo projeto da Lancia para o ano que vem.

Na Toyota, aliás, há uma grande aposta brasileira para levar o Dakar. Estreante no ano passado, Lucas Moraes surpreendeu a todos e ficou logo de cara com a terceira posição. Para 2024, o brasileiro foi promovido para o time principal da montadora japonesa e agora terá a companhia do navegador espanhol Armand Monleón.

A grande ameaça, porém, está na figura de Sébastien Loeb. Apesar de nunca ter vencido no Dakar, o francês foi nove vezes vencedor do Mundial de Rali (WRC) e acumulou sete vitórias em etapas especiais no ano passado — sendo seis consecutivas na reta final — para ficar com o vice ao lado do navegador Fabian Lurquin.

O off-road ainda vai contar com um forte e experiente trio da Audi, que busca recolocar a marca no caminho das vitórias com um carro elétrico, com Carlos Sainz no #204, Stéphane Peterhansel no #202 e Mattias Ekström no #207. A novidade será a presença de Seth Quintero, veterano dos UTVs, estreando na categoria.

O Brasil ainda está representado na categoria pelas duplas Marcos Baumgart/Kleber Cincea e Cristian Baumgart/Beco Andreotti, ambos correndo com os modelos Hunter da fabricante Prodrive.

Sem a Kamaz, Janus van Kasteren e a Iveco levaram a melhor no Dakar 2023 (Foto: Dakar)

CAMINHÕES – Dakar 2024

A guerra na Ucrânia vai afetar o Dakar 2024, assim como aconteceu no ano anterior. A montadora russa Kamaz, maior vencedora da história na classe dos caminhões, vai novamente ficar fora da disputa.

A Kamaz é a grande dominadora da classe de caminhões no Dakar há muito tempo. Na realidade, são 19 vitórias. Apenas as duas primeiras, 1996 e 2000, antes da virada do século. Desde então, 17 vitórias em 23 edições — levando em conta que não participou em 2023 e que o rali não foi realizado em 2008.

Com isso, o favoritismo da classe se divide entre diversos nomes. Um deles, claro, é Janus van Kasteren, atual campeão do rali. Outros nomes também aparecem em destaque, como Martin Macík, Ales Loprais, Mitchel van den Brink e Vaidotas Paskevicius, todos vencedores de etapas especiais no ano passado.

Sem a presença da Kamaz, os caminhões ganham destaque especial. Além de Macík, Loprais e Van den Brink, outros pilotos aparecem com a chancela de lendas no grid, como Jaroslav Valtr, Pascal de Baar, Richard de Groot, Teruhito Sugawara, Claudio Bellina, Gerrit Zuurmond, Gert Huzink, Pep Sabaté, Jordi Esteve Oro, Alberto Herrero, Ahmed Benbekhti, Dusan Randýnek, Zsolt Darazsi e Thomas Robineau.

Marcelo Medeiros é o representante brasileiro nos quadricilos (Foto: Magnus Torquato/Fotop)

QUADRICICLOS – Dakar 2024

A disputa dos quadriciclos é outra das mais equilibradas do Dakar, mas viu um domínio impressionante de ponta a ponta do francês Alexandre Giroud na última temporada. O francês volta para a disputa que, em 2024, conta com apenas dez competidores.

Um dos grandes nomes do grid é o brasileiro Marcelo Medeiros. Vencedor de quatro especiais no ano passado, sofreu com problemas no início e terminou apenas em nono no geral. Para a atual edição, o maranhense mostra confiança em um bom resultado.

“Tenho um veículo muito bom em mãos, para todo o tipo de terreno que iremos encontrar, fizemos alguns ajustes com reforços nos pneus para resistência a furos”, declarou.

UTVs é uma das mais equilibradas classes do rali (Foto: Dakar)

UTVs – Dakar 2024

Os UTVs são os que mais contam com brasileiros na escalação. Nos protótipos leves, fabricados especificamente para competição, Gustavo Gugelmin vai buscar mais uma taça na parceria com Austin Jones. Gugelmin, inclusive, já havia levantado o troféu em 2018, ao lado do também brasileiro Reinaldo Varela.

Na classe, o Brasil ainda conta com a dupla Marcelo Gastaldi/Cadu Sachs, vencedores do último Sertões, e Gunter Hinkelmann/Fabrizio Bianchini. O experiente navegador Lourival Roldan estará novamente presente, ao lado do paraguaio Oscar Peralta.

O chileno Francisco ‘Chaleco’ López Contardo, que venceu nos protótipos leves em 2022 e ostenta o status de lenda do Dakar, vai em busca do bicampeonato consecutivo na categoria.

Nos UTVs de produção — fabricados para uso do consumidor de mercado, mas adaptados para competição —, a dupla brasileira formada por Rodrigo Varela e Enio Bozzano está com o veículo #416, enquanto Jorge Wagerfuhr e Humberto Ribeiro vai com o #415. O piloto Cristiano Batista vai para a disputa ao lado do espanhol Fausto Mota.

Em 2023, a vitória da classe ficou com o piloto polonês Eryk Goczal e o navegador espanhol Oriol Mena, dupla muito experiente na competição.

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