Leclerc espanta maldição e vence GP de Mônaco de F1 pela 1ª vez. Verstappen é 6º

Hoje (26) foi dia de Charles Leclerc em Mônaco. Dia de espantar de vez o azar e subir ao degrau mais alto do pódio com a Ferrari, com Lando Norris e Carlos Sainz ao lado

Não há mais maldição do GP de Mônaco. Charles Leclerc desencantou e enfim venceu em casa como piloto de Fórmula 1. O monegasco ditou o ritmo de forma segura e foi o primeiro a ver a bandeira quadriculada nas ruas de Monte Carlo. Oscar Piastri e Carlos Sainz completaram o pódio.

Como já era esperado, foi uma corrida tática, ainda que o caos tenha surgido sem dó logo após a Sainte-Dévote na largada, entre Kevin Magnussen, Sergio Pérez e Nico Hülkenberg. Os pilotos nada sofreram na forte batida, mas foi suficiente para criar o cenário de destruição que exigiu o acionamento da bandeira vermelha.

Até então, as escolhas de pneus eram médios para o quarteto da frente, formado por Ferrari e McLaren, e duros para os carros da Mercedes e também Max Verstappen, logo atrás. Com a paralisação, a história se inverteu, e os carros prateados junto com o #1 passaram a usar a borracha intermediária para o que seria o primeiro stint da prova.

As posições seguiram inalteradas após a relargada, mas o jogo de xadrez nos boxes era intenso. De um lado, engenheiros atentos ao desenrolar da corrida e principalmente ao desgaste de pneus, orientando pilotos a cuidarem dos jogos para irem até o fim. Leclerc, por exemplo, foi um dos que receberam o comando para ditar um ritmo mais calmo, mantendo Oscar Piastri fora da zona do DRS.

Charles Leclerc foi muito preciso nas ruas de casa (Foto: Ferrari)

Foi quando Verstappen, que havia até pedido um travesseiro pelo rádio por conta da monotonia, surgiu como um fator ao realizar mais uma parada na volta 52, já que tinha vantagem suficiente para isso sem comprometer o sexto lugar na pista. Com pneus novos, começou a acelerar com vontade e rapidamente alcançou Russell, em quinto.

Mas a briga, na verdade, era contra Leclerc. A dez giros do fim, a distância para Charles era em torno de 23s, apertada e que exigira uma parada muito precisa, caso essa fosse necessária. Se todos os cinco à frente tivessem de parar, Verstappen de fato seria posto de volta ao jogo. Com sete voltas para o fim, o neerlandês apertou ainda mais o ritmo, porém ficou limitado por Russell.

Mas era mesmo dia de Leclerc. Era dia de Ferrari, era dia de mostrar ao mundo que era, sim, possível vencer a Red Bull de Verstappen, ainda que a equipe austríaca tenha sido sagaz para criar uma chance no fim. Tudo correu conforme o esperado, para delírio da torcida.

Lando Norris ficou em quarto, com Russell e Verstappen na sequência. Lewis Hamilton, Yuki Tsunoda, Alexander Albon e Pierre Gasly fecharam o top-10.

A Fórmula 1 retorna de 7 a 9 de junho com o GP do Canadá, nona etapa da temporada 2024.

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Sergio Pérez e o carro completamente destruído (Foto: Reprodução/F1)

Confira como foi o GP de Mônaco de F1:

Poucas vezes uma corrida em Monte Carlo trouxe tanta expectativa, e isso justamente pela sua principal característica: a travada pista de rua em que é quase impossível ultrapassar. Em tese, seria, portanto, o cenário perfeito para Leclerc enfim desencantar em casa e subir ao degrau mais alto do pódio. Mais ainda por Verstappen, sempre uma grande ameaça, apenas em sexto.

Nas escolhas de pneus, a Pirelli sugeriu como estratégia ideal o primeiro stint com os médios, e Charles foi na bola de segurança, assim como Sainz e os carros da McLaren. Os Mercedes e Max, em contrapartida, apostaram no primeiro trecho longo de duros.

Com 22°C de temperatura ambiente, 48°C de asfalto e 68% de umidade relativa do ar, Leclerc partiu com segurança no apagar das luzes, enquanto Piastri fechou bem a porta para Sainz na Sainte-Dévote. Só que o #55 teve um leve contato com o carro #81 que foi bastante para causar um furo de pneu. Carlos, por conta do incidente, sequer conseguiu fazer a curva do Cassino.

Acontece que a direção de prova imediatamente acionou bandeira vermelha, e a imagem recuperada trouxe a razão: uma violenta batida que destruiu os carros de Pérez, Magnussen e Hülkenberg. Depois, no replay, deu para ver que o dinamarquês foi o causador de toda a situação ao forçar ultrapassagem sobre o #11 da Red Bull logo após a curva 1.

Pérez virou passageiro após toque de Magnussen em Mônaco (Vídeo: Reprodução/F1)

A frente do carro de Checo ficou completamente destruída e ainda sobrou para Nico, que já estava à frente, mas foi acertado pelo carro taurino desgovernado. Os comissários julgaram como lance de corrida, mas vale destacar que Magnussen já soma dez pontos na carteira, a dois de suspensão automática de uma etapa.

E teve mais confusão antes da entrada do túnel, entre as Alpine. Esteban Ocon simplesmente tentou passar o companheiro, Pierre Gasly, na marra e catapultou o carro #10. “O que ele fez?! Por que tentou me atacar? O carro todo está danificado agora!”, bradou Pierre pelo rádio. As expressões de Verstappen ao rever os lances davam o tom do caos.

Com os carros recolhidos nos boxes, a direção de prova avisou que a relargada seria parada e com os pilotos nas posições originais — portanto, a ordem seria Leclerc, Piastri, Sainz, Norris, Russell, Verstappen, Hamilton, Tsunoda, Albon, Gasly, Lance Stroll, Daniel Ricciardo, Fernando Alonso, Logan Sargeant, Valtteri Bottas e Guanyu Zhou fechando o grid. Ocon acabou levando a pior no enrosco com Gasly e não conseguiu retornar. Depois, ainda tomou 10s de punição a ser revertida para a corrida seguinte.

As Alpine se acharam ainda na primeira volta em Mônaco (Vídeo: DAZN)

A direção de prova marcou a relargada para as 15h44 locais, 10h44 de Brasília (GMT-3). A paralisação, na verdade, trouxe uma nova cara para a corrida, já que o regulamento permite trocas de pneus — ou seja, os carros de Ferrari e McLaren, antes com os médios, foram de duros para o novo começo de prova. Em contrapartida, Mercedes e Verstappen deixaram os duros de lado e já calçaram os de faixa amarela.

Carros alinhados no grid, e a relargada aconteceu com o cronômetro contabilizando o terceiro giro. Novamente, Leclerc partiu bem, seguido de Piastri, Sainz — agora sem incidentes —, Norris, Russell, Verstappen, Hamilton, Tsunoda, Albon e Gasly no top-10. Na turma do fundão, a boa notícia era a ausência de confusões.

No giro seguinte, a asa móvel foi liberada, com o ponto de detecção logo após a Rascasse e trazendo para a reta dos boxes, o que tornava a tomada da Sainte-Dévote o melhor ponto de ultrapassagem. Leclerc, então, tratou de buscar a volta mais rápida para escapar do DRS, porém Piastri ainda se mantinha bem próximo, apesar dos danos no assoalho causados pelo toque com Sainz ainda na primeira largada.

Nos primeiros giros, aliás, o trio da ponta ficou se revezando nas voltas mais rápidas e formando um pelotão único. Norris vinha um pouco mais distante, a 1s5 de distância e com 5s de frente para Russell, de médios, que tinha Verstappen sob controle, com 2s de vantagem.

Volta 15, e Piastri era o dono da melhor volta, com os setores 1 e 3 do traçado, enquanto Leclerc mandava no trecho intermediário. O ritmo de Sainz também era forte, os três separados por menos de 1s cada. “Leclerc está administrando? Porque Piastri está muito perto e pode tentar alguma coisa”, alertou o espanhol pelo rápido.

E, de fato, Piastri tentou uma manobra antes do túnel, mas acabou perdendo um pouco de contato. O ritmo de Leclerc, na verdade, permitiu também a aproximação de Norris ao pelotão. A distância dos quatro primeiros para Russell já passava dos 11s, com Verstappen a 1s5 do #63 da Mercedes.

Max Verstappen terminou em sexto (Foto: Red Bull Content Pool)

Volta 23, e Charles desgarrou um pouco de Piastri, tirando do australiano o DRS, só que Sainz também passou a ficar a mais de 1s, não aproveitando a oportunidade para atacar. A corrida estava num ponto de monotonia tão grande que Verstappen não se segurou: “Que corrida chata! Devia ter trazido meu travesseiro…”

Na 32, a McLaren avisou a Norris que já era possível notar um desgaste nos pneus de Sainz, logo à frente. Até então, a diferença mantinha-se acima de 1s, e Carlos, de fato, relatou que a borracha estava começando a piorar, porém para todos. Na conversa pelo rádio, o espanhol demonstrava preocupação com o ritmo de Norris e a possibilidade de um composto macio para o stint final. Era difícil imaginar o pneu aguentando até o fim até então.

Na abertura do giro 41, Leclerc chegou no tráfego, e Bottas não quis saber de dificultar a vida do piloto da Ferrari. A fila, no entanto, era muito grande, com Zhou, Sargeant, Ricciardo e Alonso na briga pelo 12º lugar. Não houve, contudo, problemas.

Volta 44, e a Aston Martin chamou Stroll para os pits, uma vez que a distância era suficiente para ainda retornar à frente de Alonso. A tentativa, na verdade, era pegar Gasly no undercut, aproveitando a pista limpa à sua frente para acelerar e garantir o ponto do décimo lugar — e a estratégia até teria dado certo, não fosse um pneu furado alguns giros depois.

Enquanto isso, Leclerc mantinha Piastri fora da zona de DRS, a 1s6, orientado pela Ferrari a administrar a vantagem. Volta 52, e Hamilton foi também para a parada para colocar os médios, voltando ainda à frente de Tsunoda, em sétimo, e com pista limpa para buscar Verstappen. A Red Bull, esperta, contra-atacou na mesma moeda e ainda levou vantagem com a troca mais rápida: 2s1 contra 2s5 da Mercedes.

Essa parada, na verdade, criou para Verstappen uma preciosa chance de vencer. Atento, o #1 começou a virar voltas rápidas e colocou em Russell, porém a batalha era principalmente contra Leclerc. Havia a possibilidade de o quinteto à frente de Max ter de fazer uma parada no fim, e essa passou a ser a dúvida: aguentariam os compostos da Pirelli até o final?

Talvez fosse em qualquer outra pista, a resposta teria sido não, mas Mônaco tem suas peculiaridades. A Verstappen, restou se contentar com o sexto lugar, enquanto Leclerc lavou a alma.

F1 2024, GP de Mônaco, 78 voltas, Resultado Final:

1C LECLERCFerrari78 voltas
2O PIASTRIMcLaren Mercedes+ 7.152
3C SAINZFerrari+ 7.585
4L NORRISMcLaren Mercedes+ 8.650
5G RUSSELLMercedes+ 13.309
6M VERSTAPPENRed Bull Honda+ 13.853
7L HAMILTONMercedes+ 14.908
8Y TSUNODARB Honda+ 1 volta
9A ALBONWilliams Mercedes+ 1 volta
10P GASLYAlpine+ 1 volta
11F ALONSOAston Martin Mercedes+ 2 voltas
12D RICCIARDORB Honda+ 2 voltas
13V BOTTASSauber Ferrari+ 2 voltas
14L STROLLAston Martin Mercedes+ 2 voltas
15L SARGEANTWilliams Mercedes+ 2 voltas
16G ZHOUSauber Ferrari+ 2 voltas
17E OCONAlpineAbandonou
18N HÜLKENBERGHaas FerrariAbandonou
19S PÉREZRed Bull HondaAbandonou
20K MAGNUSSENHaas FerrariAbandonou
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