Chefes da F1 criticam regulamento por confusão com pontos distribuídos no Japão
De acordo com Christian Horner, Mattia Binotto e Andreas Seidl, a Fórmula 1 cometeu um erro com o novo sistema de pontuação por corridas incompletas. Problema está na intenção pretendida com interpretação das regras
Imediatamente após todos os pilotos receberam a quadriculada no GP do Japão, a grande dúvida pairou no ar: com Charles Leclerc punido em 5s por cortar a chicane final se defendendo de Sergio Pérez, seria Max Verstappen campeão mundial? Ninguém tinha uma resposta clara. Presumia-se que, pela corrida em Suzuka ter sido reduzida devido à forte chuva na região — só 52% da distância total foi percorrida —, que os pontos seriam distribuídos de acordo com a porcentagem total da prova.
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Como prevê o regulamento da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), alterado após o ocorrido em Spa-Francorchamps na F1 2021, 19 pontos seriam atribuídos ao vencedor em corridas que não chegam aos 75% — caso do GP do Japão. Em provas que não alcançam 50%, 13 pontos. Caso fique abaixo dos 25%, mas acima de duas voltas em bandeira verde, 6 pontos.
Mas há um porém na regra, que não foi explicado de maneira clara a jornalistas, fãs, equipes e pilotos, inclusive. Mais precisamente, no artigo 57 do regulamento esportivo da F1. Nele, a FIA esclareceu: os pontos reduzidos só se aplicam quando uma corrida é encerrada por uma bandeira vermelha. Caso contrário, independentemente se a prova foi suspensa em algum momento ou não, os pontos completos são concedidos.
Porém, enquanto a posição da entidade que regula o esporte ficou clara após o GP do Japão, várias equipes admitiram que a interpretação atual do regulamento não era a pretendida — e foi justamente isso que gerou toda a confusão.
“Penso que foi um erro. Foi um erro isso não ter sido incluído [no regulamento] após os problemas com Spa no ano passado. Nós estávamos com forte impressão de que somente com 75% ou mais da corrida completa, que os pontos cheios seriam atribuídos. Então, fortemente sentimos de que faltava um ponto”, afirmou Christian Horner, chefe da Red Bull, sobre a escrita exata no livro de regras da Fórmula 1. “Mas, no fim, o ataque de ‘Checo’ em Charles deu o título ao Max. Então você pôde ver a surpresa nele, a surpresa em todo o time. Mas que maravilhosa surpresa”, completou.
“Nós estávamos confusos, e pensamos que não teríamos pontos completos. Então, inicialmente — pelos nossos cálculos —, Verstappen não seria campeão mundial. No fim, um esclarecimento foi feito — e nós achamos razoável, aceitamos isso. É o que é. Ele é campeão mundial, está claro”, opinou Mattia Binotto, chefe de equipe da Ferrari.
“No fim, como os pontos foram atribuídos hoje não representam a maneira com a qual tínhamos a situação em mente. Não era essa a intenção da FIA e dos times. Parece que todos nós ignoramos essa brecha e, portanto, somos todos responsáveis por isso. Isso significa que devemos tentar fazer um trabalho melhor juntos da próxima vez”, disparou Andreas Seidl, representante da McLaren.
Após toda a confusão em Suzuka, que resultou em comemoração anticlimática para o título de Max Verstappen, Horner e Binotto ficaram com poucas dúvidas de que as equipes, agora, irão falar com o órgão regulador para revisar a regra para o futuro.
“Com certeza, sim”, simplificou o chefe taurino após o GP do Japão.
“Preciso checar novamente com os funcionários: qual era o entendimento claro [da regra], qual foi a conclusão e como ela foi escrita e interpretada, comparada à intenção. É um detalhe, mas é algo que precisamos esclarecer para o futuro. Mas não estou muito preocupado ou decepcionado com tudo isso. Aceito a maneira com a qual a FIA interpretou isso — e nós vamos revisar, discutir. Mas não vou dar nenhuma conclusão final hoje sobre o que aconteceu”, finalizou Binotto.
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