Ricciardo enterra melancolia e faz caça ao tesouro digna do fantasma Simão na Red Bull

Daniel Ricciardo está de volta! Após ser largado às margens do grid e com poucas perspectivas há apenas alguns meses, agora recebe a chance na AlphaTauri e já mira vaga na Red Bull

Quem viu o final melancólico de Daniel Ricciardo na McLaren e sem perspectivas de ingressar em outro assento que julgava do tamanho de sua carreira, jamais imaginaria que, apenas alguns meses depois, o destino seria retornar ao time que defendeu uma década atrás. Ricciardo retorna para as últimas 12 corridas no ano na AlphaTauri, mas com cheiro e aparência de coletivo a pronto para algo mais.

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“É impressionante ver que Daniel não perdeu nada de sua qualidade desde que deixou as corridas. Os passos que deu no simulador agora se traduzem na pista”, disse Christian Horner, chefe da Red Bull, ao ver o rendimento do australiano com o RB19 nos testes de pneus de Silverstone.

“Seus tempos durante os testes foram extremamente competitivos. Foi uma pilotagem muito impressionante, e estamos ansiosos para ver o que guarda o resto da temporada com Daniel cedido à AlphaTauri”, finalizou.

É importante extrair daí a parte do “cedido à AlphaTauri”. Por que reforçar que um piloto reserva teve seus serviços entregues a outra equipe do mesmo grupo por um período definido de tempo? E para onde é que Ricciardo vai voltar, para a reserva? Não, porque até ele próprio já deixou claro que o posto de reserva é uma coisa de um ano apenas.

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Daniel Ricciardo volta ao grid (Foto: Red Bull Content Pool)

Assim, fica claro o que era esperado desde que foi confirmado como reserva na Red Bull, no começo do ano: Ricciardo sempre foi uma enorme assombração para todos os pilotos da companhia não chamados Max Verstappen, e arrastava correntes pelos corredores da fábrica energética assustando os de rendimento incerto como aparição.

O primeiro derrubado pelo peso do espectro foi Nyck de Vries, que sempre pareceu em grave estado de não-pertencer àquele ecossistema energético. E, assim, mira no errático e cada vez mais vacilante Sergio Pérez como alvo. Tão qual o fantasma Simão, maltratado por Didi Mocó e pelas crianças de ‘Simão, o Fantasma Trapalhão’, não pede muito e tem apenas um objetivo para a hora: que alguém encontre o tesouro perdido no castelo onde sua alma está aprisionada. Neste caso, a vaga na Red Bull é o tesouro.

O mais impressionante é que parece mais fácil Ricciardo convencer Christian Horner e Helmut Marko do que foi para Simão ganhar a amizade de Didi, que insistia no apelo da alcunha ‘Simão, o fantasma bundão’ para se referir à sofrida quimera. Para ganhar a vaga, ao que tudo indica, precisa apenas não guiar como o fantasma bundão.

Há, aí, uma outra questão sobre a escolha por Ricciardo. Visto que Daniel foi tão mal nos dois anos de McLaren, apesar da vitória no GP da Itália de 2021, por quê? Faz sentido escolher alguém que vem de experiência tão aterradora?

É justo questionar se a Red Bull está fazendo pouco caso da absoluta desgraça que foi a passagem pela McLaren. Claro, é necessário que se questione. Mas também é verdade é não é possível viver apenas com memória seletiva apontando apenas para os últimos dois anos. Aos 34, Daniel tem tempo pela frente e nada indica que haja qualquer perda física ou mental causada pelo temido Senhor Tempo.

Ricciardo levou a Renault ao pódio pela primeira vez desde o retorno à F1 como equipe de fábrica (Foto: Renault)

E antes? Tirando a vida na McLaren, dá para negar que Ricciardo voou nos dois anos anteriores, sobretudo 2020, pela Renault? Naquela ocasião, foi um dos melhores pilotos da temporada e havia até a discussão sobre se conseguiria disputar o título mundial caso estivesse na Mercedes, no mesmo carro de Lewis Hamilton. E talvez tudo isso possa parecer absurdo agora, com a história contada de trás para frente, mas não era tão absurdo assim, ao menos como tópico de debate, há três anos.

Isso ainda sem entrar no histórico pela própria Red Bull. Dos cinco anos em que lá esteve, venceu ao menos uma corrida em quatro – 2015 foi o único ano em que não conseguiu, mas a equipe estava longe da briga. No auge do domínio da Mercedes, foi o melhor do resto nos campeonatos de 2014 e 2016 e somou oito vitórias e três poles.

Superou Sebastian Vettel em 2014, quando o alemão vinha de quatro títulos consecutivos, e foi o único companheiro de equipe a fazer frente a Verstappen na carreira. Aliás, marcou mais pontos que o futuro tricampeão mundial em duas das três temporadas em que foram companheiros de equipe. Sim, é verdade, era um muito jovem e ainda inconstante Verstappen, longe do piloto pronto de hoje, mas o registro ainda é digno porque o talento já pulsava.

Portanto, é fundamental que se olhe para o movimento da Red Bull sem esquecer o passado próximo, mas também sem deixar que o panorama de toda uma trajetória seja totalmente borrado pelos dois últimos anos. Ou alguém no planeta Terra acredita que Ricciardo não é um piloto mais talentoso que Pérez? Claro que é. E o Ricciardo da Red Bull e da Renault, aquele de mais de 30 pódios na F1, ainda existe em algum lugar do sujeito que, mesmo com a porta aberta para se tornar uma personalidade televisiva, descobriu que era mesmo apaixonado por guiar carros de corrida.

URGENTE! DE VRIES é DEMITIDO e RICCIARDO entra na ALPHATAURI | Briefing
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