Fórmula 1 confirma direitos de transmissão à Rio Motorsports, que deu calote na MotoGP

Em acordo com o Liberty Media, a empresa que almeja construir o autódromo de Deodoro e levar o GP do Brasil de volta para o Rio de Janeiro firmou vínculo de longa duração com a Fórmula 1

A Fórmula 1 vai ter uma nova detentora dos direitos de transmissão no Brasil a partir de 2021. A Rio Motorsports, empresa que almeja levar a etapa brasileira do Mundial de volta ao Rio de Janeiro, fechou com a gestão do Liberty Media um contrato de cinco anos de duração. O acerto engloba a transmissão em canais abertos, por assinatura e também via streaming, além do lançamento da F1TV Pro, serviço ondemand da Fórmula 1, antes do início da próxima temporada. A informação foi confirmada na tarde deste sábado (26) pelo Liberty Media ao Diário Motorsport, parceiro do GRANDE PRÊMIO.  

A negociação, no entanto, tem uma particularidade: a Rio Motorsports tem de dar garantias financeiras em um prazo de 45 dias, soube o GP. Na prática, pois, o acordo se trata inicialmente de uma carta de intenção. José Antonio Soares Pereira Jr, ou JR Pereira, é o proprietário da Rio Motorsports, que envolve a Rio Motorpark, o braço que considera o pretenso autódromo na área de Deodoro.

O caso se torna similar ao que aconteceu meses atrás no Cade. Ao sinalizar intenção de comprar a estrutura do FOX Sports, o conselho pediu que JR Pereira apresentasse garantias de que teria dinheiro para sacramentar o negócio. O empresário não o fez.

A Rio Motorsports sonha também em levar para frente a construção do autódromo do Rio de Janeiro — sem indicar a origem dos mais de R$ 800 milhões inicialmente previstos para a obra — na região da floresta do Camboatá, área de Mata Atlântica.

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Há detalhes que ainda não garantem, na prática, a concretização do acordo entre Fórmula 1 e a Rio Motorsports (Foto: Mercedes)

“Esse é o primeiro passo de uma parceria de longo prazo com a Fórmula 1. Estamos comprometidos em aumentar a base de fãs no Brasil e em oferecer uma nova experiência de transmissão para os brasileiros que amam o esporte há mais de 40 anos”, afirmou JR Pereira, diretor-executivo da Rio Motorsports, em nota.

Também no comunicado, Ian Holmes, diretor de direitos de transmissão da Formula 1, completou: “Estamos ansiosos para trabalhar com a Rio Motorsports como a nova detentora exclusiva dos direitos de transmissão da Fórmula 1 no Brasil, oferecendo ampla cobertura da modalidade em todo país e alcançando milhares de fãs apaixonados e de longa data. Também é uma ótima notícia que, pela primeira vez, a F1 TV Pro estará disponível no Brasil, proporcionando aos nossos fãs acesso ainda maior à ação na pista”.

A decisão da Globo em renovar

O fato é que a transmissão da Fórmula 1 no Brasil segue sendo uma incógnita depois que a Globo, que exibia a principal categoria do automobilismo mundial desde a década de 1980, optou por não renovar o contrato com o Liberty Media. A partir de então, e em meio a um processo ímpar que vem movimentando as emissoras brasileiras a respeito de direitos televisivos de eventos esportivos, SBT, Band e até a Cultura entraram em contato com a empresa que detém os direitos comerciais da Fórmula 1, soube o GRANDE PRÊMIO.

A decisão do Grupo Globo, oficializada em 28 de agosto, foi justificada como “parte da revisão do seu portfólio de direitos”.

Segundo o portal Meio & Mensagem, a Globo já havia informado aos seus patrocinadores da atual temporada de que não vai seguir com a exibição do campeonato no ano que vem. Em 2020, a emissora do Rio de Janeiro vendeu apenas cinco de suas seis cotas de patrocínio. Ainda assim, segundo o preço de tabela, viu uma receita de R$ 494,75 milhões, o que seria suficiente para cobrir o preço do direito de transmissão da Fórmula 1 oferecido pelo Liberty Media.

O calote da Rio Motorsports

O acerto entre Liberty Media e a Fórmula 1 vem pouco menos de um mês depois de o GRANDE PRÊMIO noticiar o calote que a empresa, chefiada por JR Pereira, deu na Dorna, organização que promove e organiza a MotoGP, para os direitos de transmissão na televisão brasileira, repassados aos canais Fox Sports.

A exibição do Mundial de Motovelocidade ficou ameaçada por conta da falta de pagamento e só teve sequência depois de um acordo que envolveu a Dorna e o Grupo Disney, dono da Fox Sports e da ESPN no Brasil, por intermédio da ESPN da Argentina, com o pagamento da dívida contraída pela Rio Motorsports e com a assinatura direta de um acordo de seis anos, sem a participação da empresa chefiada por JR Pereira.

A Fórmula 1 no Rio de Janeiro

O processo de construção do autódromo na região militar é alvo de suspeitas pelo envolvimento da Rio Motorsports, de José Antonio Soares Pereira Júnior, que virou JR Pereira para evitar expor os problemas judiciais que enfrenta desde que uma de suas empresas, a Crown Processamento de Dados, acumulou dívidas superiores a R$ 25 milhões à União.

A Rio Motorsports, através do próprio JR Pereira e de uma das companhias vertentes da Crown, acabou participando da regulação do processo de licitação da obra, algo que qualquer ente público proíbe. Ainda, nunca houve comprovação, por parte da Rio Motorsports, da origem do dinheiro previsto para a construção.

A promessa da Rio Motorsports era tirar o GP do Brasil de Interlagos já a partir de 2021. A proposta ganhou apoio do presidente Jair Bolsonaro, que, em 24 de junho de 2019, disse que era “99% certo” que a corrida passaria a ser realizada no RJ. O projeto do novo autódromo de Deodoro segue parado.

Os últimos meses foram marcados por intensa batalha judicial envolvendo o licenciamento do autódromo. É que ainda em maio a juíza Neusa Regina Larsen de Alvarenga Leite, da 14ª Vara da Fazenda Pública, suspendeu a audiência pública para apresentação do EIA/RIMA [Relatório de Impacto do Meio Ambiente] referente à tentativa de construção da pista na região do Camboatá.

Meses e liminares depois, em meio a uma pandemia de coronavírus, a audiência pública aconteceu de forma virtual em agosto passado, durando quase 10 horas, avançando pela madrugada e tiveram tanto o Ministério Público Federal quanto o do RJ afirmando que o projeto é “ilegal” e prometendo longa batalha contra a obra.

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