Russell sofre com novo carro, não se adapta e some em briga com Hamilton

Depois de trabalho convincente no ano de estreia com a Mercedes, George Russell se perdeu na temporada 2023. O #63 não se adaptou ao novo conceito do W14 e tem sido superado por um Lewis Hamilton que já não vive mais a melhor fase na Fórmula 1

Depois de passar três anos na Williams se preparando para assumir um lugar na Mercedes, George Russell chegou nas garagens das Flechas de Prata em 2022 conquistando seu espaço após cravar uma pole-position na Hungria, vencer o GP de São Paulo e superar Lewis Hamilton no confronto direto no Mundial de Pilotos. O resultado convincente deu indícios de que o jovem britânico poderia se tornar o líder do time alemão quando o heptacampeão finalmente decidir se aposentar. No entanto, a atual temporada da Fórmula 1 tem contado uma história diferente. O dono do carro #63 tem sofrido mais para repetir as boas performances do passado e segue atrás do companheiro de equipe.

A consistência, que foi um dos pontos altos de Russell ao longo de 2022, é algo que já não aparece em 2023. Nas primeiras corridas do ano até foi bem: levou o problemático W14 onde dava no Bahrein, conseguiu um bom quarto lugar no GP da Arábia Saudita, teria brigado por pódio na Austrália, não fosse o problema de confiabilidade do motor Mercedes, mas voltou a repetir o quarto posto em Miami. Porém, a partir de Mônaco, as coisas começaram a ficar um pouco mais difíceis.

Em 2023, a Mercedes insistiu no fracassado projeto zeropod e pagou caro pela escolha. Por isso, se viu obrigada a mudar o conceito, se inspirou na concorrência e levou um pacote de atualizações robusto para a etapa no Principado. Os novos componentes até trouxeram mais desempenho para o carro, e Hamilton conseguiu se mostrar mais competitivo. Só que o mesmo não pode ser dito sobre George. 

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Russell acabou punido após uma trapalhada durante o GP de Mônaco (Foto: Reprodução/F1)

Embora nunca tenha confessado publicamente, o novo modelo parece não ter casado com seu estilo de pilotagem e, por isso, tem cometido erros crassos que lhe custaram muito. O primeiro aconteceu durante o próprio GP de Mônaco, quando escapou na curva 5, voltou de forma perigosa para a pista e foi atingido por Sergio Pérez. A manobra lhe rendeu 5s de punição e terminou o dia apenas em quinto. 

O outro vacilo foi aconteceu duas corridas depois, no GP do Canadá, quando escapou na curva 8, atingiu o muro e danificou o carro. A batida o forçou a voltar para os boxes para realizar os devidos reparos e jogou fora qualquer possibilidade de terminar no pódio. Quando retornou para a pista, até fez uma boa prova de recuperação, mas abandonou no giro 53. 

“Estou frustrado. Cometi um pequeno erro que teve grandes consequências. Eu até consegui fazer um bom trabalho de recuperação e escalar o pelotão, mas tive problemas nos freios por causa da minha batida”, lamentou, na época, o titular da Mercedes.

Desde então, o britânico de 25 anos teve como melhor resultado um quinto lugar no GP da Inglaterra e tem sido constantemente superado por um Lewis, que já não tem mais a mesma motivação de outrora, não é tão aguerrido nas disputas por posição e revelou não estar vivendo a melhor fase da carreira.

“Acho que ontem depois da classificação [na Hungria] parecia que eu estava de volta ao meu melhor. Mas na verdade não estou no auge há mais de um ano”, admitiu o heptacampeão.

Russell foi apenas 18º na classificação na Hungria, enquanto Hamilton foi o pole (Foto: Mercedes)

Hamilton continua sendo gigante independente da fase em que se encontra e não é demérito algum perder para o recorditas de poles e vitórias na F1. Por isso, Russell não tem, necessariamente, a obrigação de superar o companheiro. No entanto, caso queira se tornar a prioridade da Mercedes no futuro, é imperativo andar ao menos próximo do #44. Com 99 pontos, George tem 49 tentos de desvantagem para o compatriota (148). E só superou o colega inglês apenas nos GPs da Arábia Saudita, Miami e Áustria.

Russell também tem sofrido durante as sessões de classificação, o que explica, em partes, a dificuldade em conseguir somar bons pontos durante as corridas. O #63 ficou de fora do Q3 em quatro oportunidades — três delas depois de a Mercedes atualizar o carro. E por mais que o ritmo em volta lançada não seja o forte do W14, é preciso considerar que Williams, AlphaTauri, Haas, Alfa Romeo e até mesmo Alpine têm um desempenho consideravelmente pior. Por isso, ao fazer o mínimo, se espera que a vaga no Q3 seja garantida. Mas isso não acontece.

Em diferentes proporções é possível dizer que o caso de Russell na Mercedes se assemelha com o de Sergio Pérez na Red Bull. É claro que a paciência com o britânico tem de ser maior, uma vez que ele tem em mãos um carro difícil de lidar e que por vezes nem a própria equipe é capaz de entendê-lo. No entanto, é necessário reconhecer que não dá para viver de classificações ruins e corridas de recuperação semana após semana. Russell é ótimo piloto, mas o trabalho em 2023 tem, sim, deixado a desejar.

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