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Fórmula 1

Opinião GP: No fim do ‘agosto louco’, F1 entrega produto diferente do agito das férias: sem gosto

É bem verdade que a F1 acompanhou provas emocionantes, disputadas e dramáticas em 2018, muito em função do inesperado. Mas a temporada vem sendo de corridas um tanto previsíveis – e o GP da Bélgica seguiu essa regra. Então, o agitado período de férias e os bastidores da categoria vem gerando mais expectativa do que as ações de pista, e isso diz muito sobre o Mundial. E não é no bom sentido

 
QUANDO A F1 saiu de férias – há quase 30 dias –, o campeonato se via às voltas com corridas dramáticas, marcadas pela chuva e pelos erros de seus principais personagens em momentos decisivos. Toda a ação de pista estava em evidência, especialmente devido à boa história de disputa que Lewis Hamilton e Sebastian Vettel contam em 2018. Só que a temporada em si, na verdade, vem sendo afetada pelo acaso, e isso, muitas vezes, mascara a real competitividade da F1. Então, quando nada acontece, o Mundial retoma o roteiro de uma previsibilidade irritante. E foi o que houve neste domingo, no GP da Bélgica.
 
Com tempo firme e pista seca, já se podia saber o resultado antes mesmo do apagar das luzes, e Hamilton mesmo tratou de antecipar, antes da largada que, devido à força da Ferrari nas retas, sua vida seria bastante difícil neste domingo, como realmente foi. Largando da pole, o inglês não teve chance de se defender e foi engolido pelo rival assim que ambos deixaram a Eau Rouge. Daí para frente, houve apenas uma tentativa da Mercedes: quando chamou o britânico antes para os boxes. Nem isso deu certo. Hamilton voltou atrás e não pode ir para cima. No fim, ainda decidiu mudar o mapeamento do motor para poupar o conjunto. Vettel fez o que se esperava dele e venceu com facilidade.
 
É claro que o acidente na largada poderia ter mudado a história, como mudou, já que tirou de combate Kimi Räikkönen e Daniel Ricciardo. Mas nem eles seriam capazes de alterar a briga lá na frente. Max Verstappen, sempre espetacular, até levantou a torcida, mas foram duas ultrapassagens relativamente fáceis e esperadas, dadas as circunstâncias. Sendo assim, viveu uma corrida solitária, terminando a etapa belga com mais de 1min de desvantagem para o vencedor. 
Lewis Hamilton na pole: de emoção em Spa, só o Q3 mesmo (Foto: Mercedes)

O cenário também acabou sendo o mesmo no pelotão intermediário, que não viu nenhuma grande luta – ainda que pese a prova de recuperação de Valtteri Bottas. Mesmo assim, a nova Force India seguiu liderando, tendo a Haas atrás, Toro Rosso e Sauber. 

 
Então, o melhor da F1 na incrível Spa-Francorchamps acabou sendo o Q3 da classificação. A chuva (o inesperado) que chegou no fim da sessão decisiva e permitiu uma atuação de gala de Hamilton e colocou um igualmente brilhante Esteban Ocon no terceiro lugar. 
 
Quer dizer, não é nenhum absurdo dizer que o GP da Bélgica frustrou, especialmente diante de toda a expectativa criada durante o ‘agosto louco’ da F1. A realidade é que a pausa das férias foi infinitamente mais animada do que a corrida. A decisão de Daniel Ricciardo acabou desencadeando um efeito dominó que ainda não terminou. Teve o anúncio bomba de Fernando Alonso, a confirmação de Carlos Sainz na McLaren e a promoção de Pierre Gasly na Red Bull. Como se não bastasse, quando o campeonato desembarcou em Spa, o imbróglio envolvendo a polêmica venda da Force India – que foi adquirida por um grupo liderado por Lawrence Stroll, pai de Lance – se revelou ainda mais interessante, já que apresentou uma nova equipe ao grid em meio a disputas políticas/financeiras. 
 
Agora, ainda há todo um interesse com relação ao destino deste novo time, que deve balançar também os cockpits. Entende-se que Lance Stroll deixe a Williams já nas próximas etapas para assumir um dos carros rosa, provavelmente o de Ocon, que pode seguir para a McLaren. Na equipe de Grove, Robert Kubica, então, terá a chance de finalmente fazer o retorno à F1. 
Sebastian Vettel foi brilhante, mas o resultado em Spa era previsível (Foto: Ferrari)
Ou seja, neste momento, a atenção está mais nos bastidores do que na disputa do campeonato em si, ainda que a briga entre os dois tetracampeões esteja aberta e acirrada. Mas há de se acender uma luz de alerta, porque se o interesse está mais fora do que dentro da pista, então algo está muito errado. E apesar de sempre sensacional, Spa não conseguiu entregar um bom produto. E nem é culpa sua. A F1 recomeça sem gosto.

O Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana.