Opinião GP: Red Bull pega Ferrari de novo e reitera força até em Mônaco desfavorável

A Red Bull torcia pelo caos em Mônaco porque sabia da superioridade técnica da Ferrari. Só que acabou que os próprios italianos entregaram o caos em um bate-cabeça imperdoável. O vacilo da equipe de Maranello abriu caminho para a quarta vitória dos taurinos, agora com um inspirado Sergio Pérez

Ao fim da classificação de sábado, a Red Bull reconheceu que a pole dificilmente deixaria as mãos de Charles Leclerc. A Ferrari impôs um ritmo fortíssimo e, desde os treinos livres, se apresentava como o carro a ser batido em Mônaco. A tração, o melhor gerenciamento de pneus e a velocidade confirmaram a performance superior. Então, quando os vermelhos asseguraram a primeira fila, os taurinos trataram apenas de ensaiar a dança da chuva e chamar o caos, o tumulto, na tentativa de lucrar em cima. Só não contavam com a ajuda da própria escuderia italiana.

Basicamente, a Ferrari só precisava fazer uma coisa: parar seus dois pilotos uma única vez, independentemente do que a Red Bull tramasse. Só que os italianos foram capazes de criar uma realidade tão absurda que culminou com mais uma derrota doída, que trouxe, além das óbvias preocupações, mais um elemento para a disputa do campeonato – afinal, Sergio Pérez, o vencedor em Mônaco, tem agora 110 pontos contra 116 do Leclerc, o vice, e 125 do líder Max Verstappen.

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Mas antes de chegar à decisão que tirou a chance de vitória de Leclerc, é preciso entender todos os fatos que cercaram a etapa monegasca, disputada neste domingo (29). Por causa da chuva que desabou sobre o Principado pouco antes da largada, a direção de prova obrigou a todos o uso do pneu para chuva pesada. Só aí já foi de grande ajuda, pois todos começaram a prova em igualdade. Ainda assim, os comissários decidiram esperar mais para liberar a corrida. Quase uma hora depois é que os carros foram à pista, ainda com os compostos azuis e atrás do carro de segurança. Portanto, foi um início tranquilo para os ferraristas.

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A escuderia manteve a liderança depois que o SC deixou a pista e começou a imprimir um ritmo forte, sobretudo com Leclerc. Mais atrás, Pierre Gasly foi aos boxes buscar os pneus intermediários e, apesar da posição ruim e do tráfego, o francês passou a encontrar performance e ultrapassagens. O desempenho do piloto da AlphaTauri foi acompanhando por outras equipes, claro. E muita gente também decidiu repetir a estratégia. Enquanto isso, o pit-wall de Ferrari e Red Bull apenas observava os tempos de volta do rapaz do carro #10.

Na frente, Leclerc seguia abrindo caminho. Até que, surpreendentemente, a Red Bull optou por chamar Pérez na volta 16 – um giro antes, Charles sustentava 5s de diferença para Sainz, que tinha 2s5 para o piloto do carro #11. O tempo do monegasco girava em torno de 1min32s0, contra 1min32s6 do espanhol e 1min32s8 do mexicano. Mais atrás, Pierre era o homem mais veloz do circuito.

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Tendo esse dado na planilha, os taurinos chamaram Sergio para a troca pelos intermediários. Imediatamente, a Ferrari perguntou a Sainz sobre a parada, numa tentativa de marcar o rival. Mas Carlos respondeu que não era a melhor opção, uma vez que eles estavam em um ritmo decente e que seria interessante esperar pelo momento de mudar diretamente para os pneus slicks. Havia uma previsão de que o asfalto secasse em até dez voltas. Mas foi antes disso – somente cinco.

Ele tinha razão também porque Leclerc virava já na casa de 1min31s4. Já Pérez andava em 1min32s1 – dois giros mais tarde, os tempos caíram vertiginosamente, a pista começava a secar. A Ferrari chegou a hesitar por um instante – enquanto Max também foi aos boxes na volta 18 –, mas decidiu mesmo fazer Charles seguir Sergio – o que se converteu no primeiro erro do dia. O piloto do carro #16 voltou atrás do #55 e do #11.

Mesmo sob a ameaça de Pérez, os italianos ainda poderiam esperar a pista secar mais e promover apenas uma parada, como queria Carlos. Não estava errado. Antecipar o pit-stop de Leclerc é que acabou por desencadear todos os problemas. Quando percebeu isso, já era tarde, porque precisou de uma segunda parada para o monegasco, que foi feita junto com o companheiro de equipe na volta 21, em um bate-cabeça histórico. Todo mundo perdeu tempo.

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A escolha ainda jogou o monegasco para o quarto posto, atrás de Verstappen, que também teve de ir aos boxes uma vez mais. Só que os taurinos esperavam um giro a mais, e isso praticamente definiu o triunfo de Pérez em um circuito de difícil ultrapassagem.

“Certamente, [estou] desapontado pelo resultado. Eu entendo completamente a decepção de Charles [Leclerc] também”, reconheceu o chefe Mattia Binotto. “Ele estava em primeiro e terminou em quarto, então alguma coisa estava errada com as decisões que tomamos. Claramente, precisamos revisar”, reclamou o italiano.

Charles Leclerc discute com Ferrari no rádio sobre pit-stop durante GP de Mônaco (Vídeo: F1/Reprodução)

“Acho que subestimamos o ritmo dos [pneus] intermediários em certo momento”, admitiu o chefe da Ferrari. “Talvez depois tenhamos percebido que deveríamos ter chamado Charles [para os boxes] uma volta antes, ou deixá-lo na pista para trocar direto dos pneus de chuva extrema para os slicks”, completou.

De fato, a derrota está na conta da Ferrari, desta vez. Não se pode desperdiçar oportunidades como essa, ainda mais tendo o desempenho tão superior – é a segunda vez em uma semana que os vermelhos perdem para si próprios. A parada dupla acabou sendo o menor dos problemas. É preciso também ouvir seus pilotos, considerar outras opções, arriscar. Até porque a prova mostrou bem como a Red Bull teria dificuldade para passar a rival, mesmo com pneus em cacarecos.

A Red Bull levou vantagem ao atrair a Ferrari para uma armadilha. Os taurinos não tinham o mesmo ritmo dos italianos, mas souberam usar o caos a seu favor. E assim estão construindo um campeonato.

Fórmula 1 volta em duas semanas, entre os dias 10-12 de junho, em Baku, com o GP do Azerbaijão.

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