Pérez vive fase de sonhos e tem de aproveitar cavalo selado que talvez nunca volte

É impossível prever para qual direção irá a temporada de Sergio Pérez, mas a chance de lutar para ser campeão se apresenta agora. Talvez para nunca mais

O EFEITO DOMINÓ DA VITÓRIA DE PÉREZ EM MÔNACO NA FÓRMULA 1 2022 | TT GP #55

O Campeonato Mundial de Fórmula 1 na temporada 2022, por enquanto, é apenas um fragmento. Foram sete das 22 corridas do calendário e, portanto, mais de 2/3 ainda vêm por aí. E é impossível prever ou imaginar com exatidão o que é que vai acontecer daqui para frente, mas é dever de quem analisa captar a fotografia do momento. Essa imagem indica que Sergio Pérez sai do GP de Mônaco na briga pelo título da Fórmula 1. É uma possibilidade rara e que não promete reprise.

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Pérez está na F1 desde a temporada 2011 e passou por poucas e boas. Inesperada sensação na Sauber, fracasso meteórico na McLaren e força das equipes médias na Force India, sempre foi bom em aproveitar as oportunidades de pontos e pódios que se desenharam, mas demorou quase uma década até que a primeira chance de vencer, no fim de 2020. Assim, quase que por força do destino, tropeçou na chance de uma equipe grande em momento de alta.

Se tem alguém na Fórmula 1 que aprendeu a dar valor às oportunidades que aparecem e com elas demoram e talvez não voltem, é Pérez. Assim, a temporada 2022 é um unicórnio e é certo que o piloto sabe. Desde o começo do ano, a Red Bull diz que o mexicano tem um feeling mais natural dos novos carros da categoria do que Max Verstappen. Claro que Verstappen se ajustou e venceu várias corridas, porque é um talento imensurável. É o melhor piloto da temporada até aqui e, não, essa análise não vai tentar convencer o leitor de que, de alguma maneira, Pérez é ou jamais será tão bom quanto seu companheiro.

Sergio Pérez venceu em Mônaco e agora está somente 15 pontos atrás de Max Verstappen (Foto: Sébastien Bozon/AFP)

A questão aqui é outra, bem diferente. Depois das cinco primeiro corridas do campeonato, a F1 chegou à perna europeia e as grandes atualizações que ela carrega. Ninguém fez mais pontos que Checo nessas duas corridas, após o segundo lugar na Espanha e a vitória em Mônaco. Sim, com dois azares enormes de Charles Leclerc, mas essa é outra questão. Até que se prove o contrário, a Red Bull é a força a ser batida em 2022, mesmo em relação à Ferrari.

Com isso em mente, Pérez foi superior até tecnicamente a Verstappen nas duas últimas corridas – duas que dirão mais ao campeonato que as cinco iniciais. Verstappen venceu em Barcelona sem ter de duelar pela liderança graças a uma ordem da Red Bull. Sim, a vitória de Pérez não era garantida, porque o holandês tinha pneus mais novos e viria ao ataque, mas fomos todos privados deste primeiro duelo entre os dois. O nível de ambos foi parecido. Depois, em Mônaco, Checo sobrou ao longo de todo o fim de semana.

São apenas 15 pontos de diferença entre Verstappen e Pérez, primeiro e terceiro colocados no Mundial de Construtores – com Leclerc ali no meio, nove atrás do holandês e seis na frente do mexicano. Se meses atrás, Pérez disse que era um “desrespeito com a própria carreira” aceitar ser feito de segundo piloto, agora tem a oportunidade de carimbar.

“Eu não poderia estar na Fórmula 1 só por estar, e ser o segundo piloto seria algo desrespeitoso com a minha carreira”, disse Pérez em entrevista à Fox Sports do México. “Estou na F1 porque eu sei que posso vencer e ser campeão. Não preciso provar nada, preciso provar para mim mesmo. Eu não quero vencer corridas, meu foco é vencer o campeonato”, salientou.

“Se eles [Red Bull] pedissem para deixar Max [Verstappen] vencer a corrida quando eu poderia ganhar o campeonato, nós teríamos problemas. Mas eu não vejo isso acontecendo agora. A equipe tem sido aberta em nos dizer que querem os dois andando à frente. Nada seria melhor do que disputar o campeonato com Max, porque isso significaria que a Red Bull detém o poder”, explicou.

Sergio Pérez à frente de Max Verstappen em Mônaco (Foto: Red Bull Content Pool)

Pérez tem a capacidade real de manter aceso um desafio ao título por tempo o bastante para evitar se escanteado para a Red Bull. Como no ano passado, quando Verstappen e Lewis Hamilton dispararam, Checo nunca teve problema algum em defender o companheiro em situações circunstanciais e certamente não terá em novas oportunidades, mas é algo que não deseja viver para fazer, é claro. Barcelona acendeu uma luz amarela: a Red Bull tem a justificativa da estratégia de pneus, mas todo mundo entendeu o que aconteceu ali.

Portanto, a resposta imediata de Pérez é fundamental, bem como o restante da primeira parte do campeonato. Chegar ao recesso de verão como parte ativa da briga é necessário para ser levado mesmo a sério como player agora e para o futuro.

“Ele está no campeonato tanto quanto Max”, garantiu o chefe da Red Bull, Christian Horner. “A diferença entre os dois é de 15 pontos ou mais, e isso não é nada. Há um longo caminho a percorrer neste campeonato e podemos ver que o carro da Ferrari é muito rápido”, completou.

Por enquanto, Pérez não será negado. A Red Bull não teria como justificar o fato de desfavorecer o mexicano e nem sequer imagino que seja do interesse da equipe escantear o piloto com quem acaba de renovar o contrato por mais duas temporadas. Pérez deixou de ser tapa-buraco: agora é ativo importante que deve ser tratado como tal.

Sergio Pérez dedicou sua primeira vitória em Mônaco a seu país natal, o México (Foto: Red Bull Content Pool)

Por isso, é necessário concluir o crescimento progressivo que vem tendo desde o segundo semestre do ano passado, quando passou a se entender com a Red Bull. Após 1/3 de Fórmula 1 e com tudo que já aconteceu, com novos carros – com o qual se entendeu muito bem – e enquanto sua equipe tem o melhor equipamento possível, vê as circunstâncias se alinharem de maneira estranhamente favorável.

Quantos pilotos lutaram de fato pelo título desde o começo da Era Híbrida, em 2014? São oito temporadas, período considerável. Hamilton e Nico Rosberg, é possível dizer que Sebastian Vettel e, aí, Verstappen. A resposta é essa: quatro. Briga de verdade, desafio até o fim. Nenhum outro se aproximou disso até 2021. Pérez recebe uma chance que demorou 12 anos para aparecer e, sejamos sinceros, talvez não apareça nunca mais. Esperar que as estrelas se alinhem e Pérez acompanhe Verstappen de perto por tanto tempo em outro ano é ser otimista. Pode ser que aconteça, mas facilmente dá para imaginar que esses astros todos jamais se alinharão novamente.

É agora ou nunca. O cavalo está passando selado, e Pérez precisa aprender a montar. Desafiar o companheiro e a Ferrari pelo título seria o feito da carreira – mesmo que no fim acabe levando a pior.

PÉREZ AUMENTA HISTÓRIA DE CINDERELA COM VITÓRIA EM MÔNACO NA FÓRMULA 1 2022
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