Drugovich dispara na ponta, mas título da F2 parece ser etapa mais fácil do caminho até F1

Felipe Drugovich vem chamando muita atenção com o ótimo retrospecto nas últimas três rodadas duplas da temporada 2022 da F2, mas o caminho até a Fórmula 1 possui etapas que não dependem só do talento do brasileiro

FÓRMULA 1 2022: PÉREZ TRIUNFA EM BOBEIRA DA FERRARI EM MÔNACO | Paddock GP #289

É inegável: todos os olhos estão voltados para Felipe Drugovich após vencer quatro das últimas sete corridas disputadas na temporada 2022 da F2 — a corrida 2 na Arábia Saudita, as provas da rodada dupla em Barcelona e a corrida principal em Mônaco, esta depois de largar na pole-position. Nas anteriores, terminou fora dos pontos apenas na sprint race em Monte Carlo após uma sucessão de problemas, que foram desde um furo de pneu ainda na largada a uma punição por excesso de velocidade nos boxes. Não fosse isso, a diferença para o segundo colocado, Théo Pourchaire, seria ainda maior que os já consideráveis 32 pontos após dez corridas concluídas.

É um desempenho que já rendeu feitos notáveis para a carreira de Drugovich, como a vitória dupla em Barcelona, algo que não acontecia na F2 desde 2016, quando Antonio Giovinazzi varreu o fim de semana em Baku naquele ano. E a julgar pelo ritmo que o brasileiro vem mostrando nas corridas, não se trata de algo circunstancial. Drugovich é, no momento, o homem a ser batido.

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Felipe Drugovich venceu a corrida 2 em Mônaco (Foto: F2)

Em termos de desempenho, não há o que questionar. Depois de uma estreia promissora na F2 em 2020, Drugovich teve uma temporada de altos e baixos com a Uni-Virtuosi em 2021. O brasileiro então voltou para a MP e tem sido peça fundamental no progresso da equipe nesta temporada.

Nas corridas vistas até aqui, Drugovich é bastante combativo, sempre brigando por posições e raramente se envolvendo em toques ou acidentes. Tem se mostrado também um piloto que comete poucos erros, algo fundamental num campeonato que tende a ser tão equilibrado como a F2.

Agora, é claro que o alvo de todos que estão nas categorias de base, sobretudo naquela que é considerada o último degrau antes da Fórmula 1, é ser promovido à elite do automobilismo mundial. Mas o caminho é mais árduo do que aprece. É até irônico dizer que vencer a F2 seja o mais fácil, mas seria a parte que depende muito mais do talento de Drugovich — que ele já tem provado a cada rodada que possui — em conjunto com o trabalho da equipe MP.

A outra parte considerável para subir à F1 é patrocínio, e isso é um velho e bem conhecido problema de muitos brasileiros que estão no exterior em busca de um lugar ao sol. Drugovich sabe que precisa de apoio financeiro para dar mais um passo em direção a esse sonho, e isso acaba se tornando uma corrida contra o tempo.

Drugovich em ação no Circuito de Barcelona-Catalunha (Foto: Dutch Photo Agency)

Mas há também mais uma questão importante a se considerar para 2023: as vagas disponíveis. Até o momento, apenas as quatro principais equipes — Ferrari, Red Bull, Mercedes e McLaren — já têm pilotos com contratos assinados até o próximo ano. Em todas as outras, há ao menos uma vaga, o que seria bastante animador, é verdade. Porém a julgar pelas especulações, restariam poucas opções ao brasileiro.

Vejamos, por exemplo, a Alpine. Esteban Ocon está garantido até o final de 2024. A outra vaga deve ficar com Oscar Piastri (campeão da F2 no ano passado e piloto reserva) por mais que a equipe francesa tenha um Fernando Alonso ainda com sede de vitórias.

O bicampeão, por sua vez, já teve seu nome ligado à Aston Martin, que também parece estar de olho em Mick Schumacher, caso Sebastian Vettel vá mesmo se aposentar ao final do ano. E vale lembrar que Lance Stroll é filho do magnata canadense dono da equipe, Lawrence Stroll.

Na Alfa Romeo, Guanyu Zhou é estreante, mas é provável que fique por pelo menos mais um ano. Restam ainda AlphaTauri e Williams, cujos pilotos têm contratos até o fim de 2022. Pierre Gasly é um que está merecendo há tempos uma vaga numa equipe melhor, só que, a não ser que a McLaren decida rescindir com Daniel Ricciardo para abrir essa vaga, deve penar mais um ano com os italianos. E Yuki Tsunoda, depois de uma estreia muito irregular, até que está indo bem — em algumas corridas, andando até na frente de Gasly.

Na Williams, a vaga ameaçada é a de Nicholas Latifi, e um dos possíveis candidatos seria Piastri, emprestado pela Alpine numa jogada que garantiria ao australiano a possibilidade de não ficar parado mais um ano, como ainda daria a chance a Alonso de permanecer com a base em Enstone por mais um ano. Especulações, apenas.

E a Haas? Depois da perda do patrocínio da russa Uralkali (e os prejuízos com os acidentes de Schumacher), tudo o que o time americano mais precisa é de um bom investidor. Ali, só o talento não irá contar.

Drugovich já venceu quatro corridas na F2 em 2022 (Foto: Dutch Photo Agency)

Como se pode ver, até mesmo os pilotos que já estão na F1 não têm suas permanências 100% garantidas para 2023. Há ainda os candidatos que estão nas academias das equipes, os reservas, e esse é um caminho que seria fundamental para Drugovich chegar ainda mais perto da principal categoria do automobilismo.

Mas, novamente, não é fácil, só ver o exemplo de Nyck de Vries. O holandês já foi integrante da Academia de Pilotos da McLaren, venceu o campeonato de 2019 da F2, mas não conseguiu subir para a F1. A segunda opção foi a crescente Fórmula E, onde De Vries foi campeão no ano passado, e foi isso que o trouxe de volta ao sonho de estar na principal categoria do automobilismo – como afiliado à Mercedes. Ele andou com a Williams no treino livre em Barcelona e foi muito elogiado pelo time de Grove.

O mais importante para Drugovich é dar um passo de cada vez. Faltam nove rodadas até a decisão do título, muita coisa pode acontecer. O principal ele já está fazendo: brigar pelo título da F2 este ano, com performances boas o suficiente para o colocarem no radar. A busca por patrocínio também segue, como já dito pelo piloto em várias oportunidades. E o que virá depois, por mais clichê que seja, só o tempo dirá.

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