Guia Fórmula E 2024: Jaguar enfim é favorita e tem chance de ouro para superar ‘quases’

Com a melhor dupla de pilotos e o motor #1 da categoria, a Jaguar entra em 2024 como a maior favorita a finalmente sair do quase e conquistar os canecos

Não há na Fórmula E outra equipe que tenha se aproximado da glória tantas vezes seguidas sem que tenha conquistado algum título. Nos últimos três anos apenas, a Jaguar foi duas vezes vice-campeã de Equipes em 2021 e 2023 e de Pilotos em 2022, com Mitch Evans, que terminou o ano passado no terceiro posto. Mas não houve outro momento em que o time felino tenha entrado na temporada, qualquer que fosse, com tamanho ar de favorito. É a chance de ouro de sair dos ‘quases’ que marcaram as campanhas recentes.

A Jaguar pegou o bonde andando na Fórmula E e ingressou no grid somente na terceira temporada da categoria, mas logo se envolveu mais do que as concorrentes. Até chegou a criar uma categoria-satélite, o eTrophy, hoje já defunta. O mergulho de cabeça levou à primeira vitória dois anos depois, no eP de Roma de 2019. Desde então, a Jaguar não passou um ano sequer sem vitórias: ganhou uma em 2020, duas em 2021 e quatro em 2022 e 2023.

Foi até adiante das vitórias iniciais quando juntou Evans, o piloto principal desde a entrada, em 2016, a Sam Bird, homem que havia vencido ao menos uma vez em todas as temporadas da Fórmula E até então. O movimento aconteceu em 2021 e, verdade seja dita, Bird venceu as únicas duas corridas da Jaguar na temporada, embora tenha terminado com menos pontos que Evans, dono de cinco pódios. De lá em diante, porém, a passagem de Sam degringolou.

Bird chegou para ajudar a entregar o último passo e até é verdade que, com ele, a Jaguar chegou mais perto do caneco. Fez mais que os companheiros anteriores de Evans na Jaguar, uma lista que comporta os nomes da Adam Carroll, Nelsinho Piquet, Alex Lynn, James Calado e, por uma etapa, Tom Blomqvist. Mas é inegável que Bird também pegou os melhores carros da Jaguar na categoria e que, apesar dos pesares, fez 2022 e 2023 altamente decepcionantes.

Em Jacarta, Bird bateu de novo em Evans e prejudicou seriamente as chances de título (Vídeo: Reprodução/FórmulaE)

Na temporada passada, porém, foi com requintes de crueldade: Bird bateu em Evans duas vezes diferentes do campeonato, em Hyderabad e em Jacarta, e tirou pontos extremamente valiosos na briga pelo título.

Ainda mais valioso que isso, pensando na nova temporada, é o arco de crescimento. De saída, com a terceira geração de carros, motores e baterias apenas estreando, era evidente que a Porsche e sua cliente Andretti estavam bem à frente. Após o eP de Cidade do Cabo, quando o campeonato já contava com cinco das 16 corridas, a Porsche já marcara 126 pontos, enquanto a Envision, cliente da Jaguar, aparecia com 84 e a Jaguar de fábrica, 38. Somadas as duas, ainda ficavam atrás da Porsche.

Daquele momento em diante, as coisas mudaram amplamente. Ao fim das 11 corridas restantes, a Envision foi a campeã com 304 pontos contra 292 da Jaguar. A Porsche, com 242, ficou atrás até da própria cliente. Os números são claros, visto que a relação equipe oficial-cliente na era Gen3 faz com que ambos os times tenham, basicamente, o mesmo carro. A Jaguar de fábrica marcou mais pontos que todas as rivais do eP de São Paulo em diante, enquanto a superioridade do conjunto da Jaguar, dividido com a Envision, tornou-se evidente. Foram quatro vitórias de cada uma das duas nas 11 provas finais, enquanto Porsche, Andretti e Maserati comemoraram uma vez.

Como os trens de força estão com regulamentos congelados, não há mudança possível e o início de 2024 tem absolutamente tudo para emular o fim de 2023 até os mínimos detalhes. A Jaguar e sua cliente, Envision, são favoritas, portanto. Como as equipes oficiais contam com muito mais testes que as clientes ao longo do ano, é normal que o time de fábrica seja tido como em melhores condições.

Cassidy e Evans serão companheiros de equipe na Jaguar em 2024 (Foto: Fórmula E)

Há, porém, um fator que potencializa a vantagem da Jaguar. Após decepcionante passagem, Bird deixou a equipe e abriu caminho para um novo companheiro ao lado de Evans. O escolhido foi o vice-campeão Nick Cassidy, dono das quatro vitórias justamente da Envision em 2023. Sim, além de tudo a Jaguar desfalcou a cliente! Cassidy e Evans são ambos da Nova Zelândia e da mesma geração, com 29 anos para os dois, amigos desde a infância.

“Estou ansioso para ter Mitch [Evans] como meu parceiro”, disse. “Já nos conhecemos desde que somos crianças e corremos um contra o outro por anos. Fico orgulhoso de que estejamos correndo juntos e espero continuar a colocar a Nova Zelândia no mapa do esporte a motor”, falou Cassidy.

Não que a Envision tenha ficado com uma dupla ruim de pilotos. Sébastien Buemi permanece e tem o estofo de ter sido campeão da categoria no passado e ser o maior pole-position da história da Fórmula E, mas não acompanhou Cassidy em 2023. O outro será Robin Frijns, velho conhecido da Envision e que volta após um ano difícil na Abt Cupra.

Evans foi o piloto que mais venceu corridas em 2022 e manteve a toada em 2023, quando teve Cassidy junto dele no topo. Juntos, os dois venceram oito provas no ano que passou: metade do campeonato. Em 2024, estarão na mesma garagem, com o melhor motor do grid e com o carro que mais pontuou a partir do momento em que a temporada esquentou.

Mesmo assim, o tempo dos ‘quases’ ainda tem efeito na Jaguar. “A pré-temporada foi boa, tivemos alguns dias de testes. Tivemos Valência, em que lideramos todas as sessões. Então, as coisas estão se moldando bem, mas é claro, assim que chegarmos ao México, as coisas podem mudar”, declarou Evans ao site Motorsport Week.

“[O que falta para o título é] um pouco de sorte. Acho que o ano passado foi excepcional. Apenas algumas exceções nas primeiras corridas, através de punições técnicas, ou o acidente com Sam em Hyderabad. Tivemos ocasiões em que isso não ajudou. Mas acho que em termos de onde estamos, tanto a equipe quanto eu estamos operando em um bom nível. Só precisamos de um pouco de sorte”, concluiu.

A sorte nas pistas só será notada após o campeonato começar, mas o azar no mercado já se mostrou presente. Logo após inaugurar uma nova fábrica na Inglaterra, em Kidlington, a equipe perdeu o diretor-técnico Phil Charles, contratado pela DS Penske.

“Você sempre precisa ter em mente que as pessoas vão se mudar”, disse o chefe de equipe James Barclay ao portal inglês The Race. “Um dos lados ruins de fazer sucesso é que você passa a ser um alvo forte por parte de seus competidores”, lamentou.

Nick Cassidy foi o mais rápido do último dia de testes coletivos pela Jaguar (Foto: LAT/Fórmula E)

“Pelo nosso ponto de vista, temos um time bastante habilidoso que é uma grande parte de nosso sucesso”, elogiou Barclay. “Então, como sempre, você quer garantir que haja um plano de sucessão em prática”, comentou.

“Temos um time realmente ótimo que estava sendo orquestrado por Phil. Porém, muitas pessoas dessa equipe estão aqui. Isso nos permite expandir as funções de algumas pessoas e, se necessário, também podemos procurar alguém externamente”, completou.

Mesmo com as perdas, a verdade é uma só: a Jaguar chega ao novo ano como um favoritismo poucas vezes visto na Fórmula E. Não há mais qualquer razão para ficar longe do caneco. É hora de jogar para o alto a pecha de time que não consegue terminar o trabalho.

A temporada 2023/24 da Fórmula E está marcada para começar no dia 13 de janeiro, com o eP da Cidade do México, no Autódromo Hermanos Rodríguez. A categoria ainda passa por DiriyahSão PauloTóquioMisanoMônacoBerlimXangaiPortland e Londres. O GRANDE PRÊMIO é emissora oficial e transmite TODAS AS ATIVIDADES DE PISTA da temporada AO VIVO e COM IMAGENS.

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