Retrospectiva 2024: Wehrlein supera ‘próprio processo’ para confirmar título da Fórmula E
Após passar a temporada pontuando, mas sofrendo para conseguir pódios, em uma das etapas mais espetaculares da história da categoria, Pascal Wehrlein fez duas corridas impecáveis em Londres para garantir o título inédito da categoria
Na psicologia, superar o próprio processo é uma demanda bastante trabalhada e requer paciência, mas, acima de tudo, sabedoria para chegar ao objetivo final com sucesso. A terapia, sabemos, pode ser um espaço seguro para se expressar e encontrar soluções. Dentro do automobilismo, os cuidados com a saúde mental são trabalhado dentro das equipes há um tempo. Mas, aqui, serve apenas como analogia, já que Pascal Wehrlein precisou, sim, superar o ‘próprio processo’ para conquistar o título inédito da Fórmula E.
O alemão teve de buscar resiliência para ressurgir dentro da própria temporada e se superar nas pistas para faturar o inédito título mundial da categoria com a Porsche. E enfrentou a gigantesca pressão de guiar o bólido com o melhor trem de força do grid para buscar os resultados que ele e a montadora alemã precisavam para buscar a glória.
Wehrlein fez um campeonato de altos e baixos, mas sempre conseguiu pontuar para permanecer entre os primeiros na tabela de classificação, mesmo em uma categoria onde cada volta, sobretudo as últimas, conta quando os pilotos decidem gastar toda a bateria que pouparam durante os giros iniciais.
O primeiro desafio aconteceu no México, quando fez a pole-position — garantindo três pontos extras — e venceu a corrida. Dono de uma relação especial com a pista mexicana, o alemão emendou o terceiro pódio consecutivo no local com uma vitória dominante, e isso logo após conquistar a primeira pole em dois anos — justamente no mesmo lugar da última.
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Em Diriyah, problemas no ritmo de classificação do bólido da Porsche e um fim de semana abaixo, mas ainda assim na tabela de classificação, com um oitavo e sétimo lugares. “No geral, foi um fim de semana preocupante para nós. Quando o melhor Porsche termina apenas no 10º lugar, isso obviamente não é bom o suficiente e não atende às nossas expectativas”, disse o alemão. “Simplesmente não éramos rápidos o suficiente na classificação. Na corrida, o desempenho não foi ruim e consegui recuperar algum terreno. Mas definitivamente ainda temos muito trabalho a fazer”, alertou, à época, o piloto.
Em São Paulo e Tóquio, um quarto e quinto lugares para manter a esperança para o restante da temporada. A Porsche ainda apresentava irregularidades, sobretudo durante as batalhas da classificação.
A boa forma voltou no eP de Misano 2, com a segunda vitória do #94 na temporada. Na pista, a equipe alemã cruzou a linha de chegada em primeiro duas vezes durante o fim de semana, mas saiu zerada da primeira prova depois da confusa desclassificação de António Félix Da Costa, companheiro de Wehrlein no time. O alemão foi o responsável por diminuir o prejuízo e garantir o triunfo para se manter entre os primeiros do grid, solidificando o nome entre os postulantes ao título com um bólido poderoso e tocada extremamente competitiva.
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Mônaco e Berlim 1 e 2 serviram para Wehrlein se colocasse entre os ponteiros usando o regulamento a seu favor. Ainda que o piloto tenha tentado escalar o pelotão nas últimas voltas das corridas, terminou as etapas em quarto e quinto lugares, mas, assim como no México e São Paulo, cravou três pontos extras na prova monegasca e escalou a classificação aos poucos.
A China chegou e Wehrlein, ainda bem colocado, precisava de resultado convincente para continuar na briga. E veio logo na primeira corrida. De maneira amarga, sim, mas chegou. Isso porque o #94 foi superado por Mitch Evans na última volta e teve de se contentar com o segundo lugar.
Em prova movimentada do começo ao fim, o consumo de bateria foi, mais uma vez, definitivo para definir o vencedor. O neozelandês fez uma corrida com ritmo forte e brigou com os pilotos da Porsche desde o início. Na curva 1 da volta 29, ultrapassou Wehrlein por fora e resistiu à pressão com a bateria quase no fim para cruzar a linha de chegada em primeiro. Naquele momento, o campeonato ficava cada vez mais afunilado. E Porsche e Jaguar já duelavam pelo título entre si.
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Na segunda prova chinesa, pior para Wehrlein. Na volta 12, o pneu traseiro esquerdo do carro do piloto da Porsche foi tocado pela asa dianteira de Sam Bird, da McLaren, furou no meio da pista e fez com que precisasse ir para os boxes, caindo para a última posição. O incidente acabou com as chances do piloto pontuar no eP de Xangai 2, embaralhando ainda mais o campeonato naquele momento.
A etapa de Portland só serviu para dar mais força à Nick Cassidy e à Jaguar, ainda que Da Costa tenha vencido as duas etapas. Wehrlein ainda conseguiu um quarto na segunda corrida, mas tudo ficou para ser definido em Londres, com a última rodada dupla da Fórmula E 2023/24.
E quando a Porsche precisou, ele apareceu. Wehrlein fez uma corrida impecável em Londres ao ultrapassar Evans e Sébastien Buemi de uma vez, abrir vantagem e acionar o modo ataque duas vezes sem perder a liderança na primeira corrida londrina.
Na segunda prova, o #94 confirmou porque é um dos pilotos mais fortes do grid elétrico em um dos finais mais malucos da história da categoria. Pascal ficou entre os oito primeiros em 13 das 16 etapas do Mundial. Na última prova, mesmo perdendo para Oliver Rowland, da Nissan, o fim, todos sabemos: título inédito em cima da forte dupla da Jaguar e a glória para sempre.
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